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Partido

SESSÃO COMEMORATIVA DO 1º DE MAIO VERMELHO
 

Uma entusiástica e proveitosa jornada de debate em torno da estratégia, da táctica e do Partido do proletariado.

1maio1A comemoração do 1º de Maio Vermelho realizada pelo Partido saldou-se por uma participada e entusiástica jornada de luta e de debate em torno das tarefas dos comunistas e do proletariado na etapa actual da revolução, em contraposição com as manifestações folclóricas revisionistas.

Com uma sala cheia e a sede decorada com cartazes e documentos alusivos às realizações do Partido neste dia 1º de Maio nos anos da clandestinidade e nos que se seguiram ao 25 de Abril de 1974, os camaradas e amigos do Partido que aqui se deslocaram de vários pontos do país encontraram um ambiente com canções revolucionárias do Coro O Horizonte é Vermelho, da comuna de Paris, da resistência operária italiana e da guerra civil de Espanha, tendo tido ainda oportunidade de assistir à exibição de um vídeo evocativo de alguns momentos da vida e da luta do Partido nos anos que antecederam e se seguiram ao golpe de Estado de 25 de Abril.

Antes das intervenções e depois de cantada a Internacional os participantes nesta sessão homenagearam de forma comovida com um minuto de silêncio a memória do membro do Comité Central camarada Artur Antunes, recentemente falecido, estendendo essa homenagem a outros camaradas que também há pouco nos deixaram.

1maio2O primeiro orador a tomar a palavra foi o camarada Fernando Firmino, membro do Comité Central e Secretário do Comité Regional de Setúbal que, começando por evocar o heroísmo dos operários de Chicago, não quis deixar de lembrar igualmente a manifestação no 1º de Maio de 1891 dos operários franceses, na cidade de Fourmies, no norte de França, que foi sanguinariamente reprimida. Finalizou a sua intervenção apelando aos operários das grandes fábricas do distrito de Setúbal, desde os estaleiros da Mitrena às fábricas do Parque Industrial da Autoeuropa, que se unam aos restantes irmãos de classe na vanguarda da luta pela semana das 35 horas, importante passo para outras batalhas contra exploração capitalista, rumo à sociedade comunista. 

1maio4Seguiu-se no uso da palavra a camarada Maria Paula Matos, membro do Comité Central do Partido, que depois de frisar mais uma vez o exemplo dos operários e dos comunistas que, na sua missão histórica, têm travado ao longo dos anos duros combates pela instauração da sociedade comunista, apelou à unidade dos militantes do Partido em torno das tarefas que o Partido tem pela frente, designadamente no campo da organização e da preparação das próximas batalhas eleitorais, pondo de lado a intriga e colocando o Partido acima dos interesses pequeno-burgueses pessoais e mesquinhos e ripostando com firmeza às manobras e golpes liquidacionistas.

1maio5A camarada Cidália Guerreiro, membro do Comité Central, que interveio de seguida, abordou de forma desenvolvida e à luz dos princípios marxistas a actual situação da mulher operária e trabalhadora, continuada e persistentemente vítima maior do sistema capitalista e imperialista, onde é duplamente explorada e sujeita a uma discriminação salarial e de género, abordando ainda de forma correcta o fenómeno da violência doméstica que atinge maioritariamente as mulheres. Terminou apelando a um reforço da organização das mulheres comunistas e proletárias para, em torno das suas reivindicações específicas, fortalecerem a luta mais geral de todos os operários e operárias pelo seu objectivo político fundamental do derrube do modo de produção capitalista e a sua substituição pelo modo de produção comunista.

Finalmente, numa aguardada intervenção que correspondeu inteiramente às expectativas dos presentes, o camarada Arnaldo Matos começou por expor de forma brilhante e muito clara a análise marxista do desenvolvimento das sociedades desde que o homem existe, do comunismo primitivo à actual do imperialismo, e dos sucessivos modos de produção e relações de produção e das classes que os caracterizam.

Mas foi no exame dos erros cometidos por Lenine na revolução russa e por Mao na revolução chinesa que o camarada Arnaldo Matos corajosa e frontalmente, sem deixar de continuar a revelar a sua admiração por tais dirigentes, demonstrou, à luz do marxismo, em particular no que se acha escrito no Manifesto do Partido Comunista, que esses erros representaram uma incorrecta aplicação e, senão mesmo, desconhecimento do que Marx havia já examinado e desenvolvido nas suas obras fundamentais.

Erros que estiveram na origem do fracasso inevitável das revoluções em causa.

Foi o caso da introdução por Lenine e Mao de uma fase intermédia entre o capitalismo e o comunismo – a etapa do socialismo e a NEP na Rússia soviética e da democracia nova (a democracia é sempre uma expressão do capitalismo, nas palavras do camarada) na revolução chinesa de 1949 – fase essa que Marx nunca defendeu.

Também os erros contidos na obra de Lenine O Imperialismo, estádio supremo do capitalismo mereceram o exame rigoroso e científico do camarada, nomeadamente a respeito da definição do capital financeiro feito naquela obra como a fusão do capital industrial com o capital bancário, sendo que há mais capital para além do capital financeiro, bem como ainda a política desastrosa do grande salto em frente desenvolvida na China por Mao.

Esta análise, aqui muito abreviada, levou o camarada Arnaldo Matos a defender como linha estratégia da classe operária na fase actual da revolução o marxismo, o estudo profundo da teoria científica de Marx e das ideias novas agora suscitadas e cujo debate e divulgação junto do proletariado se torna indispensável e urgente.

E quanto à táctica, ainda leninista, defendeu o camarada que deve ser a da transformação das guerras imperialistas (o imperialismo mundializou-se e localizou-se) em guerras civis revolucionárias que permitam instaurar o modo de produção comunista, deixando claro que o carácter nacionalista da revolução deixou de existir – como justamente defendia Marx, os operários não têm pátria.

A terminar, e no que respeita à organização, o camarada Arnaldo Matos, louvando-se no princípio materialista dialéctico de que é o movimento que cria as ideias e não o inverso, assumiu a necessidade de a classe operária dispor de um Partido comunista operário em que no seu seio e apenas entre os seus militantes se institua uma discussão de ideias mais aberta e ampla, sem intimidações nem perseguições, que conduza a uma unidade mais férrea na aplicação das decisões.

No final, o camarada foi merecida e calorosamente aplaudido de pé.

1maio3Seguiu-se então um vivo e amplo debate que serviu para aprofundar os temas acabados de abordar e para evidenciar o elevado domínio da teoria e filosofia marxistas por parte do camarada e a sua grande e legítima preocupação de nos dedicarmos ao estudo destas novas ideias e, em particular, assimilarmos as causas agora dissecadas das derrotas sofridas pelo proletariado nas revoluções burguesas na Rússia e na China e, assim, contribuirmos para preparar o proletariado para as revoluções que terão agora de conduzir à instauração do modo de produção comunista no planeta.
 

2MAI18


Carlos Paisana

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