PAÍS
- Publicado em 21.05.2022
A PESCA E OS PESCADORES
O tempo, o preço e o capital
O tempo, o preço e o capital, são os três problemas maiores da pesca e dos pescadores.
O capital, por esmagar uns e adular e corromper outros.
O preço do peixe, pela incerteza que informa a sua venda em lota.
O tempo, ao permitir ou não permitir condições para a pesca.
Sobre o tempo muito se tem feito: serviços de meteorologia, navegabilidade das embarcações, instrumentos de comunicação, meios de salvamento, a serem devidamente atendidos e sempre aperfeiçoados.
Sobre o preço do peixe há muito ainda a resolver. O peixe selvagem tem de ser vendido bastante mais caro do que o de cultura cuja alimentação e confinamento têm de ter ainda grandes melhoramentos.
Sobre o capital há muito equívoco a esclarecer.
Principal arma da economia burguesa, o capital progride concentrando-se no empresário e proletarizando quem trabalha.
As companhas, onde todos são pescadores, vão dando lugar aos que pescam e aos que são cada vez mais só empresários, estes fortemente apoiados pela UE altamente interessada no alargamento do seu mercado exportador e importador assim como na crescente apropriação das empresas portuguesas e ocupação da nossa zona de pesca nacional.
Portugal está claramente prejudicado pois tem a maior área marítima europeia que desta forma fica aberta ao saque, particularmente o espanhol, e ao controlo e soberania externos de teor imperialista.
Nos Açores está em curso uma profunda transformação das relações de produção tradicionais em relações de produção capitalistas.
Este está a ser um movimento imparável nas actuais circunstâncias e os operários do mar, os pescadores, devem não só combater a venda das embarcações e das empresas enquanto saque de mais valias em singular acumulação como devem de imediato exigir institucionalmente salários com direitos iguais aos demais trabalhadores, incluindo férias pagas e segurança social.
21Mai2022
PP