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15 de Abril de 2024

As Forças Armadas ao Serviço do Imperialismo

Arnaldo Matos

As Forças Armadas, de portuguesas, só têm o nome. As Forças Armadas ditas portuguesas são hoje um grupo de mercenários, lacaios do imperialismo americano, francês e alemão.

Todas estas tropas mercenárias deviam recolher a Penates, para serem imediatamente desmobilizadas.

Os portugueses não podem nem têm de pagar tropas para defender os interesses do imperialismo, precisamente aquele mesmo imperialismo que também explora o nosso povo em Portugal, nas fábricas que já não são nossas, mas francesas, inglesas, suecas e alemãs, nos bancos que são espanhóis, nos mares que já só falam castelhano.

A política externa de Portugal não é a política da guerra, mas a política da paz. Não sou só eu que o digo, mas é sobretudo o artigo 7º da Constituição da República.

Nas relações internacionais, Portugal rege-se pelos princípios da independência nacional, do respeito dos direitos do homem, dos direitos dos povos, da igualdade entre os Estados, da solução pacífica dos conflitos internacionais, da não ingerência nos assuntos internos dos outros Estados e da cooperação com todos os outros povos para a emancipação e o progresso da humanidade.

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Já há fumos de corrupção no governo AD

Mal tomou posse, Luís Montenegro mostra que é da mesma laia de António Costa ou pior. Miguel Pinto Luz, o novo ministro das Infraestruturas e da Habitação e antigo vice-presidente da Câmara de Cascais foi apanhado nas malhas da corrupção.

A Polícia Judiciária fez buscas na Câmara de Cascais. As buscas estão relacionadas com uma fábrica de máscaras cirúrgicas associadas à pandemia de Covid-19 que negociou com a Câmara.

Pinto Luz é visado em suspeitas relativas à sua antiga candidatura à liderança do PSD, já que foi assessorado, a título pessoal, por uma agência de comunicação que, ao mesmo tempo, mantinha contactos com a autarquia de Cascais.

Mas não é só de um vime que a aldrabice tachista é feita: a actual secretária de estado da Mobilidade, Cristina Pinto Dias, recebeu uma indemnização de cerca de 80 000 euros da CP ao “abrigo” de excepção aberta por ela e pares para o seu caso, onde tinha o “cargo” de vice-presidente e de onde saiu por vontade própria para integrar a Autoridade da Mobilidade e dos Transportes, “convidada” no tempo do governo do Coelho (o do caso Tecnoforma – estão lembrados do arranjinho que tinha ali com o amigo Relvas?).

Está tudo podre no reino dos fascistas neo-liberais do PSD. Mal são eleitos, nem sequer conseguem disfarçar tamanha vileza. E ainda há o caso da casa de Espinho do "lavadinho" Montenegro.

 

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Gencoal

Fascistas de Fábrica de Conservas das Caxinas Querem Despedir 100 Trabalhadores

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Póvoa de Varzim

A Máfia da Câmara

O bom do Aires Pereira (PSD), presidente da Câmara da Póvoa de Varzim, voltou a meter a pata na poça. O Tribunal de Contas (TC) entende que a contratação do ex-vice-presidente da Câmara de Vila do Conde...

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Opinião

Programa Político Eleitoral - Açores - IV A Economia Azul

PROGRAMA POLÍTICO ELEITORAL

IV

A ECONOMIA AZUL

Como já se sublinhou noutro passo deste nosso programa político eleitoral, o nosso mar regional, enquanto vasta parcela contínua do oceano Atlântico, dos respectivos fundos marinhos e placas continentais, com a correspondente linha de costa distribuída por nove ilhas, quase uma centena de ilhéus e dezenas de bancos e montanhas submersas, o nosso mar, neste sentido amplo, dizíamos, é a riqueza dos Açores e fará da nossa região autónoma uma autêntica potência económica no Atlântico Norte.

É o excepcional e extraordinário potencial de criação de riqueza e de emprego dos nossos mares, com especial relevo para as pescas, para a biotecnologia, para a energia oceânica, para a exploração mineira dos fundos marinhos, para a criação de um vasto e complexo sistema de portos comerciais, turísticos e pesqueiros, com o desenvolvimento das comunidades urbanas de beira-mar, que farão da nova região autónoma dos Açores um caso único de desenvolvimento e sucesso no centro do Atlântico Norte, ligando os continentes que o marginam: América do Norte, do Centro e do Sul, África e Europa e os arquipélagos da Macaronésia.

Considerando apenas a linha limite das duzentas milhas marítimas em torno das nove ilhas do arquipélago, o espaço marítimo interior abrange uma superfície de 954 496 km2, constituindo a zona económica exclusiva da Região Autónoma dos Açores o maior território português e o maior de toda a União Europeia.

Quando for aprovado o estudo-proposta português para a delimitação da nossa plataforma continental e áreas adjacentes, os mares portugueses terão 4 (quatro) milhões de kms2 de superfície, uma área igual à parte emersa de todos os países que constituem a União Europeia.

Quase metade desta área dos mares e fundos marinhos portugueses caberá à Região Autónoma dos Açores. Os Açores poderão ser uma Região rica, desenvolvida, próspera e demograficamente equilibrada, num futuro não muito distante.

Com quatro milhões de quilómetros quadrados de oceanos e de fundos marinhos, o Povo português – incluindo o Povo açoriano, como é óbvio – tem um problema político muito sério: tem de armar-se até aos dentes, ocupar militarmente esse espaço e preparar-se para sair da União Europeia.

Por favor: ouçam o que vos dizemos, não nos subestimem por sermos um partido pequeno, nós estamos cheios de razão: os Estados Unidos da América, por um lado, a União Europeia, por outro, e, dentro da União Europeia, a Espanha, em terceiro lugar, preparam-se para pura e simplesmente nos roubarem essa imensa área marítima e respectivos fundos e riquezas.

Em 14 de Março de 2014 – há mais de dois anos – a Comissão Europeia, aproveitando a nossa fraqueza económica, a nossa ruína financeira e o governo de traição nacional Coelho/Portas instalado em Lisboa, invocou o artº 304º do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia e consultou o Conselho Económico e Social Europeu (CESE) sobre a inovação na economia azul: “materializar o potencial de crescimento e de emprego dos nossos (reparem bem no adjectivo possessivo…) mares e oceanos”.

Toda a política da União Europeia e das suas instituições (Comissão Europeia, Parlamento Europeu, Comité Económico e Social Europeu, Banco Central Europeu, etc.) centrada sobre as questões do mar azul e da economia azul tem um único objectivo: roubar a Portugal e ao Povo Português, incluindo obviamente aos Açores e à Madeira, a totalidade da parte do Oceano Atlântico que nos pertence, incluindo as riquezas inumeráveis dos seus fundos marinhos.

Nós denunciamos o governo central da República – o anterior e o actual -, os governos regionais do PSD na Madeira e os governos do PS nos Açores, de governos de traidores, pois estão a esconder ao Povo Português, incluindo ao Povo açoriano e o Povo madeirense, o roubo que está em curso, não lutam contra esse roubo e não mobilizam o povo para lutar contra os ladrões, nomeadamente abandonando desde já a União Europeia.

Notem que a Islândia, que tinha solicitado a adesão à União Europeia, retirou o pedido de adesão em 13 de Março de 2015, justamente porque percebeu que a União Europeia só pretendia roubar-lhes a sua zona marítima, com os respectivos fundos.

No dia em que a Islândia retirou o seu pedido de adesão, o ministro dos negócios estrangeiros islandês proclamou, em alto e bom som: “Os interesses da Islândia ficam mais bem servidos ficando fora da União Europeia.”

Nós também ousamos proclamar: os interesses de Portugal e, acima de tudo, dos Açores ficam mais bem servidos ficando fora da União Europeia.

Aos açorianos teremos que dizer que a área marítima que caberá aos Açores é maior da que caberá à Islândia. E talvez possamos dar à imperialista União Europeia uma resposta de recusa semelhante à que lhe deu o primeiro-ministro islandês: “com peixe e ovelha, nunca morreremos de fome.” Nós, com peixe e vacas…

Finalmente, os açorianos têm nesta matéria um outro problema: o governo regional de Vasco Cordeiro assinou com o governo central da República, na altura o governo de traição nacional Coelho/Portas, o acordo designado “Estratégia Nacional para o Mar”, ”Plano Mar-Portugal-Açores (2015-2020)”, “Plano de Acção Trazendo Coordenação e Integração à gestão do Mar nos Açores”, documento de vinte e seis páginas pelo qual o governo da Região Autónoma dos Açores abdica da posse e gestão da sua zona marítima, incluindo os fundos marinhos, e a entrega de mão-beijada ao governo central da República.

Os açorianos, com a assinatura deste plano de traição, já não mandam nem dispõem do seu espaço marítimo.

O povo açoriano deve exigir a saída dos Açores do Plano Mar-Portugal-Açores (2015-2020), porque esse plano retira aos Açores aquilo que a Constituição da República e o Estado Autonómico já lhe tinha consagrado: a autonomia dos açorianos sobre os mares da Região, incluindo os fundos marinhos.

 

 

 

 

 

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Programa Político Eleitoral - Açores - III Os Conselhos Políticos de Ilha

PROGRAMA POLÍTICO ELEITORAL

III

OS CONSELHOS POLÍTICOS DE ILHA

O nosso primeiro e principal problema como açorianos é que, em consequência da errónea aplicação do sistema político-administrativo autonómico pelos sucessivos governos regionais do PSD e do PS, os Açores perderam, nos últimos quarenta anos, 42 351 habitantes, ou seja, 15% da sua população.

Sete das nove ilhas dos Açores estão em vias de ficar sem gente. O que cresce cada vez mais é a população de duas das nove ilhas – São Miguel e a Terceira – onde presentemente se concentra 80% dos açorianos.

A razão de ser deste descalabro, que levará inevitavelmente ao despovoamento de sete das nossas ilhas, é o açambarcamento da autonomia política e administrativa pela burguesia capitalista açoriana, estabelecida fundamentalmente em São Miguel e um pouco menos na Terceira. Todas as vantagens do sistema autonómico, pelo qual lutaram, ao longo dos séculos, as populações de todas as ilhas, ficaram nas mãos da classe burguesa capitalista reaccionária dominante, concentrada em Ponta Delgada e em Angra, e as outras ilhas ficaram ainda com menos poderes do que os que tinham no tempo dos três distritos autónomos da Horta, de Angra do Heroísmo e de Ponta Delgada.

Temos todas as ilhas com um ou mais municípios, com competências meramente administrativas, mas não temos uma única ilha politicamente organizada e gerida como um todo. Cada município toca a sua viola, mas nenhuma ilha tem instrumento ou orquestra para tocar a música que convém a toda a ilha. Assim, só se promove económica, cultural, social e populacionalmente a ilha onde tem assento o governo regional, ou seja, São Miguel.

Para acabar com esta bandalheira que irá necessariamente conduzir ao despovoamento de sete das nove ilhas dos Açores e à ruína económica do arquipélago, é preciso alterar o conteúdo e a forma do Estatuto Político-Administrativo da Autonomia, conferindo poderes político-administrativos a cada uma das ilhas dos Açores.

E cada uma dessas ilhas, em vez de um conselho corporativo salazarento, destinado a receber as visitas anuais do governo regional, como se fora a corte dos mandarins do império chinês, deve dispor de um Conselho Político de Ilha, dispensando porventura os municípios em sete das nove ilhas. Conselho Político de Ilha eleito por sufrágio directo, universal e secreto dos eleitores inscritos no círculo eleitoral da respectiva ilha.

O Conselho Político de Ilha deve receber uma parte dos poderes autonómicos, que hoje se mostram açambarcados pelo governo regional da burguesia capitalista exploradora e opressora dos trabalhadores açorianos.

O Conselho Político de Ilha deve ter competências próprias para definir e impor ao governo regional o rumo futuro da ilha e da sua respectiva população.

Só por esta via se imporá o desenvolvimento económico, demográfico, cultural e social de cada uma das ilhas do arquipélago, promovendo um progresso igualitário e um futuro radioso.

Lutemos pela criação de um Conselho Político-Administrativo em cada Ilha do Arquipélago!


 

 

 

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Programa Político Eleitoral - Açores - II Os Novos Rumos da Autonomia

PROGRAMA POLÍTICO ELEITORAL

II

OS NOVOS RUMOS DA AUTONOMIA

Até agora e ao longo dos últimos quarenta anos, a autonomia foi sempre entendida e praticada como uma mera transferência de poderes políticos e administrativos do governo central da República para o governo próprio da Região.

Assim, através do governo da Região, para onde os poderes centrais eram sistematicamente transferidos, a classe dominante local – a tal burguesia compradora, isto é, uma classe capitalista média que vive na dependência das trocas com os grandes capitalistas portugueses e estrangeiros – usurpava aos operários, aos trabalhadores e ao povo açoriano essa mesma autonomia: a burguesia local era cada vez mais autónoma e dona de tudo, e o povo trabalhador açoriano era cada vez mais escravo e senhor de nada, ficando de porta aberta para a emigração.

Quanto mais poderes eram transferidos para os capitalistas locais e respectivo governo, mais oprimidas ficavam as populações do arquipélago.

Assim, a autonomia político-administrativa que a revolução de Abril generosamente reconheceu ao povo açoriano e por que este povo lutou duramente seis séculos, foi usurpada pela classe dominante e seus lacaios.

É agora a ocasião de o povo da nossa Região resgatar a autonomia, indevidamente usurpada, e definir os novos rumos do seu sistema autonómico.

A autonomia deve passar a ser, antes de tudo, um vasto movimento de emancipação política e cultural do povo da nossa Região, um amplo movimento pela defesa dos direitos cívicos, constitucionais e humanos do nosso povo, finalmente respeitado perante todas as instituições públicas onde pretenda dirigir-se, atendido com a dignidade que lhe é devida e vivendo sem medo de perder o emprego, a casa, a saúde e a custódia dos filhos.

É pois uma luta imediata pela liberdade pessoal e política, pela emancipação e respeito humanos, pelos direitos constitucionais, pela dignidade e pela cultura, aquilo que deve ser a face e o conteúdo actuais do movimento autonómico no arquipélago dos Açores.

É nesse movimento político e cultural cada vez mais amplo e mais poderoso, susceptível de pôr em marcha uma autêntica açorianidade, que deve introduzir-se a transferência dos poderes políticos e administrativos que ainda não foram transferidos, com excepção dos que respeitam às Forças Armadas, à Defesa Nacional, ao Supremo Tribunal de Justiça e ao Tribunal Constitucional, da representação externa e política diplomática, da moeda e do orçamento nacional.

A Região Autónoma dos Açores deve possuir tribunais de primeira instância, designadamente comarcas, e um tribunal da Relação, todos formados com funcionários e magistrados oriundos da própria Região ou nela residentes.

A Região deve poder dispor de completa autonomia fiscal dentro do orçamento regional, muito embora sujeita ao controlo central da dívida pública regional.

Devem ser eliminados o cargo e as funções do representante da República para a Região Autónoma dos Açores.

O programa político autonómico do PCTP/MRPP para a Região Autónoma dos Açores é, em resumo, o seguinte:

  • A Região Autónoma dos Açores goza de autonomia política, administrativa, financeira, fiscal, económica, orçamental, policial e judiciária;
  • São abolidos o cargo e as funções do representante da República para a Região Autónoma dos Açores;
  • A Região Autónoma dos Açores terá tribunais de primeira instância e tribunal da relação, constituídos por magistrados e funcionários oriundos ou residentes na Região;
  • A Região Autónoma dos Açores terá uma Guarda Autonómica, até um efectivo de 250 homens e mulheres, sem armas de fogo, para exercer todas as tarefas da segurança policial da Região;
  • Serão transferidos para o povo e órgãos democráticos da Região Autónoma dos Açores todo o poder político, administrativo e técnico respeitante a todas as matérias precedentemente indicadas;
  • Não serão transferidos para a Região Autónoma dos Açores unicamente os poderes constitucionais, políticos, administrativos e de representação respeitantes à Defesa Nacional, às Forças Armadas, à Diplomacia e Representação Externa do Estado Português, à moeda e ao orçamento nacional;
  • A dívida pública da Região Autónoma dos Açores e das suas instituições será globalmente controlada pelo orçamento e conta geral do Estado;
  • A autonomia é o movimento político, económico, cultural e social susceptível de criar entre as massas populares do arquipélago dos Açores um processo identitário que se poderá designar de Açorianidade.

 

1. Para Quê Um Representante da República?

Os arquipélagos dos Açores e da Madeira têm um regime político-administrativo próprio, que se fundamenta nas suas características geográficas, económicas, sociais e culturais e nas históricas aspirações autonomistas das populações insulares.

Obtida no movimento revolucionário do 25 de Abril de 1974, a autonomia das duas regiões tem por objectivo a participação democrática dos cidadãos, o desenvolvimento económico-social e a promoção e defesa dos interesses regionais, bem como o reforço da unidade nacional e dos laços de solidariedade entre todos os portugueses.

Do mesmo passo que reconheceu a autonomia político-administrativa dos arquipélagos dos Açores e da Madeira, a Constituição da República Portuguesa de 1976 criou o cargo de Ministro da República para cada uma das duas regiões autónomas, o qual teria por primeira e principal função representar a soberania da República na região.

Tudo isto não passava de uma reles e mentecapta conversa destinada a iludir o facto de que o Ministro da República era unicamente o gauleiter de Lisboa para controlar os destinos das duas novas províncias dos Açores e da Madeira.

A coisa tornou-se absolutamente hilariante, quando os nossos constitucionalistas, depois de garantirem no nº 1 do artº 3º da Constituição que a soberania, una e indivisível, reside no povo, asseguravam depois, no artº 232º da mesma Constituição, que o Ministro de República representava a soberania do povo perante o povo da Madeira e dos Açores… A soberania residia no povo, mas para efeitos dos arquipélagos, residia no ministro da República!...

Na Madeira e nos Açores, até as criancinhas se aperceberam logo que afinal o Ministro da República era o polícia político da autonomia das Ilhas, ficaram a saber por que razão Hitler escolhia os Gauleiter das suas Nurembergas, até que, passado um tempo, vaiados, apupados, escarnecidos, assobiados e escorraçados, os Ministros da República desapareceram.

Mas não definitivamente. Alguém, em Lisboa e entre os nossos constitucionalistas, se lembrou de substituir os ministros da República pelos representantes da República nas Regiões Autónomas.

O representante, agora, representava mesmo a República, e já não a soberania do povo perante o povo dos dois arquipélagos. E as criancinhas dos Açores e da Madeira puseram-se caprichosamente a interrogar-se: mas se os Drs. Alves Catarino e Irineu Barreto são representantes da República nos Açores e na Madeira, respectivamente, a que República é que afinal pertencem os madeirenses e os açorianos?

Temos outra vez nas regiões autónomas mais dois Gauleiter – agora civis – disfarçados.

A existência de um representante da República Portuguesa na Região Autónoma dos Açores é um insulto à inteligência dos açorianos e um ultraje à autonomia dos Açores.

E é altura do povo dos Açores exigir a saída imediata do representante da República no território da Região Autónoma dos Açores.

A autonomia não se compagina com tutorias mais ou menos disfarçadas. A constituição deve ser revista no passo em que impõe aos açorianos uma restrição inaceitável dos seus direitos autonómicos. Não precisamos de um representante da República para nada.

Para quê um Representante da República?

Fora com o Representante da República! E Já!

 

2. E Que Tal Uma Guarda Autonómica?

O programa político do Comité Regional dos Açores do Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses (PCTP/MRPP) para as próximas eleições legislativas de 16 de Outubro de 2016 propõe uma verdadeira revolução democrática no quadro e nos rumos da nossa autonomia.

Para além de propor a abolição do cargo e das funções do representante da República no arquipélago – como se a Região Autónoma dos Açores fosse uma espécie de colónia de um país imperialista moribundo chamado Portugal –, avançamos também com a ousada proposta da criação de uma Guarda Autonómica para os Açores.

Não somos contra a presença das forças armadas portuguesas nos territórios marítimo e terrestre e no correspondente espaço aéreo da Região Autónoma dos Açores.

Antes pelo contrário, exigimos o reforço das forças armadas na defesa e segurança da nossa soberania aeronaval. Mas as actividades meramente policiais em terra devem ser reservadas a forças exclusivamente autonómicas.

Antes da revolução de 25 de Abril de 1974 e mesmo já depois da consagração constitucional da autonomia político-administrativa do arquipélago, existia nos Açores a Polícia de Segurança Pública.

Depois da consagração da autonomia, o governo da República resolveu acabar com a polícia fiscal e alfandegária – a conhecida Guarda Fiscal – e passou essas funções, no continente, para a Guarda Nacional Republicana e, depois, introduziu essa força militar nas duas regiões autónomas, a pretexto do exercício das funções fiscais que lhe haviam sido conferidas…

Com o passar do tempo, tem-se visto que o governo central está a servir-se das forças militares da Guarda Nacional Republicana para silenciosamente ocupar os territórios insulares.

As actividades policiais e da segurança civil são funções de natureza meramente administrativa, que, para todos os devidos efeitos, estão dentro da definição constitucional do quadro das funções autonómicas.

Ora, a assembleia legislativa regional saída do próximo sufrágio eleitoral e o governo sustentado por essa assembleia devem criar uma Guarda Autonómica dos Açores, da direcção exclusiva dos órgãos políticos e administrativos da autonomia, para garantir a segurança interna da Região.

A Guarda Autonómica terá um efectivo máximo de 250 pessoas, incluindo agentes femininos e masculinos, sem armas de fogo, mas equipados com instrumentos de auto-defesa pessoal, designadamente o bastão.

Trata-se de uma corporação policial autónoma, de estatuto e direcção civis, responsável pela segurança pública e pela prestação de serviços administrativos policiais na Região Autónoma dos Açores.

Todos os efectivos da Guarda Autonómica terão de ser recrutados entre homens e mulheres residentes na Região Autónoma dos Açores. Os quadros dirigentes da Guarda Autonómica serão civis, também residentes no arquipélago.

Que tal uma Guarda Autonómica para os Açores?

Porque não experimentá-la?

Quem tem medo da Autonomia?

 

 

 

 

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Programa Político Eleitoral - Açores

PROGRAMA POLÍTICO ELEITORAL

INTRODUÇÃO

Realizar-se-ão no Domingo, dia 16 de Outubro de 2016, as eleições para a Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores. Nesse dia, por sufrágio directo, universal e secreto dos cidadãos inscritos no recenseamento eleitoral do território regional, serão eleitos os 57 deputados que formarão a próxima assembleia legislativa da Região e que aprovarão o programa político do XII governo regional dos Açores.

A autonomia político-administrativa dos Açores, conquistada pelos açorianos com o 25 de Abril de 1974, celebra no ano corrente o seu quadragésimo aniversário, passado sobre as primeiras eleições regionais de 1976 e a posse do primeiro governo regional, em Setembro do mesmo ano.

As quatro décadas de experiência do sistema autonómico como que apelam ao povo açoriano para aproveitar o ensejo do novo sufrágio legislativo de Outubro e efectuar o balanço político da sua vida autonómica e do seu desenvolvimento económico e traçar, com o sentido do seu voto expresso, os novos rumos da autonomia político-administrativa dos Açores e do reforço da luta política dos operários e demais trabalhadores açorianos contra a opressão e exploração promovidas pelos capitalistas e latifundiários da região e do país.

Nos quarenta anos que transcorreram sobre a formação da primeira assembleia e a posse do primeiro governo da Região, o arquipélago e o povo açorianos foram governados, metade por metade praticamente, por maiorias do PSD, seguidas de maiorias do PS. Nenhum desses onze governos conseguiu suster ou diminuir a emigração das famílias de trabalhadores açorianos, nem as desigualdades sociais ou a pobreza estrutural da população do Arquipélago.

Não se vai aqui dizer que a economia açoriana não cresceu alguma coisa nestes últimos quarenta anos, mas a verdade é que cresceu muito pouco, a taxas muito baixas e orientada para o reforço da riqueza dos grupos económicos regionais e da pobreza dos trabalhadores.

Queremos que da nova assembleia legislativa saia um governo novo, capaz de melhor e mais autonomia, mas também da restrição da emigração, de mais emprego e de melhores salários para os operários, pescadores, assalariados rurais e agro-pecuários e outros trabalhadores do arquipélago, que têm sido, durante os últimos quarenta anos como durante todo o tempo da ditadura fascista de Salazar e Caetano, as classes e camadas sociais exploradas, oprimidas e abandonadas pelos onze governos regionais anteriores, saídos quase em partes iguais do PSD e do PS.

Queremos pois propor-vos um novo programa político e conclamar o vosso voto nos nossos candidatos às eleições legislativas do próximo dia 16 de Outubro.

Eis então o que vos propomos!

I

A QUESTÃO DAS LAJES

No ano de 2012, o Pentágono começou a tornar público na imprensa de língua inglesa e de língua francesa o desinteresse dos Estados Unidos da América na continuação do uso da base aérea das Lajes, na ilha Terceira, na Região Autónoma dos Açores. O Pentágono procedia sempre assim, desvalorizando publicamente a importância da base, quando pretendia principiar a renegociação.

Daquela vez, porém, as coisas eram mesmo a sério, pois era real o desinteresse norte-americano pela base das Lajes, porquanto correspondia a uma alteração profunda da estratégia militar global do imperialismo ianque, a qual passava a centrar-se no oceano Pacífico, na antevisão de um inevitável conflito mundial com a aliança sino-russa.

A estratégia militar norte-americana assente na Nato, isto é, na Aliança Atlântica, tinha morrido e fora já substituída por uma estratégia militar mundial centrada no Pacífico. A própria Nato deixou de ter por teatro de operações exclusivo e mesmo principal a Europa, alargando-o à África e ao Médio Oriente, pelo que passou a ganhar mais interesse para o imperialismo norte-americano o arquipélago de Cabo Verde e o Golfo da Guiné, em conjugação com a base aérea americana de Marón de la Frontera, 56 Kms a sueste de Sevilha, e uma das quatro bases militares dos ianques em Espanha.

Pôs-se ainda a hipótese – antes do actual presidente regional dos Açores, Vasco Cordeiro, matar o País à gargalhada com a ridícula ameaça de arrendar a base das Lajes aos Chineses – de estabelecer na Terceira um Centro de Informações Europeu, mas o Departamento de Defesa dos EUA decidiu instalar o aludido centro na Base Aérea de Croughton, no Reino Unido!

Ora, o governo regional dos Açores e o governo da República deveriam pôr-se imediatamente de acordo para afastar definitivamente o imperialismo americano da Base Aérea das Lajes e do território nacional português. E, para o efeito, nunca mais terão uma oportunidade tão boa como a actual.

Desde a guerra hispano-americana de 1898 – a primeira guerra imperialista da história – que o imperialismo americano considera os Açores como a sua fronteira oriental. Em todas as guerras para que precisou de utilizar os Açores, e em especial a Base Aérea das Lajes, sempre tratou Portugal e os governos portugueses sob a forma de ultimatos e os seus dirigentes como capachos.

A 11 de Maio de 2009, a Estrutura de Missão Para a Extensão da Plataforma Continental entregou na Comissão de Limites da Plataforma Continental da Organização das Nações Unidas (ONU) a proposta portuguesa, onde consta o limite exterior da plataforma continental para lá das duzentas milhas marítimas, mas o imperialismo americano opôs-se à justa pretensão portuguesa, alegando que o limite exterior da plataforma continental atlântica dos EUA estariam dentro da zona económica exclusiva – dentro das 200 milhas – dos Açores!...

É a boa altura de mandar embora os imperialistas ianques da Base Aérea das Lajes, porque ainda vamos ter muitos problemas com eles.

É certo que a burguesia açoriana, seja ela dirigida por Mota Amaral ou por Vasco Cordeiro, é uma burguesia capitalista compradora parasitária, que até vive de uma parte dos salários dos trabalhadores açorianos que vende aos americanos da Base Aérea das Lajes, e que julga que os Açores e Portugal morrem, se os imperialistas americanos forem postos a andar da Terceira para fora.

Mas isso não é verdade.

Vasco Cordeiro – o tal que ameaçou vender as Lajes aos Chineses!... – está a tentar negociar, para a burguesia compradora que ele representa no governo regional actual, um subsídio para fazer face à perda do nível de vida dos terceirenses.

Ora, nós entendemos que a defesa dos interesses do povo da Terceira, bem como do povo dos Açores, da Madeira e do continente português passa por outro caminho e, muito justamente, pela Base Aérea das Lajes.

Se a Comissão de Limites da Plataforma Continental da ONU aprovar, como se espera, a proposta portuguesa, o território português passa a ter 4 milhões de km2 de superfície, equivalente a 91% da área emersa de toda a União Europeia…

A Base Aérea das Lajes, sem forças imperialistas americanas a utilizá-la e depois de devidamente reorganizada e apetrechada com os meios, forças e sistemas de defesa aérea indispensáveis, passará a constituir uma estrutura militar de vigilância e defesa aeronaval insubstituível para a segurança de todo o território português.

Ora, a Base Aérea das Lajes é a Base Aérea nº 4 (BA4) da Força Aérea Portuguesa. É precisamente esta Base Aérea nº 4, devidamente reconstruída, reorganizada, reapetrechada, com os meios humanos e os efectivos militares, os sistemas de armas, os meios aéreos de observação, vigilância e combate, os quais só por si contribuirão poderosamente para o desenvolvimento económico da Região e para a defesa e promoção do território e das suas riquezas, que urge promover.

De nada valerá dispor de um imenso território de quatro milhões de quilómetros quadrados, se não tivermos desde já meios aéreos e navais capazes de o vigiar, proteger e defender.

Não precisamos de militares imperialistas americanos nas Lajes, mas precisamos de vigilância, protecção e defesa para um território que vai passar a ser um dos maiores territórios do planeta. Precisamos desde já de defesa aérea e de defesa naval e de efectivos militares. E tudo isso passará pela Terceira e não só. E a Base Aérea nº 4, limpa dos imperialistas ianques e restituída aos portugueses, terá um papel de enorme importância a cumprir nessa missão.

Ora a actual BA4, subordinada ao Comando da Zona Aérea dos Açores, não tem quase nada e falta-lhe quase tudo. Tem uma esquadra – Esquadra 751 Pumas – com duas aeronaves Merlin, para a missão de busca, salvamento e evacuação médica. Tem outra esquadra – Esquadrão 502 Elefantes – com uma única aeronave, para missões de evacuação médica e transporte geral.

Isto é: tem duas esquadras com um total de três aeronaves. Ou seja: não tem quase nada e falta-lhe quase tudo o que precisa para vigiar, proteger e defender a fronteira ocidental de Portugal.

Esta nova BA4, com os meios, objectivos e missões supra-referidos, deve ser obtida com absoluta urgência e paga pelo orçamento geral do Estado.

Na nova BA4, deve ser mantido o estatuto dos trabalhadores civis da Base.

 

 

 

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