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PAÍS

Não se Paga! Não se Paga!

Até parece que o Papa Francisco, tocado pelo movimento em curso nas nossas fileiras, resolvera inscrever-se no Partido… Não se paga! Não se paga, repetiu ele, sete vezes em fúria, aos cardeais com quem examinava, no Vaticano, o descontrolo total das despesas da Igreja.

Bem: no Estado do Vaticano reina também o euro como moeda nacional; mas a dívida colossal do Vaticano não é, todavia, uma consequência directa do euro, do domínio alemão ou do ódio vesgo e cambado de Schäuble.

A dívida resulta do esbanjamento e do luxo em que vivem os cardeais e a Cúria da Santa-Sé.

Quando chegou ao Vaticano, isto é, assim que foi eleito Papa no conclave de 13 de Março de 2013, Bergoglio marcou logo o seu pontificado com dois sinais muito significativos: um de modéstia – para não usar o vocábulo pobreza, que seria exagerado – e rejeitou o fausto e o luxo do palácio do seu antecessor, indo viver para um aposento com 50 m2, na Casa de Santa Maria, e outro de controlo financeiro, nomeando uma nova equipa para o orçamento e despesas do Vaticano.

O Papa está agora a verificar que o controlo dos dinheiros da Santa-Sé é bem mais difícil do que o controlo das almas dos mil e cem milhões de católicos que vivem no mundo (15% da população mundial).

Andava Bergoglio em reuniões aceleradas com a sua Comissão Pontifícia de Inquérito sobre a Organização da Estrutura Económica e Administrativa da Santa-Sé – é esse o nome completo da coisa – quando saem em Roma dois livros com documentos roubados e transcrições das gravações secretas das reuniões daquele órgão, de onde foram extraídos os sete furiosos desabafos do Papa das pampas: Não se Paga! Não se Paga!

O homem tinha toda a razão! Imaginem que as obras da Biblioteca do Vaticano, orçadas em 100 milhões de euros, acabaram custando, como diria o brasileiro, mais do que o dobro. Onde é que nós, portugueses, já ouvimos isto? Ah! foi com as obras do túnel do Marão, que a Tróica mandou parar e que agora vão-nos custar mais do dobro…

Somando apenas as oito maiores fontes dos prejuízos do Vaticano, isso dá tudo uma verba de oitenta milhões de euros por ano.

Mas Bergoglio descobriu muito mais: descobriu que, na sua Argentina natal, os Jesuítas, exactamente a ordem a que Bergoglio pertencia, tinham investido 60% de todas as suas aplicações na indústria do armamento… Arre chiça que é demais!...

Mas aquilo que de todo em todo ia fazendo perder a cabeça ao nosso estimado Argentino foi quando a comissão lhe pôs à frente dos olhos o que se passa com o Óbolo de São Pedro, que é o dinheiro resultante de um ofertório anual feito nas igrejas de todo o mundo por fiéis que pensam estar a contribuir para as necessidades da Igreja e dos mais pobres. A colecta, em 2013, rendeu 78 milhões de euros. Ora, a Comissão mostrou ao Papa que, por cada euro daquela recolha anual, só vinte cêntimos chegavam aos pobres.

Oitenta por cento do Óbolo de São Pedro desaparecia pelo caminho e nunca chegava aos reais destinatários…

Ora, quem é que revelou esta documentação e as discussões da Comissão com o Papa, gravadas secretamente? O delator e gravador secreto das conversas e que as facultou aos jornalistas foi monsenhor Vallejo Baldo, um patife sem carácter ligado ao Opus Dei, e que agora está preso nas cadeias do Vaticano. Ah, sim, não sabiam? – o Vaticano também tem cadeias.

Monsenhor Baldo está em prisão domiciliária, todavia.

Agora talvez já se entenda por que é que o anterior Papa – o Pastor Alemão – renunciou ao sólio pontifício.

Quando está em causa o dinheiro, numa sociedade capitalista, até os padres são os primeiros a entender que não há Deus…

Claro está que Bergoglio não chegou ao ponto de se inscrever no Partido, como por graça comecei por dizer; mas lá que, indirectamente embora, acabou por consagrar a nossa palavra de ordem, lá isso acabou: Não se paga! Não se Paga!


13.11.2015

Arnaldo Matos



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