EDITORIAL

Rua com Cavaco!
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Cavaco indigitou para primeiro-ministro o traidor Passos Coelho, chefe da coligação da direita com a extrema-direita, há quatro anos no governo. Do ponto de vista ideológico e político entende-se perfeitamente a escolha de Cavaco: Cavaco sempre foi, é e continuará a ser um reaccionário fascista, presidente da direita e da extrema-direita fascista, lacaio de Bruxelas e do capitalismo alemão, nunca presidente dos portugueses, como ele próprio aliás vincou à janela do Centro Cultural de Belém, na noite em que ganhou o seu segundo mandato presidencial.

Presidente, sim, mas de alguns portugueses: dos ricos, não dos pobres; dos capitalistas, não dos operários; dos vende-pátrias, não dos patriotas…

Nenhum português que o tenha ouvido nessa noite esquecerá jamais o ódio com que o ignorante de Boliqueime pôs a claro a ideia de que não era o presidente de todos os portugueses e os fulminou com o seu olhar de desdém… Precisamente o mesmo olhar vesgo de ódio com que os ameaçou ontem, quando lhes impingiu mais um governo da Tróica.

Cavaco é um fascista. Cavaco deve ser imediatamente posto na rua, mesmo que só faltem escassos cinco meses para ser mandado às urtigas.

É que, com as cobardes ameaças contidas no seu discurso do ódio e com a indigitação para primeiro-ministro de um político morto como Passos Coelho, Cavaco pôs em causa os fundamentos da democracia portuguesa e os princípios essenciais da Constituição da República.

As declarações proferidas por António Costa, depois de uma tentativa falhada de João Soares, e pelos representantes do PCP e do Bloco após a indigitação de Passos Coelho por Cavaco, mostram com absoluta evidência que nenhum desses marmanjos ditos de esquerda compreendeu o significado e o alcance políticos do discurso indigitador de Cavaco.

Essa esquerda de pacotilha, como se viu pelas declarações imbecilizantes dos seus incompetentes representantes na noite de ontem, pensa que vai derrubar no parlamento o novel governo de Passos Coelho com uma moção de rejeição e que, depois disso, o fascista de Boliqueime irá chamar António Costa para formar um governo do PS com o apoio parlamentar de Jerónimo e Catarina…

Pobres tolos! Essa esquerda reaccionária e pacóvia ainda não alcançou o que a espera, e o que a espera é uma coisa inimaginável para ela: é um governo de gestão do PSD/CDS, com Passos Coelho à cabeça, desde o dia em que a assembleia da república derrubar, com a tal moção de rejeição, o governo do primeiro-ministro indigitado e até ao fascista Cavaco sair de Belém, o que só ocorrerá no dia 9 de Março de 2016.

A ameaça de Cavaco no discurso desta noite foi bem precisa: ou o PS deixa passar o governo de Passos Coelho na Assembleia Legislativa, ou terá que chupar com um governo de gestão de Passos Coelho durante pelo menos cinco meses.

A mera possibilidade de imposição de um governo de gestão ao país, a governar por duodécimos (pois o orçamento do Estado será também decerto chumbado na Assembleia da República), traz imediatamente, não para a ordem-do-dia mas directamente para cima da mesa, a questão das eleições presidenciais, pois se o eleito for Marcelo Rebelo de Sousa, teremos a continuação da política de Cavaco pelo cavaquista Marcelo.

É por isso que o sector político da esquerda deve unir-se como um só homem e escolher desde já um único candidato para toda a esquerda, visto que a salvaguarda da democracia portuguesa está em grande parte dependente da eleição de um candidato presidencial da esquerda contra Marcelo e a direita.

A esquerda deve escolher já o candidato que melhor se apresente para essa vitória e o candidato a escolher é inquestionavelmente Sampaio da Nóvoa. A divisão em que se masturba o PS na escolha do candidato presidencial vai repetir a estúpida divisão Soares/Manuel Alegre, que deu então a vitória a Cavaco, como agora a dará inevitavelmente a Marcelo Rebelo de Sousa.

Os partidos parlamentares ditos de esquerda estão nitidamente a dormir na forma, como se dizia dos lentos e preguiçosos nos meus tempos de tenente do exército português. Por mim, aproveito o espaço deste editorial para escolher o meu candidato em António Sampaio da Nóvoa, convidando os meus camaradas de Partido, os leitores do Luta Popular Online e todos os homens e mulheres de esquerda a seguir essa via de apoio. Nas próximas eleições presidenciais não haverá segunda volta. Todas as forças democráticas e de esquerda devem ser concentradas na primeira volta e na eleição de um único candidato. Essa concentração de todo o voto da democracia na primeira volta e num só candidato é condição da derrota que se terá de impor a Marcelo Rebelo de Sousa e da vitória que a democracia portuguesa exige.

Preparemo-nos pois para derrubar Cavaco e o seu governo de gestão, ou um seu eventual governo de iniciativa presidencial, do mesmo passo que nos empenhamos na eleição de um candidato presidencial democrático e patriótico logo na primeira volta, com todas as forças políticas, pessoas e instituições democráticas susceptíveis se serem unidas neste combate.

Cumpre-me deixar aqui bem claro aos meus estimados leitores e à classe operária o seguinte: qualquer que seja o governo que saia da Assembleia da República que hoje toma posse –, seja da coligação Coelho/Portas, seja do chamado arco governativo Coelho/Portas e Costa, seja o do PS com o apoio directo ou apenas parlamentar dos revisionistas do PCP ou dos oportunistas do Bloco –, qualquer desses três governos é um governo da Europa Alemã, do capital germânico, da Tróica, mas nunca um governo do povo português, nunca um governo ao serviço da classe operária e dos trabalhadores, dos jovens, dos desempregados, dos reformados e idosos, dos pobres e dos doentes.

fiquem também sabendo que qualquer um desses governos, que nunca contará com o nosso apoio nem com o apoio da classe operária, terá mesmo assim, pela miséria e exploração que sempre imporá aos portugueses, o grande mérito de abrir os olhos aos proletários e ao povo para uma conclusão política inevitável: só a revolução proletária, só o comunismo acabará com a exploração do homem pelo homem.

Porque devemos então lutar para destituir Cavaco e o eventual governo de gestão de Passos Coelho ou qualquer outro de tipo presidencial? Não estaremos a lutar para dar uma oportunidade ao governo socio-neoliberal de Costa, com os revisionistas do PCP e os oportunistas do Bloco?

Não; não estaremos. Estaremos apenas a lutar – e a defender – princípios básicos da democracia parlamentar. Estaremos apenas a impedir que um fascista como Cavaco usurpe a Constituição da República, bloqueie o funcionamento normal da instituição parlamentar e imponha uma ditadura ao povo português, como quer fazer agora com o governo de Passos Coelho à força.

É que a democracia conquistada em Abril pode ter acabado ontem com o discurso de Cavaco. É certo que essa democracia já não era grande coisa, desde que os dirigentes do PS e do PSD, unidos, assinaram os tratados de Maastricht, de Lisboa e Orçamental e passaram a ser dirigidos de Bruxelas e submetidos à ditadura da dívida e do euro.

Mas o discurso de ontem do mentecapto presidente da República levou a ditadura ao extremo. Nas palavras da arara falante de Belém, o superior interesse da nação é Cavaco, como Salazar e Caetano nos seus tempos, quem agora o define. Nas palavras do nosso troglodita, ontem cuspidas nos ecrãs, não são precisas eleições, nem são necessários partidos ou parlamento para saber qual é o superior interesse da nação, pois o superior interesse da nação é o interesse de Bruxelas, do capital germânico, da dívida, dos credores, dos mercados e do euro, e esse interesse é Cavaco quem o define e defende.

A partir do discurso de ontem da nossa catatua, ficámos a saber que há três partidos em São Bento – quatro, connosco, por maioria de razão, muito embora estejamos fora do hemiciclo – que não são portugueses e que estão desde já e para todos os efeitos excluídos da possibilidade de aceder pacificamente ao governo, mesmo que no seu conjunto tenham obtido a maioria dos votos dos eleitores.

Ah! Mas se a coisa é assim, se uma maioria de portugueses, mesmo ganhando democraticamente as eleições, passa a estar em Portugal impedida de aceder pacificamente ao governo do país, por ordem de um anormal que é presidente da república, então só nos resta pegar em armas para pôr fim à ditadura de direita desse anormal – e eu declaro-me desde já disposto a pegar nelas para esse efeito.

Às armas, Portugueses! Cavaco é um fascista. Rua com Cavaco!

Mas o psitacídeo de Belém não só quer pôr fora da política portuguesa três partidos de uma só vez, ainda por cima eleitoralmente maioritários no seu conjunto, como ameaçou impor um governo de gestão da direita e da extrema-direita contra a constituição e contra os direitos civis e políticos dos cidadãos portugueses.

Sonhando com o rei D. Carlos, o analfabeto de Belém julga poder instaurar em Portugal um governo da ditadura dele com Passos Coelho, na mesmíssima forma em que o penúltimo dos Braganças instaurou a sua ditadura com João Franco.
Ah! Mas então também temos direito a armar um Buíça para cumprir o que a repetição da história recomenda! Cavaco julga ter mais apoio que o Bragança, pois conta com Bruxelas para nos coarctar a liberdade política e com Draghi para congelar os depósitos e pôr os portugueses a pão e água, como sucedeu na Grécia.

Mas aqui está completamente enganado.

Se Cavaco persistir em violar os princípios constitucionais e os fundamentos do funcionamento democrático do parlamento herdados de Abril, designadamente impondo ao país um governo de gestão capitaneado por Passos Coelho ou um governo de iniciativa presidencial, o Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses (PCTP/MRPP) propõe aos três partidos da esquerda parlamentar a convocação de uma concentração nacional em Belém para destituir Cavaco e uma greve geral nacional até ser indigitado para formar governo o secretário-geral do partido socialista António Costa, governo que todavia, não terá o nosso apoio.

Fora com Cavaco! Morte aos traidores!

23.10.2015

Arnaldo Matos