CampanhaFundos202206

IBAN PT50003502020003702663054   NIB 003502020003702663054

PAÍS

foto02

É nesta parte que começa então a esquizofrénica encenação do “naufrágio no mar”, um simulacro de um naufrágio que nunca existiu, montado em conjunto, e sob a direcção da trapaceira Autoridade Marítima Nacional, pela Estação Salva-vidas do Instituto de Socorros a Náufragos de Sesimbra e do comando-local da Polícia Marítima de Setúbal, para limpar a imagem do crime de abandono em que se tinham enterrado até aos gorgomilos os cobardes e incompetentes estação salva-vidas do Instituto de Socorros a Náufragos e o comando-local da Polícia Marítima, ambos da Figueira da Foz.

A decisão de montar a encenação deste simulacro de naufrágio deve-se ao Chefe do estado-maior da Armada, isto é, ao Almirante Autoridade Marítima Nacional, Macieira Fragoso.

E a ordem para esta aldrabice foi dada às 10H00 da manhã do dia 23 de Outubro, o momento em que já tinha sido publicado o comunicado com o título “Novo Naufrágio no mar, salvos 14 pescadores em Sesimbra – actualização de informação”, e alguém mandou publicar, à mesma hora, o segundo comunicado, incensando a estação salva-vidas de Sesimbra e a Polícia Marítima de Setúbal: “Estação Salva-vidas e Polícia Marítima efectuaram salvamento esta noite em Sesimbra”.

Os primeiros socorros chegaram 40 minutos depois do alerta, com ordens peremptórias do capitão do proto de Setúbal, conforme nos contou o Mestre Manuel Piscaia: “vestir imediatamente os coletes, abandonar a traineira e passar para a balsa”.

Ora, os pescadores não corriam qualquer espécie de perigo e só pensavam em salvar a traineira do encalhe, para não perderem os seus meios e instrumentos de produção.

Os pescadores queriam um rebocador para levar a traineira para o porto de Sesimbra; não queriam mais nada, porque não corriam risco nenhum. Os 14 pescadores só abandonaram a sua embarcação por ordem do capitão do porto, e só envergaram os coletes, porque o capitão do porto dera ordens peremptórias para o caso. Os pescadores ficaram tão estupefactos com aquelas ordens estúpidas que nem atinavam com os lugares dos coletes, e foi um pescador que teve de vestir o colete ao mestre Manuel Piscaia, que ficou um pouco desnorteado com a hipótese de perder a traineira, perante as ordens malucas do capitão do porto.

Os pescadores não foram salvos, pela simples razão de que nunca estiveram em perigo. Os pescadores viram-se aliás naquela situação tragi-cómica da velhinha que é obrigada a travessar a rua à força, para que o escoteiro cumpra a sua boa acção daquele dia.

O próprio mestre Manuel Piscaia teve ocasião de explicar pacientemente aos seus esquizofrénicos salvadores que a tripulação preferia ficar toda a bordo da traineira à espera do rebocador, pois achavam-se em absoluta segurança. Os 14 pescadores só abandonaram a embarcação após repetidas ordens do capitão do porto de Setúbal, o capitão-de-fragata Luís Daniel Corona Jimenez.

Os meios materiais e humanos mobilizados para a encenação do simulacro do naufrágio pelo capitão do porto de Setúbal foram faustosos e espampanantes, em provocatório contraste com a total ausência de meios que se verificou no naufrágio real e dramático do Olívia Ribau na Figueira.

segredosdomar02

Com efeito, concentraram-se no mar da Praia dos Penedos uma embarcação da estação salva-vidas da delegação marítima de Sesimbra, duas outras embarcações da polícia marítima de Setúbal, a lancha Escorpião da Marinha, o patrulha oceânico NRP Figueira da Foz e o helicóptero da esquadra EH-101 da Força Aérea Portuguesa, estacionada no Montijo.

Um fartote de meios e um desbarato de dinheiros públicos para um naufrágio que nunca existiu… Só para limpar o esterco em que a Autoridade Marítima Nacional e os seus oficiais da Marinha se entulharam na barra da Figueira da Foz.

E, no porto de Sesimbra, encontrava-se uma nutrida equipa da Emergência Médica, com quatro ambulâncias, para receber náufragos que, felizmente, nunca naufragaram e onde ninguém estava ferido ou doente.

Mestre Piscaia foi metido quase à força numa das ambulâncias e despachado para o Hospital São Bernardo, em Setúbal, onde até tinha um genro médico de serviço, porque alguém, na faustosa equipa médica que o esperava no porto de Sesimbra, lhe detectou um quadro clínico de ansiedade. Pudera!

Mestre Piscaia estava bom do seu quadro ansioso no mesmo dia, duas horas depois do internamento, e correu para Sesimbra onde, conjuntamente com o presidente Ricardo Santos da armadora Sesibal, foram proceder à recuperação da traineira Segredos do Mar, então já varada para ligeira reparação.

Examinámos a traineira por fora e por dentro, na companhia dos operários que procediam aos consertos e, como se poderá ver pelas nossas próprias fotografias aqui publicadas, a traineira Segredos do Mar não naufragou: teve um ligeiro encalhe, em águas mansas, onde as pedras roladas da Praia dos Penedos terão desmantelado parcialmente o costão de bombordo e partido o emissor-receptor da sonda.

Essa encenação de um naufrágio, que nunca houve, em Sesimbra, para montar um simulacro da actuação da Autoridade Marítima Nacional e convencer o país que aquela autoridade é eficiente e que os pescadores e todos os homens do mar poderão confiar na capacidade da instituição para socorro dos naufragados, corresponde à chamada guerra psicológica que já não se via desde os infaustos tempos da guerra colonial.

O chefe do estado-maior da Armada deve pedir imediatamente desculpa ao país pela sua responsabilidade política, civil e criminal na morte, que foi um verdadeiro homicídio por abandono, dos cinco pescadores do arrastão Olívia Ribau na barra da Figueira da Foz.

E deve declarar-se pronto a que a Autoridade Marítima Nacional pague às famílias dos pescadores mortos por abandono as indemnizações que lhes são devidas.

Partilhar

Adicionar comentário


Código de segurança
Actualizar

Está em... Home País POLÍTICA GERAL Naufrágio do Arrastão Olívia Ribau - Autoridade Marítima Nacional: Um Coio de Aldrabões - A História do Naufrágio Encenado em Sesimbra…