INTERNACIONAL
Costa na cimeira da União Africana e
a escalada da guerra inter-imperialista
Realizou-se no fim-de-semana de 18 a 19 de Fevereiro, em Adis Abeba - Etiópia, a 36.ª Cimeira da União Africana (UA) no preciso momento em que se entra numa nova fase e escalada da guerra inter-imperialista em território ucraniano e que está a obrigar a movimentações contínuas a uma velocidade cósmica para reagrupar forças, estabelecer alianças, fabricar e disponibilizar armamento, assim como tomada de toda a espécie de medidas urgentes, sem esquecer a preparação da opinião pública para o arrastar e internacionalizar da guerra.
A UA é integrada por 55 Estados, o último dos quais Marrocos, devido à ocupação do Saara Ocidental. Todos juntos representam uma área de 30,32 milhões km² e 1,39 mil milhões pessoas. Isto equivale a 20,06% da área habitável do mundo e a 17,65% da população mundial. Com uma produção económica anual de 2,716 biliões de dólares americanos, respondem por cerca de 2,8% da economia mundial. Ou seja, pode ser decisiva para o desenrolar dos acontecimentos.
E é neste contexto que se deve analisar a presença de António Costa, o único chefe de governo europeu presente na dita reunião, supostamente como observador, embora todos saibamos que outros interesses o movem, e que levou Ana Gomes a afirmar que o primeiro-ministro foi a esta cimeira oferecer os seus préstimos nesta fase da guerra, em que tudo se move num vaivém frenético: Zelensky vai aos Estados Unidos, reúne com os amigos europeus - Boris Johnson, Macron e Scholz; a União Europeia vai a Zelensky; Biden, de gravata azul e amarela, visita Zelensky, supostamente de surpresa, para criar mais suspense; a União Europeia reúne em Kiev e estabelece contactos com a União Africana, acabando por enviar António Costa observar a Cimeira, o qual aproveita para ter reuniões com vários países africanos: Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, mas também Ruanda, Níger, Madagáscar. Também António Guterres e António Vitorino lá estiveram, enquanto Stoltenberg, secretário-geral da NATO, pede para se dar a Kiev “o que é preciso para se ganhar.”
Afinal, o que é que está em causa? Está a guerra num momento decisivo?
Sentem-se os Estados Unidos, perante o poder do imperialismo chinês e dos seus eventuais aliados em perigo de perder o estatuto de hiperpotência e de governar o mundo sozinho?
A verdade é que neste confronto que se agudiza dia-a-dia, para se criarem equilíbrios que levem à hegemonia do poder, o apoio dos países africanos é uma necessidade imperiosa para os imperialismos em luta, nomeadamente, para o americano, que recorrerá a todos os meios e pressões para captar e capturar os países africanos neutros como, por exemplo, a Argélia e Marrocos, que não têm apoiado as suas resoluções, como aconteceu com a resolução de 14 de Dezembro de 2022, para integrarem, como membros permanentes, o Conselho de Segurança da ONU. Aliás, o que vai sair da inevitável alteração da constituição do Conselho de Segurança da ONU é um objectivo prioritário dos Estados Unidos. Só ganhando aí conseguirão aprovar o que lhes interessa. Contudo e, pela forma como se iniciou a cimeira com a expulsão da representante de Israel, Sharon Bar-Li, da sala, tendo Israel acusado a Argélia e o Senegal como fomentadores da expulsão, tudo indica que a “tarefa” não está a ser fácil de executar.
É esta a missão que foi confiada a Costa: intermediário entre os Estados Unidos e a União Europeia e a União Africana, arrastando os portugueses para uma guerra gerada pelo capitalismo globalizado em agonia, mas numa luta de morte por interesses expansionistas, hegemónicos territoriais, económicos e de pilhagem dos recursos do planeta e de exploração do proletariado.
Guerra à Guerra inter-imperialista!
Nem uma arma, nem um homem, nem um euro para a guerra inter-imperialista!
20Fev2023