A EMEL Destrói Lisboa!
A Empresa Municipal da Mobilidade e Estacionamento de Lisboa (EMEL-EMSA), que tem por objecto a gestão e exploração do estacionamento público urbano tarifado de superfície no concelho de Lisboa, está a destruir a capital do País e a tornar impossível a vida dos cidadãos tanto residentes como visitantes .
A EMEL já destruiu grande parte da cidade antiga, do Restelo ao Parque das Nações, entre as linhas do Tejo e da Ferrovia, e prepara-se para liquidar os bairros periféricos todos ao mesmo tempo, de Belém à Ajuda, de Benfica ao Aeroporto, de Telheiras a Alvalade, dos Olivais à Encarnação.
A ideia de todos os partidos que tomaram de assalto a Câmara de Lisboa, desde Sampaio e João Soares, foi destruir o espaço público que constitui a rede urbana da cidade de Lisboa e vendê-lo à tarifa, transformando aquilo que já é a segunda fonte das receitas orçamentais na sua primeira fonte de rendimentos.
O espaço público das estradas, avenidas, ruas, becos, alamedas, parques, praças e jardins, rotundas e passeios foram desenhados e construídos para a beleza e respiração das cidades, e para o exercício da cidadania, da cultura, da criação artística e da unidade dos povos.
Tudo isso foi também construído para a circulação de viaturas, nomeadamente automóveis, e para o estabelecimento da relação entre mobilidade e estacionamento das coisas e dos homens, impostos pelo desenvolvimento económico e social e pela troca de mercadorias.
Gente supinamente inculta e governantes ignaros, como Salgado, Medina, Costa, Carmona, Santana, mas também João Soares, fizeram do espaço e do domínio público da urbanidade superfícies tarifadas, como se tudo isso tivesse saído dos cérebros dos arquitectos e urbanistas como parques de estacionamento para pagamentos automáticos. Vejam o que os monhés fizeram da belíssima Avenida da Liberdade, da imponente Praça do Marquês de Pombal, da Avenida do Brasil, da Universidade!
Lisboa já não tem vereadores e presidentes, tem apenas arrendatários de ruas ao metro quadrado. Porque não fazem silos e parques de estacionamento às entradas da cidade, gratuitos e seguros para quem apenas deseja viver nela ou conviver com ela?
Desde que existe, a EMEL abateu metade das árvores de Lisboa, destruiu todos os seus jardins floridos, eliminou todos os passeios onde antes podiam circular carrinhos de bebés.
Os cidadãos lisboetas velhos e novos, mulheres e homens, adolescentes e crianças são forçados a deslocar-se no meio dos arruamentos, pois deixou de haver passeios seguros e confortáveis para peões.
Para tomar uma refeição num tasco do seu bairro, um operário e outros trabalhadores têm de acrescentar ao preço das refeições mais um terço para a superfície tarifada. Por cada quatro sardinhas que come, a quinta é empalada pela EMEL e pelo Medina. Os pais não têm onde deixar os filhos nas escolas, porque os lugares à porta estão ocupados pela EMEL, assim como não os há junto das lojas, dos cinemas, dos teatros, das igrejas.
Isto tem de acabar! Isto não pode continuar assim!
A EMEL está agora a ocupar os parques de estacionamento dos condóminos em toda a cidade, designadamente nos Olivais, em Telheiras, em Benfica, na Alta de Lisboa, em Alvalade, no Restelo e na Encarnação.
Nos Olivais já distribuíram mapas onde os jardins aparecem rapados para parques de estacionamento de automóveis.
Esta ocupação do espaço público das vias de circulação pela Câmara de Lisboa é totalmente ilegal. A Câmara não pode tarifar a ocupação temporária do espaço das vias públicas.
Apelo à população de Lisboa para se organizar e se erguer contra a EMEL e contra o município de Lisboa. Devem criar–se comités populares nos bairros dos Olivais, Encarnação, Alvalade e outros locais onde a EMEL se prepara para ocupar ilegalmente e, ao fim e ao cabo, para roubar, como se dirá com toda a propriedade, espaços e vias públicas, ruas, avenidas e jardins que pertencem ao usufruto dos moradores desses bairros.
Abaixo a EMEL! A EMEL está a destruir Lisboa! Por isso deve ser ela totalmente destruída.
Organizemo-nos e escorracemos a EMEL das nossas vidas! A Câmara não é dona nem proprietária das vias, ruas e espaços públicos! Os espaços públicos são nossos!
09SET18
Arnaldo Matos