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EDITORIAL

Em que estado está a Nação?!  

Nos últimos anos o povo português assiste, com um misto de nojo e desinteresse absoluto aos debates sobre o Estado da Nação. E este ano não foi diferente! Também, como não suscitar a indiferença o eterno jogo de espelhos que se produz naquele covil? Os do lado do governo a elogiar os seus feitos. Os da oposição, aquela mesma que embarcou na austeridade imposta pela tróica germano-imperialista, a querer fazer crer que estivessem eles no poleiro e as coisas teriam corrido muito melhor, crendo que a memória do povo é curta. Esquecem-se é de dizer para quem estariam muito melhores as coisas!

Claro que nós sabemos para quem! Para o grande capital financeiro e bancário, para os credores internacionais, para o imperialismo germânico, britânico, francófono, mas não só, que tem visto assegurado, primeiro pelo governo de coligação entre a extrema-direita e a direita, e agora pelo governo de direita do PS, com a prestimosa cumplicidade das muletas do PCP, BE e Verdes, o pagamento imposto ao povo,de uma dívida e seus juros, sem quaisquer sobressaltos.

Também tem sido melhor para a burguesia nacional compradora que exulta de contentamento com o facto de ter pela frente das negociações sobre acordos de trabalho ou reivindicações mais específicas, um PCP generosamente disponível para atraiçoar as expectativas e reivindicações da classe operária e dos trabalhadores em geral. No que é, ainda que timidamente, acompanhado por esse partido social-democrata e notoriamente reformista e oportunista,  que dá pelo nome de BE.

Dizia Catarina, no seu discurso sobre o Estado da Nação que a direita exulta com a possibilidade de derrotar o modelo que a geringonça proporcionou. Está enganada! Quem luta pela derrota da geringonça e da sua política de direita são os operários, os trabalhadores, os democratas e patriotas que compreendem que este modelo não acrescentou independência ao nosso país, bem pelo contrário, tornou mais apertado o garrote da dívida, o sufoco do euro, e as amarras dos diferentes acordos que, nas costas e contra os interesses do povo, foram assinando.

A dita oposição ao governo da geringonça exulta é com a possibilidade de retornar ao governo para continuar a aplicar a mesma fórmula, assente nas cativações, da dupla Costa/Centeno, apenas com algumas alterações de forma, pois quanto à essência, estão todos de acordo.

Bem que tentam Catarina, Jerónimo e Eloísa branquear os acordos que levaram à perda da nossa independência orçamental, fiscal, bancária, monetária, aduaneira, etc. Acordos  que capturaram a nossa soberania ao ponto de não termos sequer autonomia para gerir os nossos interesses económicos e financeiros, mormente impedindo-nos de utilizar mecanismos de regulação da moeda que nos permitam tornar mais competitivos os nossos produtos e mais atractivo o investimento, sobretudo em áreas produtivas que permitam que Portugal saia do ciclo infernal dos défices da balança de pagamentos e, sobretudo, da balança de bens de equipamento.

No final desta legislatura, que coincide com o debate sobre o Estado da Nação, o que o povo português exige que seja respondido é simples:

· Vamos poder dispor da nossa zona económica exclusiva (ZEE)?

· Podemos voltar a ter marinha mercante?

· Vamos voltar a ter indústria?

· Vamos voltar a ter agricultura?

· Vamos voltar a ter política externa?

· Vamos voltar a ter politica de defesa?

· Vamos voltar a ter moeda?

· Vamos voltar a ter Língua?

· Vamos voltar a ter bancos públicos?

· Vamos continuar a ter água?

· A Escola vai passar a servir para alguma coisa?

· Vamos ter política de cultura?

· A Medicina vai funcionar no SNS sem matar as pessoas por infecções hospitalares?

· Podemos ter contratos de trabalho menos injustos, ou vamos continuar a assentar a política de emprego na precariedade e na ausência de confiança?

· Podemos não ir combater para a Ucrânia e para a Venezuela? Para o Irão, para o Mali e para a Repoública Centro-africana?

· Pode-se recuperar as verbas sumidas na corrupção?

· O pessoal das organizações (teórica ou praticamente) secretas pode ser posto nos eixos?

· E quanto aos tribunais, há modo de meter juízo naquelas cabeças?

· Podemos gostar de futebol sem ter de aturar máfias?

· Vamos recuperar a soberania cambial, monetária e orçamental?

Ora, para quem teve a paciência de seguir as diferentes intervenções que se foram sucedendo hoje no hemiciclo da Assembleia da República, ficou a frustração de verificar que muitas palavras foram ditas, mas nenhuma para responder às questões que verdadeiramente  interessam ao povo ver respondidas.

Tempo, pois, para a classe operária e o povo português fazerem os balanços que lhes interessam. Que respondam às suas exigências e que estão contidas naquelas perguntas. É tempo, pois, de o povo português ponderar para onde tem ido o seu voto útil! Tempo de reflectir sobre a necessidade de uma ruptura com o passado. Tempo de perceber que vale a pena, nas eleições para determinar a nova composição da Assembleia da República, votar no PCTP/MRPP. O único partido que nunca os enganou e, sobretudo, nunca sujou as mãos em políticas que nada mais redundaram que num agravamento da exploração e das condições de vida para quem trabalha. 

11JUL19                                             LJ

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