- Publicado em 26.08.2014
A greve dos enfermeiros de Centro Hospitalar de Lisboa Central registou uma forte adesão: Capuchos 92%, Curry Cabral 86%, S. José 82%, Sta. Marta e Maternidade Alfredo da Costa 79% e D. Estefânia 78%.
Concentrados junto ao Hospital de S. José, estes profissionais da saúde manifestaram, através de cartazes e palavras de ordem, a sua indignação e repúdio à política prosseguida por este governo, através do sinistro ministro Paulo Macedo.
Durante esta concentração, o Luta Popular falou com o dirigente sindical Manuel Branco que denunciou algumas das situações mais gravosas neste sector da saúde, nomeadamente a exigência da prestação de horas extraordinárias programadas que, não podendo legalmente ser convertidas em tempo, dado não existir um banco de horas, geram uma dívida que, feitas as contas, ascende a milhares de euros. Segundo este dirigente sindical, as horas extraordinárias efectuadas corresponderão a uma média anual de 320h não remuneradas por cada enfermeiro.
Foi também denunciada a posição da Ordem dos Enfermeiros que, enquanto entidade reguladora, não fiscaliza a aplicação em todas as unidades de saúde das normas definidas, nomeadamente as dotações seguras de pessoal, de acordo com as quais, por exemplo, cada enfermeiro de família só deve ter a seu cargo 1550 utentes ou 350 famílias, o que está longe de acontecer.
E a quem serve esta carência de enfermeiros no Serviço Nacional de Saúde? Naturalmente ao sector privado dos Mellos, Bes e companhia, que tendo em vista apenas os lucros, não presta os cuidados médicos de forma adequada, como, por exemplo a substituição de fisioterapeutas por massagistas, já que desta forma têm menos custos.
Seguramente sem argumentos face à denúncia desta política de deliberada liquidação do SNS e consciente de que este ataque aos mais elementares direitos laborais dos enfermeiros apenas visa o pagamento de uma dívida externa impagável, o secretário de estado lacaio do ministro da saúde cancelou à última hora a reunião agendada com o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, se é que alguma vez teve intenção de a realizar.
