INTERNACIONAL

Quem vai pagar a factura da reconversão do aparelho produtivo capitalista?

Ainda nem se procedeu ao funeral de mais um nado morto que dá pelo nome de COP 25 – mais uma daquelas famigeradas Cimeiras da Terra que há mais de 40 anos só produzem mentira e vacuidade – e já a comissária política nomeada por Angela Merkel – chefe do IV Reich – para dirigir a superstrutura que representa os interesses da Alemanha nos territórios ocupados e dominados da Europa, a alemã Ursula von der Leyen, anunciava o seu programa político e financeiro para transformar a Europa no primeiro continente verde do planeta.

Não demoraram muito tempo os imperialistas alemães a avançar com o que já havíamos – e fomos os únicos a fazê-lo – denunciado no artigo “O eco-histerismo e as teorias neo-malthusianas”, publicado no passado dia 7 de Dezembro nas páginas do Luta Popular online, isto é, que todo o histerismo em volta das teorias do aquecimento global visava, apenas e tão só, preparar as condições para a opinião pública e publicada começar a defender que devem ser os operários e os trabalhadores a pagarem os custos da reconversão do aparelho produtivo capitalista, para que este, confrontado com as denúncias da poluição atribuíveis ao modo de produção capitalista – assente na ganância, na morte e na guerra – consiga sacudir as acusações de poluente e criminoso e passar a afivelar a máscara de verde e amigo do ambiente.

Parecendo de uma generosidade extrema – e extremosa –, Ursula anunciou um pacote de 100 mil milhões de euros para reconverter a indústria e, promete, atingir aquele desiderato. Esqueceu-se, porém, de anunciar o que está associado a tamanha bondade:

  1. Quem serão os principais beneficiários de tamanha mobilização de recursos financeiros? Certamente, e à cabeça, a indústria automóvel alemã, cada vez mais apostada – no âmbito da concorrência desbragada a que assistimos entre as diferentes potências imperialistas – na produção de viaturas eléctricas e híbridas e nas energias renováveis (com uma das empresas líderes de mercado em energia eólica – a SIEMENS – à cabeça). Toda a fileira industrial que lhe está associada e que se espalha por diferentes sectores de actividade, mas não só; toda a fileira agro-industrial e a indústria transformadora de ponte na Europa;
  2. Quem vai pagar a factura de tamanha generosidade? Claro que serão os operários e os trabalhadores europeus, sobretudo aqueles que vivem e trabalham nos países considerados como os elos mais fracos do sistema capitalista e imperialista europeu;
  3. Aproveitam, pelo caminho, para escamotear que, por maior que seja a reconversão da indústria, sob modo de produção capitalista ela irá continuar a assentar no esgotar de recursos da Terra e na impiedosa exploração dos operários e dos trabalhadores, não resolverá o problema da poluição – porque este é endógeno do modo de produção capitalista – e a morte e a guerra continuarão a ser a panaceia do sistema para assegurar a acumulação capitalista.

Ainda ecoa na comunicação social mundial o anúncio de que a revista americana TIME atribuiu à infanta Greta o estatuto de personalidade do ano e já podemos concluir quais foram os objectivos da algazarra que ela e todos os restantes eco-histéricos tão diligentemente produziram, com meios financeiros tão generosos como aqueles que a Ursula agora anuncia para a reconversão industrial da Europa. Fazer barulho e lançar fumo a leste para justificar o fogo que outros se preparavam para atear a oeste a fim de encurralar operários e trabalhadores.

Esta é a armadilha que temos vindo sistemáticamente a denunciar e para a qual os movimentos, associações e personalidades do campo do eco-histerismo têm tentado arrastar operários e trabalhadores, não só da Europa como em todo o mundo. Claro que sabemos que a estes palermas só foi incumbida a tarefa de montar e espalhar as armadilhas. A sua concepção e fabrico foi da responsabilidade dos mandantes – os capitalistas, os imperialistas, as grandes multi-nacionais poluidoras e rapaces. Havia que criar o momento, a ideia, o conceito de que estamos perante uma “emergência climática” para, de seguida, apresentar a solução!  E as Gretas do nosso descontentamento, pelos vistos, estão a consegui-lo!

E eis que a solução chega sob a forma de 100 mil milhões de euros, como primeira de uma de várias tranches a avançar para um programa de reconversão industrial. Têm aí, preto no branco, para o que está a servir o eco-histerismo. Para que está a servir a campanha de terror e medo instalados em torno de uma alegada – mas não sustentada por qualquer comprovação científica – “crise climática”. Para servir de capacho ao capitalismo e, para já, servir os interesses do imperialismo europeu no contexto de uma guerra comercial que envolve duas superpotências – EUA e China – e várias potências regionais – Alemanha, França, Reino Unido, Rússia, Japão, etc. –, guerra que irá degenerar, certamente, num conflito militar à escala mundial.

Cabe aos operários e trabalhadores arredar da luta por um ambiente melhor e respirável no planeta, esta pequena burguesia inconsequente e tola, afastando-a da direcção da mesma, e focando-se na luta pela destruição do modo de produção capitalista e imperialista, único responsável pela poluição a que assistimos por todo o mundo, fruto de uma selvática pilhagem dos recursos naturais e da imposição de um sistema de escravatura assalariada, preparando-se para transformar a guerra imperialista numa guerra pela destruição do modo de produção capitalista e imperialista e pela construção de um modo de produção comunista.

12DEZ2019

LJ