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PAÍS

Os fascistas e a pluralidade de opiniões

Reagindo aos protestos das populações que o aguardavam em Boticas, quando este ali estava a ser recebido na Câmara Municipal e transitava a caminho do Centro de Informação de Covas do Barroso, onde também o aguardava outro protesto popular, o Secretário de Estado  Adjunto e da Energia, João Galamba, teve uma daquelas tiradas oportunistas e mentirosas, recorrentes no PS: a de que os protestos representavam, “apenas”, uma parte das opiniões, que se desejam “plurais” – a parte da opinião contrária à exploração do lítio, havendo outra parte, no entanto, que está a favor.

Não nos vamos alongar muito sobre as razões porque apoiamos a reivindicação popular de não concessão da prospecção e exploração de minas a céu aberto de lítio, mas não podemos deixar de denunciar esta manobra, absolutamente fascista, de invocar a “pluralidade” de opiniões para impor soluções que vão contra os interesses populares.

Esta “filosofia” de meia-tigela, própria de aprendizes de títere, como é Galamba, escamoteiam o essencial. Quais os interesses que estão em jogo e que “corrente de opinião” é beneficiada, nesta alegada satisfação dos critérios da “pluralidade”. Se, no caso vertente, é notória e pública a “corrente de opinião” que Galamba e seus pares apoiam – quem beneficia da exploração do lítio, mesmo que tal prejudique a saúde das populações –, não menos claro é o apoio que o PS de Costa e Centeno dão àqueles que consideram “criadores de valor”.

Não será muito difícil, mesmo para o mais comum ou desatento cidadão, perceber que, para além do caso do lítio, foi este mesmo comportamento traidor dos interesses populares que permitiu que os fundos imobiliários florescessem – à custa da isenção de impostos e da liberalização dos solos urbanos – e dezenas de milhares de operários e de trabalhadores continuem a ser expulsos das suas casas, para que tais fundos possam, em roda livre, praticar o seu jogo de especulação imobiliária sem qualquer travão.

Veja-se o caso de um quarteirão inteiro da Rua da Prata, comprado à Tranquilidade pelo Fundo americano Apollo, cujo desfecho será o da expulsão dos seus moradores – sobretudo idosos – e de uma série de lojistas que exploram com imensas dificuldades, e há muitos anos, espaços naquela rua e naquele quarteirão.

O mesmo pressuposto fascista que presidiu, recentemente, à repressão sobre os estivadores, os camionistas de matérias perigosas, os professores, os enfermeiros, etc. O guarda-chuva da “pluralidade” pretende abrigar dois interesses antagónicos – os de quem produz a riqueza e os dos que se apropriam dela. Tudo em nome, claro está... da democracia!

Esmagam-se as lutas destes trabalhadores para satisfazer interesses privados, mesmo quando alguns deles sejam funcionários públicos, pois a famigerada “redução da despesa” favorece, sobretudo, os credores sedentos do pagamento de uma dívida que não foi contraída pelo povo, nem o povo dela retirou qualquer benefício.

13NOV2019

LJ

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