Ensaio

Revolução burguesa e revolução proletária

A moeda é a teia onde se movem os indivíduos nas sociedades humanas modernas.

A revolução burguesa fez-se, pois, com a transformação do dinheiro em capital e foi definitivamente vitoriosa ao fazer da moeda o santo e a senha de todas as relações e actividade humanas.

Sem dinheiro morre-se de fome mesmo que não falte comida. Com dinheiro o impossível faz fronteira sempre mais além.

Porquê?

Porque o capital evoluiu à medida do trabalho que continha e só progride na medida do trabalho que promove.

É pela sua inseparável relação com o trabalho que o capital se formou, subsiste e é universalmente abraçado.

O resultado da relação do capital com o trabalho é a extraordinária concentração humana de transformação organizada da realidade conjugadamente com um fabuloso desenvolvimento científico e técnico num grau nunca antes alcançado.

Mas o capital é gato escondido com rabo de fora. A sua ferocidade vem ao de cima sempre que bule onde ele também radica: a propriedade.

É que se o capital esteve sempre e enquanto capital nunca deixa de estar intimamente ligado ao trabalho não deixa por isso de o trair permanentemente como instrumento de saque que é.

Na sociedade mercantil moderna toda a transformação operada pelo trabalho enquanto mercadoria é em moeda que se expressa, e, no mercado, em moeda se compra e em moeda se vende.

A transformação da força de trabalho em mercadoria levada a efeito pela revolução burguesa originou uma sociedade de pessoas livres mas desiguais. Poucas têm quase tudo enquanto muitas pouco mais têm do que força de trabalho posta à venda.

É com a compra e a venda da força de trabalho que o capital cresce. Concentra-se tanto mais quanto mais arruína pares, quanto mais avoluma população proletarizada e quanto mais do proletário retira mais-valia, isto é, horas contabilizadas mas não pagas de trabalho efectuado encobertas pelo pagamento do salário.

É contra esta economia de ocultação, de engano e de esbulho que as populações lutam e que os comunistas se batem pela sua superação.

Quanto mais cresce o capital, menor o número dos magnates que o detêm ou controlam, e maior a massa dos deserdados, empobrecidos e intimidados detentores do que o avoluma: a força de trabalho!

O capital cumpriu uma histórica missão de exaltação da ciência e do trabalho.

Mas fê-lo no quadro da exploração do homem pelo homem.

Há pois que perceber e denunciar os constrangimentos assim como as imposturas e crimes do capital.

Há que fazer o inverso do que a burguesia fez. Ao contrário de transformar o dinheiro em capital, há que do capital libertar o dinheiro para que a troca monetarizada ocorra no quadro de relações de produção nas quais é abolida a condição de mercadoria tanto para os meios de produção como para a força de trabalho.

Na economia burguesa a quantidade de trabalho incorporado na mercadoria é que lhe determina o valor de troca.  Para a burguesia tudo deve transformar-se em mercadoria exacerbando a apropriação privada do produto social à máxima exclusividade.

Na economia socialista o transitório valor de troca é determinado pelas especificidade do produto e produtividade no processo da sua obtenção. Os meios de produção e a força de trabalho são postos em causa enquanto mercadoria e o exclusivo na apropriação privada do produto social é combatido.

Na economia comunista há tão só valor de uso pois nela vigora o princípio de a cada um pelo que precisa e de cada um pelo que pode. Tal significa que o produto deixa de ser mercadoria e a apropriação privada do produto social deixa de ser exclusivamente para alguns para ser para todos plenamente na pessoa de cada um.

Out2022

Pedro

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