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A propósito das declarações de Passos Coelho no passado dia 7 - Carta do SINDEM ao Secretário-geral da CGTP-IN

O Sindicato da Manutenção do Metropolitano dirigiu uma carta ao Secretário-geral da CGTP-IN, no seguimento do anúncio das mais recentes medidas terroristas, feitas por Passos Coelho, carta essa cujo texto acabámos de receber na nossa redacção e que, pela sua enorme importância, publicamos na íntegra.

 

Lisboa, 11 de Setembro de 2012

Exmo. Senhor

Arménio Carlos

Ilustre Secretário-Geral da CGTP-IN

Camarada,

Perante o anúncio pelo chefe do governo PSD/CDS, na passada 6ª feira, de novas e agravadas medidas terroristas contra os trabalhadores, o que se impunha, e impõe, a todas as organizações dos trabalhadores é que lhe respondessem de imediato com o combate firme e decidido que a gravidade dessas medidas exige e impõe, ou seja, com a imediata convocatória de uma Greve Geral Nacional, e, desta vez, com o objectivo, muito claro, do derrube do governo Coelho/Portas.

Porém, a CGTP, fazendo-se aliás eco da perturbação e das hesitações que têm assolado o Partido que mais a influencia, optou por umas quantas pífias realizações, a culminarem a 1 de Outubro, num dia destinado a comemorar o vosso aniversário e que designam de dia de luta, mas que, a manterem-se as coisas como estão, não será mais do que um verdadeiro dia de luto.

Dizemos-vos, assim, frontalmente que discordamos por completo dessa vossa atitude e que, desta forma, a CGTP e os seus dirigentes se arriscam muito seriamente a serem criticados e atacados pelo Povo Português como uns dos responsáveis por mais este miserável ataque contra quem vive do seu trabalho. É que quem não apela à luta, e à luta consequente, numa situação destas é, afinal, tão responsável como são os partidos de direita que estão a tentar extorquir aos trabalhadores os poucos e magros direitos que ainda lhes restam.

O Sindem, os seus dirigentes e associados, como bem sabem, têm participado activamente em todas as lutas mas, até por isso mesmo, não podemos deixar de vos advertir fraternalmente para que, ao não ter dito aos senhores da Tróica pura e simplesmente que se fossem embora pois não são cá bem-vindos, assim como ao apresentar, em jeito de resposta à mesma Tróica, uma mera proposta de aumento salarial de um mísero euro por dia, e sobretudo, ao não partir de imediato, perante o discurso provocatório de Passos Coelho, para a convocatória de uma greve geral, a CGTP, de tanto querer ser o centro, vai mesmo é acabar por perder a Esquerda, ou seja, os trabalhadores e demais elementos do povo que justamente desejam e vão lutar, queiram os seus dirigentes ou não queiram.

Por tudo isto, insistimos ainda e uma vez mais em que deve ser convocada uma nova greve geral nacional, em que a sua convocatória e realização devem ser imediatas ( e não apenas para aquando da discussão do orçamento) e em que  tal greve deve – pois os trabalhadores, e muito bem, já não aceitam lutar sem objectivos – ter por objectivo o derrube do governo PSD/CDS e a constituição de um governo democrático patriótico que rejeite o pagamento da dívida e a política da Tróica e que aplique um plano de desenvolvimento da economia nacional assente desde logo na nacionalização, sob controlo dos trabalhadores, da Banca e das grandes empresas dos sectores estratégicos da economia, num conjunto de investimentos produtivos de modernização e reapetrechamento nos portos e ferrovias, construção e reparação naval, metalurgia e metalomecânica, nas minas, na agricultura, nas pescas e nas novas tecnologias.

É esta forma de luta e são estes os objectivos que vos instamos a adoptar, e de imediato, sugerindo desde já a convocatória de todas as organizações de trabalhadores, incluindo as não filiadas na CGTP bem como as não filiadas em qualquer central, para discutir e preparar adequadamente a organização e realização vitoriosa da greve geral.

A hesitação e a complacência cúmplices só podem conduzir à derrota. Mas com luta, firme e decidida, e com objectivos claros e justos, é possível vencer! Vamos, pois, à luta, com uma greve geral imediata!

Por fim, e dada a importância destas questões, decerto que compreendem que dentro de três dias o Sindem torne pública esta carta, fazendo-a chegar quer à generalidade das organizações sindicais, quer à imprensa.

POR UMA NOVA E IMEDIATA GREVE GERAL NACIONAL!

CONTRA A POLÍTICA DA TRÓICA!

PELO DERRUBE DO GOVERNO PSD/CDS!

POR UM GOVERNO DEMOCRÁTICO PATRIÓTICO!


Saudações fraternais

A Direcção do Sindem