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EDITORIAL

Incêndios Florestais

      

A Indústria das Madeiras

E as Mãos Sujas da Ganância Capitalista!...

 

Faz um ano, que por acção conjugada das diversas forças criminosas intervenientes, uma vasta zona do interior do país, com particular destaque para o distrito de Viseu, foi devastada pelas chamas.

Nesses incêndios, de Outubro do ano passado, morreram meia centena de pessoas, a somar às 69 dos incêndios de Julho em Pedrógão; foram destruídas pelo fogo, total ou parcialmente, cerca de 1. 500 Casas e 500 Empresas; estima-se que no total, mais de 70.000 hectares, entre campos de cultivo e área florestal, tenham sido consumidos pela fúria das chamas!  

Como habitualmente, nos dias seguintes à tragédia, o país assistiu ao desfile de inúmeras manifestações de pesar e solidariedade dos “afectuosos” e cínicos governantes -, sempre generosos, mas só nas promessas!...

1lNão faltaram beijinhos e abraços; foram elaborados relatórios; mudaram de assento alguns figurões; e, como não podia deixar de ser, no acto de inaugurar algumas construções, foi enaltecido o espírito de sacrifício dos pobres e a exemplar solidariedade nacional… Pois, que tudo haveria de ser feito para apurar responsabilidades!

Hoje está bem à vista, que o mais que tem sido feito é favorecer os culpados do abandono em que se encontra o mundo rural, e o caos que reina na floresta, dominada por incompetentes, ao sabor da ganância e dos interesses da indústria madeireira!…

Pois quem é que tem lucrado, com a madeira paga a menos de um terço do seu valor pelos madeireiros aos pequenos proprietários da freguesia de Ventosa – Vouzela, de Oliveira de Frades, de Tondela e todos os outros lugares onde o fogo lavrou?

Em que mãos está o controlo e a gestão dos stocks da madeira amontoada por todo o lado, e, à mercê de qualquer incendiário?

Onde estão os apoios a todos aqueles que as exigências da burocracia impediram, sequer, de a eles se poderem candidatar?

E, onde está o dinheiro destinado aos pobres da aldeia de São Joaninho – Santa Comba Dão, e de tantos outros lugares, que foram preteridos em favor de oportunistas sem escrúpulos agraciados pelos respectivos padrinhos?

Um ano após os incêndios mais catastróficos de que que há memória no país; Quem está a gerir o futuro do mundo rural e da nossa floresta?!

O que fazem os lacaios da indústria associada ao negócio das madeiras, em organismos de combate aos fogos e da Protecção Civil, tais como o Engenheiro Tiago de Oliveira, nomeado por António Costa para presidir à Agencia de Gestão Integrada de Fogos Rurais; ou, o madeireiro José Matos Pinho investido, pelo Presidente da Câmara de São Pedro do Sul, nas funções de Comandante Operacional Municipal da Protecção Civil?!

Pois bem! Na nossa memória ainda permanecem, também, os incêndios de 2016 com toda a destruição que provocaram no concelho de São Pedro do Sul, e a desolação em que ficaram todas as povoações e serranias do Maciço da Gralheira, incluindo São Macário…

Muitas pantominices foram então proferidas pelo Primeiro-Ministro, António Costa, pelo Presidente da Câmara, Victor Figueiredo, e pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que por essa altura, também visitou a Região! Todos foram unânimes na urgência da tomada de medidas para que situações de uma tal natureza não voltassem a repetir-se. Mas, está visto, que foi tudo uma grande pantomina!...

Principalmente nos concelhos do sul do distrito de Viseu, aonde o fogo lavrou com mais intensidade, a plantação do eucalipto centuplicou; ao ponto de em alguns lugares do Maciço da Gralheira a ramagem das jovens plantações já prejudicar a circulação automóvel na ligação das serras da Freita e Arada ao São Macário, em detrimento da propagação e protecção das espécies autóctones!…

2rE alguém, com conhecimento e bom senso, nos mostrou como a mancha de Pseudotsugas resistiu às chamas de todos os incêndios; essa mesma espécie, que no passado era utilizada na protecção das habitações dos guardas-florestais!...

E quanto à limpeza dos caminhos florestais?!

Com o argumento da falta de dinheiro, é simplesmente obscena e vergonhosa, a troca de favores da Autarquia São-pedrense, englobando a utilização de máquinas da Portucel (!) por gentileza das boas relações profissionais do madeireiro, Pinho, investido em funções da Protecção Civil do município!...

Sim, caros senhores! A industrialização do espaço rural e florestal é inevitável… Mas, isso não pode ocorrer ao sabor da selvajaria do empório das florestas de eucalipto e da sede insaciável de todos os defensores da exploração capitalista;

Envolvida em escândalo atrás de escândalo, a casta de corruptos que mantem o país sob o jugo dos grandes interesses do imperialismo; apenas preocupada com a administração dos negócios da classe dominante, esbanjam milhões de euros na alimentação de fontes de corrupção, originando insolvências como a da TECOPAL – A. T. e C. M. I. de Pombal Lda., com quem foi contratado pelo Estado o fornecimento de veículos que há anos permanecem em armazém (!) enquanto inúmeras Associações de Bombeiros, lutam com falta de equipamentos na sua acção de socorro às populações!

As forças verdadeiramente empenhadas na defesa dos recursos florestais do país e na autêntica Protecção Civil aos cidadãos, como é o caso das Associações de Bombeiros dos 24 concelhos do distrito de Viseu, onde apenas 10 % são profissionais remunerados, dos mais de dois milhares de bombeiros que nelas prestam voluntariamente o seu apoio, clamam pelo mais que merecido reconhecimento do seu esforço, e o direito ao acesso de meios e recursos indispensáveis à vitória da sua luta contra as catástrofes!...

Os incêndios de enorme dimensão dos últimos anos têm contribuído para pôr a nu os podres nauseabundos que corroem o Estado cuja agonia espelha o estertor em que se encontra o sistema capitalista na sua fase final do imperialismo!

Mas a revigoração e conservação da floresta é indispensável à vida humana e do próprio Planeta! E, isso não pode continuar a ficar dependente dos jogos sujos do capitalismo nem ser negociado nos bazares de madeireiros sem escrúpulos!...

A melhor forma de combater os fogos florestais é impedir que eles aconteçam!

Pagamento imediato de todas as indeminizações devidas pelo Governo às famílias enlutadas!

Estatuto Profissional do Bombeiro, com remuneração igual para todos os sectores, já!

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