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Partido

A Propósito do Centenário da Revolução de Outubro

De súbito, um assunto que parecia totalmente esquecido toma de assalto o espaço público do debate político e ideológico em Portugal: o Centenário da Revolução de Outubro.

Em termos de debate no espaço público, tudo começou na Urgeiriça, município de Canas de Senhorim, distrito de Viseu, no dia 6 de Novembro passado, quando, por iniciativa de um grupo de uma dezena de militantes do nosso Partido no Maciço Central, tive oportunidade de discutir com eles os mais importantes temas teóricos, políticos e ideológicos suscitados pela experiência da Revolução de Outubro na antiga Rússia Czarista.

Os temas centrais aí abordados, gravados e distribuídos em vídeo pelo Partido, foram depois publicados no Luta Popular Online, a 16 de Novembro, e deram a volta ao Mundo, perdoe-se-me a imodéstia, sendo hoje em muitos países e numa parte significativa do movimento comunista operário marxista conhecidos como As Teses da Urgeiriça.

O que há de essencialmente significativo nessas teses é que elas colocam, quanto seja do meu conhecimento, pela primeira vez em evidência os erros sobre a natureza de classe da Revolução de Outubro, que não foi nem podia ser uma revolução operária socialista, mas uma grande revolução burguesa capitalista, do tipo da Grande Revolução Francesa de 1789, muito embora dirigida na sua fase final pelo proletariado e assumindo em muitos aspectos uma natureza proletária.

Essa revolução levou não à liquidação do modo de produção capitalista e à edificação do modo de produção comunista – nem aliás o poderia levar, dada a natureza mista, feudal e burguesa, da sociedade czarista -, mas a um tipo de sociedade até aí desconhecido – a sociedade capitalista monopolista de Estado, que, em parte Lenine, mas sobretudo Estaline e a Academia das Ciências da União Soviética qualificaram como sociedade socialista e até como sociedade socialista sem classes…

Esta experiência trágica repete-se trinta e dois anos depois na República Popular da China, e, mais uma vez, uma sociedade burguesa capitalista monopolista de Estado, na sua fase imperialista moribunda, é confundida com o socialismo e imposta a exploração desenfreada dos operários.

Depois do Colóquio da Urgeiriça, toda a gente desata a querer discutir em Portugal e não só a Revolução de Outubro e o Marxismo. É bom! É mesmo muito bom!

No Congresso do Partido Comunista Português (PCP), realizado entre 2 e 4 deste mês, foi aprovada uma resolução sobre a celebração do Centenário da Revolução de Outubro, onde em três folhas A4, nem uma só vez aparece a palavra comunismo ou o vocábulo marxismo.

Para o PCP de Cunhal e Jerónimo de Sousa, toda a História acaba na revolução socialista de Outubro e, aqui em Portugal, para chegarmos a ela, não tivemos de lutar pela instauração do modo de produção comunista e da sociedade comunista, mas pela instauração do socialismo, seguindo a estratégia da luta pela Democracia Avançada, sob a unidade patriótica de esquerda…

Na Universidade Nova, primeiro a 22 de Dezembro e, depois, a 26 do mesmo mês, foi anunciada uma nova celebração da Revolução de Outubro, para a qual celebração foram convidados anti-marxistas confessos, como Pacheco Pereira, Fernando Rosas, Teresa Almeida Cravo e Paula Godinho, mas não foi convidado nenhum marxista português.

Ao mesmo tempo, o mesmo grupo anti-marxista declarou a sua intenção de realizar a 2, 3 e 4 de Novembro de 2017 o III Congresso Internacional Karl Marx, para o qual foram convidadas personalidades anti-marxistas de todos os quadrantes, desde Alfredo Caldeira, Fernando Rosas, Paula Godinho, gente que esteve no PCTP/MRPP e do qual desertaram ou foram expulsos por não serem marxistas, até indivíduos que sempre odiaram o marxismo, como Pacheco Pereira, Mário Vieira de Carvalho, Boaventura Sousa Santos e Francisco Louçã.

Esta movimentação anti-comunista e anti-marxista à volta da Revolução de Outubro e da Teoria Marxista assustou muita gente, diferente todavia da escumalha do grupelho liquidacionista de Garcia Pereira, Domingos Bulhão e Conceição Franco, porque esses, de marxistas, não têm nem nunca tiveram nada.

Garcia, sob o pseudónimo de Vladimir U – imagine-se a prosápia deste ignorante do marxismo e do leninismo, a invocar para si e sem vergonha o nome de Lenine ?!... –    - atirou-se ao Colóquio da Urgeiriça, mas façam o favor de o ler, para verem o grau de ignorância e estupidez a que Garcia chegou, quando não me tem por perto e não pode fazer o seu papel preferido de papagaio palrador!...

As pessoas preocupadas com o que se está a passar no movimento marxista operário comunista em Portugal e no Mundo, ligadas ao nosso Partido mas parecendo querer frequentar uma terceira via entre o marxismo do PCTP/MRPP e o liquidacionismo do grupelho anti-partido de Garcia Pereira mandaram-me ontem e hoje e-mails de todas as proveniências, aparentemente pedindo-me ou exigindo-me – parece-me que é mais exigindo-me – que tome posição na matéria, designadamente quanto à sessão Cem Anos da Revolução de Outubro, mesa-redonda que está marcada para o próximo dia 6 de Janeiro no Auditório 3 da Faculdade de Ciências sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

Bem: eu não participarei nem aconselharei essas pessoas, algumas das quais estiveram e outras ainda estão ligadas ao nosso Partido, a que participem na mesa-redonda da Universidade Nova, porque entendo que ninguém pode pretender falar de marxismo em Portugal, sem ouvir o único Partido que se reclama do marxismo e luta pela sua implantação junto do proletariado português.

Mas convido-vos a vós, que me enviastes e-mails nestes dois últimos dias sobre esta matéria, a virem discutir comigo em conjunto o Centenário da Revolução de Outubro, na sede do Partido na Avenida do Brasil, no dia 6 de Janeiro próximo, uma sexta-feira, às 16H00, e a organizar o mapa das celebrações do Centenário da Revolução de Outubro, a levar a cabo pelo PCTP/MRPP durante o ano de 2017.

Podem trazer convosco os amigos que quiserem, com excepção de provocadores, designadamente liquidacionistas.

30.12.2016

Arnaldo Matos


 

 

 

 

 


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