PAÍS

O PARLAMENTO BURGUÊS FALIU!

Não, Sr. presidente, não estamos perante “um berbicacho”, estamos perante a falência do parlamento burguês! do modo de produção capitalista!

Todos os partidos do arco da governação, sem deixar de fora o chefe de orquestra e sustentáculo desse governo, Marcelo Rebelo de Sousa, entraram num desvario alucinante, numa correria frenética, numa perplexidade hipócrita que mais não é do que o estertor do sistema capitalista, necessitando urgentemente de novas vestes e mais poder para travar a luta e o movimento de contestação que o precede e não um “berbicacho” como popularuchamente o caracterizou Marcelo.

Após seis anos de governo do PS conscientemente sustentado e legitimado pelas suas muletas — PCP e BE — e um pouco mais de um mês após as eleições autárquicas, em que a abstenção continuou a sua subida paulatina e inexorável o que mais não é do que um claro chumbo do povo a esta política, assistimos à autofagia do próprio parlamento, e isto porque a geringonça já não tem serventia para o capital. Já cumpriu a sua função de traição ao impedir e paralisar as lutas do povo e dos trabalhadores, empatando-os e iludindo-os com reformas, já não pode ocultar que está ao serviço do imperialismo, obedecendo nomeadamente aos ditames do imperialismo europeu, para, numa manobra desesperada de sobrevivência, mas também de hipocrisia e traição, tentar desvincular-se do que andou a ocultar e defender durante seis anos! Por mais voltas que dê não há como desresponsabilizar-se da política que apoiou e deixou implementar.

O presidente da República quer fazer crer que a sua posição é imparcial, mas tudo fez para favorecer a sua clique.

O sr. Costa e o PS querem fazer crer que tudo fizeram para a aprovação do orçamento e evitar eleições, mas o que querem é eleições porque pensam que estas os vão reforçar.

O P“C”P e o B“E” querem fazer crer (até a si próprios) que estiveram e estão contra a política da tróica, mas suportaram um governo de continuação da política da tróica durante seis anos!

A direita quer fazer crer que quer eleições já, mas entrou numa desesperada correria frenética para apresentar uma “proposta política credível”.

Os mesmos que se digladiam a propósito de tudo e de nada, unem-se para fazer crer que democracia é votar de xis em xis anos ou sempre que o presidente convoca eleições, mas a democracia não é nada disso nem é isso o que o Povo precisa e quer.

O quadro de fundo desta palhaçada política em que todos mentem e que é alimentada por abundante e intoxicante comentarismo noticioso, é composto por: 1) uma crise energética, provocada pela transição energética em curso, resposta imperialista às chamadas alterações climáticas, 2) uma crise de matérias-primas e produtos intermédios como chips, provocada pela “resposta” imperialista à chamada pandemia, 3) e um acumular de factores de rebentamento da bolha financeira provocada pela emissão monetária sem limites pelos bancos centrais imperialistas.

A reconfiguração do capitalismo, com a transição energética e digital em força, a mais que certa inflação e desemprego, a aplicação de medidas repressivas ensaiadas durante a chamada pandemia, exige medidas ainda mais ferozes incluindo as necessárias para criar os instrumentos de repressão que impeçam as lutas que se desenham. E o ataque à classe operária e outros trabalhadores obriga a outras coligações e a outros jogos de poder, entre os quais os que resultem na alteração da constituição que necessitam. Ou isto ou não há “bazuca”. A UE cobra!

É o poder do capital sobre o trabalho.

A questão está apenas em saber se este era o tempo certo para essas alterações, ou se a ganância, a febre do poder e antevisão de encherem os bolsos lhes turvou a visão. E essa é a única divergência entre eles. Por isso, todo o teatro a que assistimos durante uma pseudo discussão de orçamento, na qual nenhum dos partidos estava verdadeiramente interessado, assim como a farsa a que estamos a assistir com as duas muletas a descabelarem-se para fazer crer que há outras soluções! Tal como o presidente da República não quererão eleições, pois já antevêem os resultados. Contudo, já deviam saber que Roma não paga a traidores!

A pseudo discussão do orçamento com a reprovação do mesmo por todos os partidos, serviu exactamente para isso, para forjar argumentos que os posicionem face a novas eleições. Por essa razão, todos precisavam de o contestar e reprovar, mas, em boa verdade, nenhum partido queria eleições antecipadas, dadas as contradições existentes no seu interior. E agora é um esfalfar de criar falsas unidades, de arrumações e gritarias para assegurar que cumprem as orientações dos chefes e que tudo está pronto para a chegada dos tão ansiados milhões, aspecto que já dominou as eleições autárquicas, como bem vimos. E o maior manipulador de todos, o tal negociador António Costa, urde tranquilamente a sua teia.

Estas são as particularidades nacionais de um quadro de fundo que é mundial e que contém fortes factores de guerra. No geral continua a dominar o bom-alunismo. Portugal é quase sempre o primeiro a alinhar nas políticas imperialistas em todos os aspectos: se a questão é a transição energética, toca de fechar a refinaria de Matosinhos e as centrais termoeléctricas de Sines e do Pego, iniciar a mineração do lítio, manter os impostos altos sobre os combustíveis e a electricidade, aceitar um método de preços flutuantes da energia gerador de rendas milionárias para os produtores mais bem colocados no processo de produção da mesma (a venda das barragens já de si foi um negócio e pêras para alguns, agora a coisa multiplicou-se por muito); se a questão é a pandemia, aí está o país em primeiríssimo lugar em tudo, mas especialmente em esmagar a classe operária; se a questão é a transição digital, lá temos o exemplo, a Web Summit, o governo digital, etc. etc.; se a questão é geo-política, lá temos o país a secundar Biden na diabolização dos “inimigos” ou a reconhecer os Guaidós de todo o mundo; e por aí fora. Em duas palavras: sabujos provincianos!

Mas não há saída nesta bola de fogo da depredação assalariada senão a abolição da escravidão. Disse Mao Tsé Tung “ou a revolução (popular) impede a guerra imperialista ou a guerra (imperialista) desencadeia a revolução”.

Não há solução no quadro duma democracia de faz de conta, de falsidade, de ocultação, de corrupção, de delapidação, de alienação, de esbulho, de chantagem, de ocupação!

Os operários, os trabalhadores, os comunistas devem unir-se e prepara-se para as duras lutas que terão de enfrentar, nesta fase de transformações económicas e quando se antevêem alterações das relações de trabalho. É a luta pela sua sobrevivência, pela sua existência, por uma sociedade de iguais, que está em causa.

SÓ OS TRABALHADORES PODEM VENCER A CRISE!

CONTRA A SOLUÇÃO BURGUESA, PELA SOLUÇÃO OPERÁRIA!

PELO MODO DE PRODUÇÃO COMUNISTA!

07Nov2021

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