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A GREVE DOS MÉDICOS 

UMA GREVE CONTRA O GOVERNO, MAS TAMBÉM CONTRA O PCP E O BE 

medico1A exemplo e no seguimento das greves dos enfermeiros e outros trabalhadores da saúde, os médicos acabaram de realizar uma greve de três dias que se saldou por um êxito, não apenas pela adesão que obteve como pelo apoio com que contou da parte dos trabalhadores e do povo em geral.

Os médicos convocaram esta greve tendo como objectivo, não reivindicações de natureza salarial, mas a redução do trabalho suplementar de 200 para 150 horas anuais e do trabalho em urgências para um máximo de 12 horas semanais, e ainda a redução da lista de doentes de 1900 para um máximo de 1500 por cada médico de família. 

No fundo, tudo medidas que já se impunham como inadiáveis desde o governo de traição nacional PSD/CDS e que a Tróica impediu que fossem tomadas, conduzindo a uma degradação insuportável do já por si depauperado serviço nacional de saúde.

Ou seja, o que estes profissionais de saúde, juntando-se aos enfermeiros e técnicos auxiliares de diagnóstico, vêm pôr a nu é o facto de estarmos perante um governo que em nada se distingue do governo de lacaios Coelho/Portas na política de liquidação dos serviços públicos, com particular gravidade do Serviço Nacional de Saúde, empurrando cada vez mais os trabalhadores para a medicina privada, cujos lucros não cessam de aumentar.

Os argumentos para justificar esta actuação pouco diferem: o governo anterior, invocava as imposições da Tróica e da política de austeridade, de miséria e doença por ela ditada; o actual governo do PS, invoca exactamente o mesmo: os compromissos internacionais impostos pela Alemanha que agora até conta com um lacaio português como presidente do eurogrupo.  

medico2Mas, atenção. Esta luta dos médicos não se dirige apenas contra o governo do PS de Costa; ela dirige-se também contra o oportunismo dos partidos dito comunista (PCP) e de esquerda (BE) que têm mantido o PS no poder e que, portanto, não podem deixar de ser responsabilizados pela sua política.  

E esse apoio, dão-no exactamente através do seu voto na aprovação dos sucessivos orçamentos de Estado, instrumentos políticos do governo de António Costa que têm consagrado precisamente os cortes nas despesas com a saúde, e únicos responsáveis, portanto, pela situação que agora é justa e vigorosamente denunciada por todas as organizações profissionais dos médicos. 

Ora, se o agravamento da prestação de cuidados de saúde e assistência médica se deve exclusivamente aos orçamentos de estado que têm sido aprovados com o voto do PCP e do BE, como podem estes partidos ter a suprema lata e o mais desavergonhado descaramento de declarar simultaneamente o seu apoio à greve dos médicos e dos restantes trabalhadores da saúde?

Enquanto não se deixar de pagar uma dívida pública que não foi o povo português que contraiu e que serve de pretexto para submeter o país aos níveis do défice impostos pela Alemanha e a sua União Europeia, nada se alterará substancialmente.

O mesmo quer dizer que enquanto não se correr com este governo, as condições de vida e a exploração dos funcionários públicos continuarão a piorar e a qualidade dos serviços de saúde e de todos os serviços públicos inexoravelmente a degradar-se. E tudo isto com o aval e cobertura indisfarçáveis do PCP e BE.  

14MAI18                                                                                        

 Carlos Paisana