PAÍS
- Publicado em 04.04.2022
Castro Verde – mina Neves-Corvo
“Dantes usava-se um canário numa mina,
agora usa-se um jogador de futebol”
É este o desabafo de revolta de um operário perante a evidência do agravamento progressivo das condições de segurança que os mineiros são obrigados a suportar.
Em 26 de Junho de 2015 foi uma plataforma elevatória na lavaria de zinco que “se virou” e arrastou para a morte o Tiago Gonçalves de 27 anos e um outro camarada para o hospital, em 26 de Setembro de 2020 foi uma derrocada que levou o Sérgio Delfino de 44 anos e, ao mesmo tempo, criou 2 novos órfãos; em 30 de Março foi a vez dos gases venenosos e do Filipe Venâncio. Os bombeiros bem tentaram trazê-lo à vida, mas não conseguiram.
Filipe Venâncio, 43 anos, natural de Almodôvar, mineiro, casado, com um filho ainda menor e jogador de futebol do Clube Desportivo de Almodôvar foi a última vítima mortal da ganância da multinacional sueco-canadiana Lundin Mining Corporation que se exime a acautelar condições suficientemente seguras para os mineiros que trabalham sob a sua tutela. É a sua obrigação ter os equipamentos em condições e, se estiverem avariados, não arriscar. Mas os administradores da Somincor, a subsidiária local da multinacional que tem a concessão da mina Neves-Corvo, depressa a esquecem. “O choque e a profunda tristeza” que dizem que os atinge quando a sua inacção resulta em mortes, nunca são suficientes para criarem as condições de segurança necessárias. Fecham a mina, vem a ACT, instroem uns tantos inquéritos: a agitação do costume, mas depois fica tudo o que é importante na mesma. Mandam assinar uns papéis para se escusarem a culpas. É o que fazem, mais nada! Até tornarem outra vez ao “profundamente chocados e entristecidos” na morte seguinte. Pulhas assassinos!
PARA OS TRABALHADORES PODEREM VIVER O CAPITALISMO TEM DE MORRER!
VIVA O COMUNISMO!
04Abr2022
CP/JP