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EDITORIAL

     O Deutsche Bank

Ou a Cobra que Engoliu a Própria Cauda

Arnaldo Matos

Para todos os devidos e legais efeitos, o Deutsche Bank está falido. Pois é a mais pura das verdades: o maior banco alemão, aquele que era tão grande que jamais poderia falir, como então se dizia, afinal faliu mesmo. E a maior prova de que está falido é dada pelo próprio ministro das finanças da Alemanha, aquele odioso Wolfgang Schäuble que abomina os povos do Sul da Europa, quando corre a garantir que o Banco Alemão “é forte e tem capital suficiente.”

Ora, todos nós conhecemos estas práticas negacionistas, desde os não muito longínquos tempos em que o primeiro-ministro Passos Coelho, a ministra das finanças Maria Luís Albuquerque, o governador do Banco de Portugal Carlos Costa e o presidente da república Cavaco Silva negavam, em coro e a pés juntos, a incontornável insolvência do Banco Espírito Santo, que já se achava falido havia mais de dois anos. Pois é: também no caso concreto do Deutsche Bank, a mera negação do ministro das finanças Schäuble, acompanhada da negação do administrador financeiro do Banco, Marcus Schenck, constituem, por si sós e em si mesmos, a mais indesmentível confissão da falência do maior banco da Alemanha.

Desde a reconstrução da Alemanha pelo plano Marshall nos anos 50 do século passado, o Deutsche Bank nunca deixou de distribuir dividendos aos seus accionistas, nem sequer durante a crise do subprime, em 2008, aberta pela falência do banco norte-americano Lehman Brothers.

Mas a realidade é que tudo começou a correr mal para o Banco Alemão com os colossais prejuízos de 6,8 mil milhões de euros acumulados durante o ano de 2015.

Depois destes gigantescos prejuízos naquele ano, o Deutsche Bank cancelou imediatamente o pagamento de bónus aos administradores, a distribuição de eventuais dividendos aos accionistas no corrente anos de 2016, se os houvesse, o despedimento de 35 000 trabalhadores nos anos de 2016 e 2017 e o encerramento de 200 filiais.

Já em Abril passado, no fim do terceiro trimestre de 2015 e quando ainda não se tinha o quadro da verdadeira dimensão dos prejuízos a contabilizar, o banco alemão decidira efectuar um corte nas despesas no montante de 3,5 mil milhões de euros, até ao ano 2020.

Tudo começou não apenas a correr mal, mas a agravar-se para o Deutsche Bank: a quantia de 1,75 mil milhões de euros, emitidos em obrigações que podem ser convertidas em acções (obrigações CoCo) e outros títulos do banco sofreram baixas de 25%em bolsa.

Os custos dos contratos Swaps, que protegem os investimentos de risco na dívida do Deutsche Bank, mais que duplicaram. As acções tiveram uma queda em bolsa superior a 30%, atingindo o mínimo histórico desde há trinta anos. O banco alemão viu-se obrigado, nestas circunstâncias, a recomprar obrigações no montante de 4,7 mil milhões de euros, esperando com esta manobra desesperada afastar a desconfiança dos investidores, que expressaram abertamente a sua convicção na incapacidade do Deutsche Bank para pagar não só as obrigações, mas até os meros cupões dessas mesmas obrigações…

A situação desesperada em que se encontra o Banco Alemão levou os administradores Anshu Jain e Jürgen Fitschen a abandonarem a liderança do Banco, logo que as autoridades norte-americanas e britânicas obrigaram o Deutsche Bank a pagar uma multa de 2,5 mil milhões de dólares, para escaparem às acções criminais devidas à manipulação de taxas de juros.

O Deutsche Bank, o maior banco da Alemanha, e até há muito pouco tempo o terceiro dos dez maiores bancos do mundo, o banco amado de Schäuble e de Merkel, está rotundamente falido.

As consequências financeiras que uma tal falência pode trazer para a União Europeia, para a Zona Euro e para o Euro propriamente dito são incomensuráveis, e provocarão na Europa, senão no mundo, uma crise superior à provocada pela crise do subprime e pela falência do Lehman Brothers.

Veremos como Mário Draghi e o Banco Central Europeu, Jean-Claude Juncker e a Comissão Europeia, Madame Lagarde e o Fundo Monetário Internacional irão recuperar ou resolver o Deutsche Bank.

No caso de resolução, não se esqueçam que, em virtude do diploma em vigor sobre resolução bancária europeia, aprovado pela dedicada fidelidade canina da euro-deputada do PS Elisa Ferreira, os bancos portugueses podem ser obrigados a contribuir com dinheiro do povo português para resolver a falência do Deutsche Bank

Nós portugueses - operários e povo trabalhador -, por mais incrível que possa parecer, estamos condenados a pagar as nossas resoluções bancárias (BES, Banif, Novo Banco, BPN, BPP) e a contribuir para pagar as custas das resoluções dos outros bancos, designadamente de todos os bancos da Zona Euro.

Se não acreditam, obriguem os deputados da esquerda parlamentar a perguntar na Assembleia da República o que é que pode acontecer às finanças portuguesas, com a falência do maior banco da Alemanha, o banco da chancelerina Merkel e de Schäuble, se tiver de ser resolvido.

O Deutsche Bank, Merkel e Schäuble, as três cobras venenosas da Europa alemã, desta vez morderam cada um deles a sua própria cauda. Mas nós podemos ser chamados a ajudar a pagar os crimes autofágicos das cobras venenosas… Estejamos a pau!

15.02.2016



#Marcio César (Brasil) - 13.10.2016

O banco faliu, a crise mundial se prolongará por mais alguns anos, sacrificando cada vez mais os trabalhadores do mundo todo.

 

 

 

 

 

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Recebemos de um nosso leitor a carta que expressa a preocupação quanto ao previsível encerramento do hospital de Torres  Vedras e que, abaixo, transcrevemos na íntegra 

Exmos Srs,

Meu nome é Patrick Francisco, tenho 46 anos, e sou residente em Torres Vedras.

Tomei a liberdade de deixar aqui uma reflexão sobre uma questão fundamental para os cuidados de saúde na Região Oeste de Portugal.

Um dos temas que tem suscitado grande preocupação entre os torrienses e em toda a Região Oeste, está relacionado com o acesso aos serviços hospitalares. Até agora, a Região Oeste tem sido servida por 3 Hospitais, nomeadamente em Torres Vedras, Caldas da Rainha e Peniche.

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