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Partido

28 de Maio de 1975 – social-fascistas do PCP tentam liquidar o MRPP!

A 17 de Março de 1975, nas vésperas das primeiras eleições ditas livres em Portugal – para a Assembleia Constituinte –,  que tiveram lugar a 25 de Abril de 1975, o então MRPP foi ilegalizado a mando do PCP, do III Governo Provisório e do Conselho da Revolução onde a sua influência era preponderante, precisamente para ser impedido de nelas participar.

O motivo anunciado era o de que o nosso Partido não havia acolhido a ordem de deixar de utilizar o símbolo comunista da foice, do martelo e da estrela, de que os revisionistas – que nunca mais o utilizaram em eleições de qualquer natureza – reclamavam exclusividade.

Porém, a verdadeira razão era outra, muito mais profunda. O MRPP tinha sido o único Partido a não aceitar o famigerado Pacto “MFA/Partidos” que pretendia domesticar todas as formações políticas e partidárias que não alinhassem com os ditames do PCP revisionista e social-fascista. Além disso, a crescente influência do MRPP junto do movimento operário, popular  e estudantil  era uma seta apontada à traição do PCP às lutas operárias e populares.

Foi o MRPP que encabeçou a luta pelas 40 horas – como hoje lidera a luta pelas 35 horas semanais . Foi o MRPP que impôs o primeiro salário mínimo em Portugal. Foi por proposta do MRPP que surgiram as primeiras Comissões de Trabalhadores, embriões dos órgãos de poder dos operários e dos trabalhadores logo que a Revolução saía vencedora.

Era tudo isto que tornava o MRPP um alvo a abater. E foi precisamente por isso que toda a burguesia se uniu numa tentativa de liquidar o Partido, liquidando físicamente os seus dirigentes e militantes. Nenhuma voz se levantou, dos partidos do sistema – PS, PSD, CDS e PCP – para se opor ou condenar as tropas do COPCON de Otelo Saraiva de Carvalho que, a mando do PCP, do III Governo Provisório e do Conselho da Revolução, armados de G3, chegaram em chaimites e entraram pelas sedes do MRPP aos tiros, empurrando à força os dirigentes, militantes e simpatizantes que aí se encontravam para dentro das viaturas e agredindo quem se atrevesse a resistir-lhes.

Um a operação absolutamente fascista que, ademais, teve lugar precisamente no mesmo dia em que, quase meio século antes, havia ocorrido o golpe militar que iria colocar no poder, a 28 de Maio de 1926 (49 anos antes), o ditador fascista Salazar.

Por ordem do III Governo Provisório e do MFA (Movimento das Forças Armadas), o COPCON – braço armado do regime – prendeu 432 militantes do MRPP, entre os quais o seu Secretário-Geral, o nosso querido e saudoso camarada Arnaldo Matos e o director do Luta Popular de então.

Foi de estupefação a reacção dos democratas e anti-fascistas a estas prisões. Para o Partido, os sinais já há muito que indicavam este desfecho. Mas, como sempre o dita a história, todo aquele que ruma contra a corrente da história acaba por nela se afogar. E foi o que aconteceu ao PCP revisionista e social-fascista. Este golpe assinalou o princípio da sua perda de influência no movimento sindical e operário que nunca mais deixou de diminuir.

Quarenta e cinco anos volvidos sobre estes acontecimentos é tempo de os verdadeiros democratas e anti-fascistas exigirem a punição de todos os que estiveram envolvidos na chamada “Operação Turbilhão” que foi aprovada na Coordenadora do MFA, na Assembleia Geral do MFA e no III Governo Provisório, operação comandada pelo PCP revisionista e social-fascista.

É tempo de não permitir que se lance um manto de silêncio sobre os acontecimentos de 28 de Maio de 1975. A história não pode deixar que se esqueça o maior ataque à liberdade de opinião, de organização, de convicção política, de que há memória no panorama político português depois do 25 de Abril de 1974!

A opinião pública mobilizou-se e veio para a rua exigir a “libertação imediata dos presos anti-fascistas”. Rapidamente o Partido organizou a resistência, com manifestações à porta das prisões – mormente a de Caxias para onde foi conduzido o maior grupo de militantes e simpatizantes, incluindo o camarada Arnaldo Matos.

Todas essas manifestações foram reprimidas a tiro. O camarada Camacho, responsável pelo sector editorial do Partido, foi atingido a tiro, na cabeça, tendo a bala permanecido alojada no seu cérebro atá ao dia do seu falecimento, em Fevereiro de 2018.

Apesar de não terem conhecimento do crescendo de manifestações de apoio que ocorriam no exterior das prisões, os militantes e simpatizantes do MRPP presos resistiam de forma organizada, que nem o isolamento nas celas, e as manobras de divisão que os carcereiros impunham, lograram impedir.

Entoavam canções revolucionárias para animar o espírito, ao mesmo tempo que continuavam a organizar reuniões, cada qual encostado às grades das suas celas, a falar alto para o corredor e dirigindo-se aos seus camaradas tratando-os pelo seu pseudónimo.

Nem o facto de os seus carcereiros os terem impedido de tomar banho durante um mês, os desmotivou. Estavam todos motivados quando chegou a directiva do camarada Arnaldo Matos, de dentro da própria cadeia de Caxias, para que todos entrassem em greve da fome. Directiva que acataram sem hesitações, dispostos a levá-la até à últimas consequências.

Para além dos advogados – que independentemente da sua filiação política – se lançaram na defesa dos presos, prestigiados intelectuais europeus, como é o caso de Sartre, subscreveram abaixo-assinados a exigir a libertação dos presos, no que foram acompanhados por protestos de gente conhecida na altura, como Natália Correia, Ruy de Carvalho, Sophia de Mello Breyner, David Mourão-Ferreira e Mário Cesariny, entre muitos outros. O actor Jacinto Ramos, ao lado da sua assinatura fez saber do seu “repúdio por toda a violência, venha de onde vier”.
A greve da fome, que durou 18 dias, permitiu a satisfação de todas as reivindicações que os camaradas presos haviam formulado: direito a receber visitas de familiares, de advogados e médicos – e permitiu o início das negociações para o fim das prisões a que os militantes e simpatizantes do MRPP tinham sido sujeitos de forma arbitrária e fascista.
O estado de saúde do camarada Arnaldo Matos agravou-se como resultado desta greve da fome que exponenciou uma úlcera de que padecia. Teve de ser hospitalizado no Hospital Militar da Estrela, em Lisboa, de onde acabou por ser libertado, conforme ele próprio descreveu :"Fui de Caxias para o hospital militar com um buraco no estômago, às portas da morte. Um belo dia a polícia militar que me estava a guardar meteu-me dentro de um jipe e levou-me onde eu precisava de ir. No dia seguinte já estava a fazer um comício". ( o comício de 18 de Julho de 1975 que encheu literalmente a Praça do Campo Pequeno, em Lisboa).

Resultado desta luta sem tréguas, finalmente a 18 de julho de 1975 a burguesia e os social-fascistas do PCP que representa os seus interesses, viram-se forçados a libertar todos os camaradas que se encontravam presos. Não sem antes tentarem uma vez mais a divisão, anunciando a libertação de apenas alguns. De imediato, aqueles a quem fora anunciada a libertação recusaram-se a que tal sucedesse sem que fossem todos libertados.

Há, ainda hoje, grandes ensinamentos a retirar desta luta. Desde logo o de que, mesmo que se trate de um partido pequeno, como era o caso do MRPP – hoje PCTP/MRPP-, desde que este possua uma direcção à prova de bala, pode vencer um inimigo aparentemente mais forte.

Mas, há um outro ensinamento a retirar. O de que o PCP revisionista e social-fascista, acreditando que tinha uma influência e força desmedidas, afinal não passava de um gigante com pés de barro. Esta sua aventura reaccionária isolou-o ao ponto de perder continuamente influência em todas as frentes, mormente na cena política, partidária e sindical.

Outro precioso ensinamento que esta luta nos proporcionou é o de que NINGUÉM CALARÁ A VOZ DA CLASSE OPERÁRIA! E, quem o tentar, para além de contar com a forte e resoluta oposição e resistência dos comunistas portugueses, ficará definitivamente isolado face a todos os que prezam a liberdade e são manifestamente contra o fascismo e o social-fascismo!

Finalmente, e não menos importante, o ensinamento para aqueles que julgam poder silenciar o tipo de crimes de que os dirigentes, militantes e simpatizantes do MRPP foram alvo. Devem preparar-se para morrer às mãos destes algozes!

28Maio2020

LJ

pctpmrpp

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