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PAÍS

HOSPITAL JÚLIO DE MATOS E A DEGRADAÇÃO DO SNS

Ou Como o Ministro da Saúde se Cala para Acoitar os Amigos

A redacção do Luta Popular recebeu a cópia de uma carta enviada ao Ministro da Saúde, por trabalhadores do Hospital Júlio de Matos. Nela estão elencadas um conjunto de denúncias que vão da perseguição aos trabalhadores, até ao incumprimento e violação dos seus mais elementares direitos, como são o direito ao descanso e à justa remuneração por trabalho suplementar, passando pelo funcionamento irregular de órgãos e comissões e pela destituição e recusa em nomear chefias médicas e de enfermagem que se opõem a esta gestão, onde Conselho de Administração e directora do Departamento de Recursos Humanos se confundem numa mais completa promiscuidade. Na semana passada, um sindicato médico, completou estas denúncias apontando a completa desorganização dos serviços, com falta de material e mesmo de alimentação para os doentes.

O Luta Popular confirmou estas duas denúncias junto dos trabalhadores e constatou que o que se está a passar é o corolário de uma gestão sem norte, de cortes e de perseguição de quem se lhe opõe, com a cumplicidade do Director Clínico e do Enfermeiro Director.

Nomeados por José Sócrates e reconduzidos por Passos Coelho, esta administração tem-se mantido à frente do Hospital Júlio de Matos por aplicar as políticas governamentais de destruição e desmantelamento do Serviço Nacional de Saúde para entregar esta área estratégica às grandes empresas privadas. Aliás, as recentes declarações de Manuela Ferreira Leite, de que os idosos que necessitem de certos cuidados de saúde que os terão que pagar, é o exemplo típico do que estes senhores pensam de como devem ser os cuidados de saúde em Portugal.

Depois de encerrarem o Hospital Miguel Bombarda, esta administração prepara-se para fazer aquilo que sabe melhor fazer, encerrar o Hospital Júlio de Matos.

O clima de terror e perseguição a quem se opõe a esta política é tal que os trabalhadores têm medo de serem identificados e de serem despedidos, dando exemplos de tentativas já executadas por parte da administração, dizendo que necessitam que o Ministro da Saúde lhes garanta o fim das perseguições da mais variada ordem, a que são sujeitos, e que não serão despedidos por falarem e denunciarem estas poucas vergonhas, tendo já percebido que a liberdade de expressão em Portugal é uma mentira de pacotilha.

A lacónica nota que a ARSLVT emitiu, saindo a terreiro em defesa dos seus amigos do Conselho de Administração do Hospital Júlio de Matos, mais não é do que o perpetuar do seu apoio à política criminosa dos “cortes na saúde”, e o exemplo da promiscuidade das relações de favores existentes dentro do governo. Lembremos que foi esta mesma ARSLVT (onde só mudou o presidente) que apoiou a criminosa política de gestão que conduziu a, pelo menos, cinco mortes no Hospital de S. José, por falta de serviços médicos de Neurocirurgia, aos fins-de-semana; e que continua a dar apoio ao coordenador da DICAD, que nos três últimos anos se esforçou por fechar o único serviço gratuito de tratamento de doentes alcoólicos da região sul. Aliás este último é o exemplo de que a luta conjunta, de utentes e profissionais, pode derrotar esta política. A denúncia pública, por parte dos utentes e a firmeza e determinação dos profissionais, em especial dos enfermeiros, que fizeram um esforço titânico para manter o Serviço de Alcoologia aberto, goraram esta tentativa silenciosa de encerrar esta Unidade de Alcoologia.

Entretanto, por onde andam os partidos parlamentares? Tendo tomado conhecimento destas denúncias, acoitaram-se nos seus gabinetes e remeteram-se ao mais completo silêncio demonstrando, mais uma vez, que estão mais interessados em apoiar, a qualquer preço, um ministro da saúde que pouco se distingue de Paulo Macedo.

E o senhor ministro da saúde Adalberto Campos Fernandes? Vai tomar uma atitude firme e digna, ou vai ajudar a perpetuar a situação até que o Conselho de Administração do Hospital Júlio de Matos o destrua totalmente?

Por outro lado, todos os trabalhadores devem exigir, aos seus sindicatos, uma atitude activa no seu apoio e no desenvolvimento de formas de luta mais enérgicas com o objectivo da defesa do Serviço Nacional de Saúde e dos seus mais elementares direitos seguindo o exemplo dos seus colegas do Centro Hospitalar do Médio Tejo.

Devem ousar lutar para ousar vencer!

 

26.02.2016

Bastos




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