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PAÍS

A Propósito da Polícia Marítima da Figueira

Como o leitor estará lembrado, publiquei nestas páginas, no passado dia 31 de Outubro, um escrito intitulado A Cobardia da Polícia Marítima da Figueira, onde, em síntese, critiquei a conduta daquela polícia no caso do naufrágio do arrastão Olívia Ribau e a actitude do presidente da Associação Socio-Profissional da Polícia Marítima, que, em declarações prestadas à imprensa, pretendeu que não seria missão da referida polícia o salvamento de vidas no mar.

Nada tenho a alterar no que então escrevi e mantenho.

Não obstante, acontece que cidadão que muito prezo e que ama como eu as coisas do mar, cujo nome não devo divulgar nas páginas de um jornal partidário, escreveu algures um texto em defesa daquela polícia, depois de apreciar muito positivamente o meu artigo sobre a História do Naufrágio e Salvamento Encenados em Sesimbra.

Com a devida vénia, vou transcrever aqui não as suas palavras de elogio, mas as de crítica, dando uma hipótese de defesa aos dois polícias marítimos da Figueira.

  Gostava ainda de manifestar a minha estranheza pelo conteúdo de um artigo que o Dr. Arnaldo Matos publicou sobre a polícia marítima. Eu tenho o presidente da Associação Socio Profissional da Polícia Marítima como uma pessoa extremamente sensata, intelectualmente honesta, que procurou colocar a ênfase da responsabilidade da falta de socorro nos verdadeiros responsáveis, sem negar a obrigação do dever de auxílio da polícia. Mas como se compreenderá, em terra, por exemplo, a PSP ou GNR não substitui o INEM, como primeiro responsável pelo socorro. Ora no mar, o equivalente ao INEM serão as estações salva vidas. A polícia tem substituído com êxito, muitas vezes as estações salva vidas. Estas estão equipadas com os meios materiais adequados, com os equipamentos de protecção individual e com pessoal com formação e treino para essas operações arriscadas como era o caso. O que aconteceu foi que estes homens não compareceram, e para quem está no nível mais baixo da função pública "assistente operacional" não poderá ser exigível estar de prontidão 24 horas. Estes homens teriam que ter um estatuto próprio e um número adequado para garantir essa prontidão. A polícia tem alguns elementos com essas perícias, mas não todos, porque não é a sua missão primária e porque tem um efectivo muito reduzido, de pouco mais de 500 elementos para 28 comandos espalhados por todo o país, incluindo as ilhas. E neste caso há ainda a relevar que os dois polícias de serviço, eram precisamente os dois sobreviventes do acidente com o veleiro alemão em que morreu o agente Martins. Estes dois agentes ficaram traumatizados e ainda não ultrapassaram este estado psicológico.  

10.11.2015

Arnaldo Matos

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