PAÍS
BRAGANÇA - ACIDENTE DE TRABALHO MORTAL
Operário Assassinado em Obra da Câmara
Publicado em 02.04.2015
Pedro Lara, operário servente, de 29 anos, natural de Tabuaço, a exemplo de muitos milhares de operários da construção civil, arriscava a vida a troco de salário de miséria numa obra em Bragança, cujo dono é a câmara municipal de Bragança e o empreiteiro a empresa ASG-Construções e Granitos, Lda.
Nesta última terça-feira, cerca das 16H00, Pedro Lara morreu enterrado vivo numa vala da obra para onde foi mandado entrar. Mal pisou o chão, a barreira de terra por cima daquela vala não escorada resvalou e soterrou o operário de Tabuaço até ao pescoço, tornando infrutíferos os esforços dos bombeiros de Bragança para o salvar.
De acordo com declarações do padrasto da vítima, recolhidas pelo Mensageiro de Bragança, mal (Pedro Lara) entrou na vala, a terra caiu-lhe em cima. O barranco não tinha segurança nenhuma.
Se, em obras exclusivamente particulares, já é injustificável e inadmissível a ocorrência de homicídios de operários em acidentes de trabalho – a maior parte deles impunes – é absolutamente impensável e intolerável que situações dessas ocorram em obras públicas, como é o caso das adjudicadas pelas autarquias.
Impõe-se que desta vez a ACT, não podendo desmentir as imagens das condições em que esta obra estava a ser negligentemente executada, não se limite a suspender ou fechar a vala, mas a apurar as responsabilidades e a acompanhar o processo de inquérito a instaurar pelo Ministério Público. E a divulgar com brevidade as conclusões das diligências preliminares que efectuou, não se escudando no segredo de justiça que o Ministério Público é o primeiro a violar quando lhe interessa.
Os homicídios de operários em acidentes de trabalho não podem continuar e muito menos permanecerem impunes.