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13 de Março de 2024

Os governos são títeres e até podem ser dispensados! 

Os resultados das eleições antecipadas de 10 de Março deixaram muito claro  o repúdio  do povo português às políticas que  conduziram as suas vidas a uma degradação crescente, que se traduz na inexistência dos direitos mais básicos, como a saúde, a habitação e mesmo, o não acesso a bens alimentares, obrigando a escolhas cada vez mais apertadas.

E esta é a realidade que os partidos que estiveram até hoje no poder criaram, pela qual são responsáveis.

A verdade é que após quatro meses de campanha eleitoral contínua, cheia de promessas que supostamente seriam a resposta  às  sucessivas crises dos governos nacional e regionais e que os próprios criaram, da devassa de milhões de euros em campanhas de propaganda  e manipulação, de autênticas feiras de ofertas, a instabilidade governativa vai continuar, com o anúncio antecipado de uma nova crise!

Nem o PS nem a AD venceram estas eleições (talvez o Costa seja efectivamente, o vencedor)! Ambos ficaram reféns das promessas que fizeram, sendo obrigados a estabelecer um pacto: eu não faço alianças e tu também não fazes, pensando que, para já, este contrato lhes salva a pele e a face. Neste contexto, as muletas do PS que se preparavam para, mais uma vez, se sentarem à mesa do orçamento, negociando com o PS, manietando os trabalhadores, ficaram sem o pouco chão que tinham e o mais que se verá.

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Opinião

Entrevista de Ludovina Gomes ao Jornal Diário Insular, de Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira

De Ludovina Gomes

ao Jornal Diário Insular, de Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira

 

Ludovina de Lurdes Correia da Silva Gomes, dona de casa, casada, de 63 anos de idade, mãe de uma filha, natural de Guadalupe, Santa Cruz da Graciosa, e residente na Praia da Vitória, na ilha Terceira, há sessenta anos, é a primeira candidata da lista do Partido pela Terceira, lista que ocupa o 1º lugar no boletim de voto.

 

Entrevista

 

1.      O PCTP/MRPP apresenta-se como uma força partidária fora do circuito dos grandes partidos. É uma vantagem ou uma desvantagem na captação de eleitores?

O nosso regime autonómico faz agora quarenta anos e só conheceu dois partidos: o PSD e o PS. O povo açoriano está largamente desiludido com a política de qualquer desses dois partidos. Com excepção de São Miguel, as restantes ilhas do arquipélago estão a perder população e a gerar cada vez menos riqueza. É uma vantagem para todo o povo dos Açores votar num partido como o Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses, o PCTP/MRPP. Somos o único partido que define novos rumos para a autonomia e apresenta um programa político e económico para o desenvolvimento da Região e de cada ilha dos Açores pelas quais nos apresentamos, com oito listas de candidatos.

E damos uma especial importância aos direitos das mulheres, dos jovens, dos operários, dos pescadores, dos trabalhadores rurais, dos empregados do turismo, do comércio e da função pública, dos desempregados e dos idosos.

 

2.      Uma das grandes prioridades do partido tem sido a luta pelos direitos dos trabalhadores. Como avalia esta área na Região?

Os Açores vivem às costas dos trabalhadores, mas os trabalhadores açorianos não têm direitos. Isto não pode continuar assim. Os governos do PSD e do PS só se preocupam em encher os bolsos aos ricos e desprezam os trabalhadores e os pobres

Veja as operárias das conservas de peixe. Há cinco fábricas nos Açores, incluindo a Pescatum na Terceira. Quando estão em pleno funcionamento, há mais de mil mulheres a trabalhar nas conserveiras, quase todas ganham abaixo do salário mínimo nacional e trabalham às vezes mais de dez horas por dia, sem pagamento de horas extraordinárias.

Veja o que se passa com os pescadores cujo produto em alguns anos contribui mais para as exportações do arquipélago do que a agro-pecuária, os lacticínios e o queijo todos juntos. O pescador é um escravo: não tem contrato de trabalho, não tem horário de trabalho, não tem direito a férias e na maior parte do ano nem sequer tem descanso semanal. E quando o mar o não deixa pescar, não ganha.

Veja o que se passa com os trabalhadores rurais, de que dependem toda a nossa agricultura, toda a agro-pecuária, toda a indústria dos lacticínios: não têm contrato de trabalho, ganham quase todos abaixo do salário mínimo nacional, não têm horário de trabalho, por vezes passam até as noites a dormir ao pé do gado, não têm férias nem descanso semanal.

Veja o que se passa com os trabalhadores da restauração e hotelaria: ganham normalmente menos que o salário mínimo nacional, trabalham mais de oito horas por dia e trabalham sem contrato, quase sempre a recibo verde, ou com vínculos precários.

A situação das classes trabalhadoras nos Açores é um escândalo e, só por si, justificaria a prisão dos actuais e dos passados membros dos governos de Mota Amaral, Carlos César e Vasco Cordeiro.

 

3.      Como encara o atual peso político e social da ilha Terceira?

A Terceira já foi, sobretudo nos campos político e cultural, a alma dos Açores. Hoje está de rastos. Não se percebe mesmo qual é o papel que os governos do PSD e do PS reservam – se é que reservam mesmo – para a Terceira e para os terceirenses. Tudo é orientado para Ponta Delgada e São Miguel. O governo de Vasco Cordeiro passeia-se pelas ilhas como uma côrte de mandarins chineses pelo império, mas põe em prática uma política de desenvolvimento económico, social e cultural desigual, deixando as ilhas cada vez mais para trás.

O Estatuto Autonómico deve ser alterado e cada ilha deve ser dirigida por um Conselho Político eleito por sufrágio directo, universal e secreto em cada ilha, conferindo poderes políticos e administrativos a cada uma das nove ilhas.

É preciso descentralizar. Tal como as coisas estão hoje, os municípios de cada ilha acabam por dividir entre si os interesses da ilha, mas a ilha e o povo da ilha, no seu todo, nunca têm maneira de exprimirem por si próprios o que querem para o seu futuro e o futuro da ilha.

O Conselho Político de Ilha é uma exigência urgente para salvar as ilhas do despovoamento eminente.

 

4.      Que caminho defende para a ilha, numa altura em que é real o processo de downsizing nas Lajes e em que sectores como a agricultura estão em crise?

Os imperialistas americanos vão deixar definitivamente a Base, e só cá voltarão esporadicamente, quando acontecimentos militares no Oriente Médio o impuserem.

Os americanos concentrar-se-ão a partir de agora no Pacífico, onde têm o seu inimigo principal, a China.

Deve aproveitar-se essa circunstância, que está a causar tanto prejuízo económico à ilha Terceira, para pôr o imperialismo americano fora dos Açores, e definir para a base portuguesa das Lajes – a Base Aérea nº4 – uma nova missão: o rearmamento da base para defesa, vigilância e segurança no espaço aéreo-naval da plataforma continental portuguesa na zona dos Açores, que, se for aceite pela ONU a nossa proposta, terá uma área de 4 milhões de quilómetros quadrados de superfície, a maior parte da qual à volta dos Açores.

A reconstrução, reorganização, e reapetrechamento da Base Aérea nº 4 para essa missão de vigilância e controlo do espaço aéreo-naval dos Açores, levará a nova base a recrutar e empregar um número considerável de trabalhadores civis açorianos, compensando o   despedimento dos trabalhadores da base americana.

O futuro da Terceira, como o do arquipélago dos Açores aliás, estará nas indústrias do mar e no turismo, cujas infra-estruturas devem ser montadas desde já. Uma base militar – e muito menos uma base americana – não será futuro para ninguém.

A crise actual da agricultura deve-se à inércia do governo regional e do governo da república, que aceitaram a política da União Europeia, sem a devida oposição, da extinção das quotas leiteiras e dos subsídios à produção agrícola e agro-pecuária.

Os governos regional e central devem continuar com os apoios à agricultura. A agro--pecuária está em condições de produzir e vender, em Portugal e na Europa, uma carne de excelente qualidade e de servir de base a uma indústria de lacticínios promissora, sobretudo no domínio da produção de queijos com denominação de origem protegida (DOP).

 

5.      Quais são as principais linhas que defende para a ilha e para a Região?

Para a Região, um novo rumo da autonomia com:

•    Criação do Conselho Político de Ilha, como já expliquei resumidamente acima.

•    A extinção do cargo de representante da República para a Região.

•    A constituição de uma Guarda Autonómica, formada por 250 homens e mulheres, sem armas de fogo, mas com armas pessoais de defesa, para exercer todas as tarefas de segurança pública da Região, com extinção da PSP e da GNR locais.

•    A Região terá tribunais de primeira instância e um tribunal da Relação, formados por magistrados e funcionários oriundos ou residentes na Região.

•    Uma universidade de carácter internacional, admitindo, sempre mediante concurso público aberto, professores, alunos e funcionários de qualquer nacionalidade, e com pólos universitários em todas as nove ilhas do arquipélago.

Para a Ilha Terceira propomos:

•    A sede e corpo central da Universidade, a que nos referimos no ponto anterior.

•    A criação das infra-estruturas que permitam promover o turismo como actividade económica central da ilha no futuro.

•    O investimento nas indústrias do mar.

 

6.      Caso seja eleito, pretende ocupar o lugar de deputada na ALRA ao longo de toda a legislatura?

Sim!

 

Ludovina de Lurdes Correia da Silva Gomes

1º Candidato da Lista da Terceira

pelo Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses – PCTP/MRPP

 

 

 


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