CULTURA
Burguês!
Burguês!
Olhai-lhe o trato.
Vê-de
A ânsia permanente
Do burguês
Para ao dinheiro
Manter o valor
De troca.
Investe
Voraz
No ardil:
Selecionadas
Obras de arte,
Terras, acções, casas,
Sinecuras,
Jogo de
Contas bancárias.
Pelos melhores juros
E melhores atribuições
Pugna cuidadoso
Pelas mais claras
Ou ocultas
Mais valias
De quantos,
Cego aos espoliados,
Expecta
Multiplicação.
Olhai-lhe o trato.
Vê-de
Como é atento
O burguês
Para seu tesouro
multiplicar
Inçado
Em mais
Apropriação,
Mais
Subvenções,
Menos
Salário,
E mais feroz
Trabalho.
Burguês!
A tua moeda em
Circulação
É uma faca
Que nos sangra
E a liberdade
Ao escravo
E à condição servil
Que nos deste
Fomos nós que
Alcançámos.
Burguês!
Foi com o nosso
Trabalho
E não com o teu
Dinheiro
Que aqui chegámos!
É com a nossa acção
E não com a tua
Insolência
O que temos.
Mercaste
E mercámos
A nossa força:
Nós para o pão,
Tu para mais
Roubares
E mais
Teres.
Burguês!
O movimento que
Geramos
Com a palavra
E com o trabalho
Emancipa-nos
Da ignorância
E da miserável ou
Opulenta sina
De ladrão.
O teu dinheiro
Para ti é sempre pouco
Pois é sempre mais
Que tens de ter
Mais esbulhando
Quem labuta
Para seres
O que és.
O dinheiro,
Temos de impô-lo,
É para o trabalho, é
Para quem trabalha,
Para quem produz
E para quem cria,
Para quem dá;
Não para quem
Não faz nem
Partilha.
Reage
Ferino
O burguês
No seu próprio seio
Ferido.
Mas a morte
Do seu trato
Soez e falso
Só quem trabalha
Quando o queira
A pode dar.
14 Jan/26 Abr 2017
Pedro