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PAÍS

O Euro e a Balança Comercial

Já muitas vezes o dissemos e provámos nestas páginas do Luta Popular, que se deve única e exclusivamente ao Euro – uma moeda forte e cara de mais para uma economia tão frágil e tão débil como a portuguesa – a situação a que se chegou nas nossas finanças públicas: uma dívida externa em crescimento exponencial e impagável, de par com uma crescente atrofia no investimento e no emprego.

Só por si estas circunstâncias imporiam, como única medida lógica e inadiável, a saída de Portugal do Euro e a criação de uma nova moeda própria, que achamos dever chamar-se Escudo.

O facto de a balança de transacções correntes entre Portugal e os seus parceiros externos ser sempre deficitária e em crescimento deficitário contínuo levou a Tróica e o governo de traição nacional Coelho/Portas não a abandonar o Euro, como de todo em todo se imporia, mas a introduzir uma política de austeridade e de empobrecimento geral do país, com redução acelerada dos salários, tudo com o apregoado objectivo de tornar cada vez mais difícil as importações e de facilitar as exportações.

A pretensão dos nossos credores e do governo de vende-pátrias Coelho/Portas era a de diminuir e, por fim, eliminar o défice da balança comercial, precisamente o que resultava de importarmos mais do que exportávamos.

Em todas as avaliações efectuadas sobre o programa de entendimento – e foram doze – sempre a Tróica e o seu governo de lacaios se vangloriaram das melhorias obtidas na balança comercial com a política de austeridade e de empobrecimento, atribuindo as tais melhorias pretensamente conquistadas na balança comercial aos cortes e reduções dramáticos impostos sobre o valor do trabalho.

Ora, o Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou ontem, sexta-feira, dia 9 de Maio, os dados relativos às entradas e saídas de bens em Portugal nos três primeiros meses deste ano, por onde se verifica que, apesar do roubo do salário e do aumento não pago da jornada de trabalho, continuamos a importar mais do que exportamos e que, neste último trimestre, até importámos mais 6% (no montante global de 14 334 milhões de euros) enquanto que exportámos apenas mais 1,7% (no montante global de 11 734 milhões de euros).

No trimestre em apreço, o INE mostra que o défice da nossa balança comercial atingiu o montante de 2 600 milhões de euros, défice para cujo financiamento temos de contrair novos empréstimos.

É preciso recuar até Junho de 2010, no tempo do famigerado Sócrates, para ver o ritmo das importações superar tanto o ritmo das exportações.

Quer dizer: mesmo que os operários portugueses trabalhassem até morrer de fome, nunca, sob o império do Euro, o valor das nossas exportações superaria o valor das nossas importações.

O problema só se resolve com a saída do Euro e a criação de uma nova moeda adequada ao estado actual da nossa economia – o novo Escudo.

O gráfico que abaixo publicamos mostra como, por mais austera e empobrecedora que seja a política salarial da Tróica e do governo de lacaios Coelho/Portas, a linha das nossas importações excederá sempre, em perto de mil milhões de euros por ano, a linha das nossas exportações, e que cada uma dessas linhas é o espelho da outra: sobem e baixam sempre ao mesmo ritmo.

Mas mesmo quanto à subida relativa das exportações, sempre insuficiente para superar o défice comercial, há que ter em conta a estrutura dessas exportações, porque elas são também o espelho da incorrectíssima estrutura da economia portuguesa, imposta pelo Euro e pelos tratados de adesão à CEE e à União Europeia.

Entre 2010 e 2013 – três anos da mesmo política de PECs (programas de estabilidade e crescimento) e de Tróica – as exportações portuguesas cresceram 27%, que já se viu não ser suficiente para a eliminação do défice comercial.

Ora, acontece que a maior fatia do crescimento das exportações nestes últimos três anos se deve aos combustíveis refinados (Galp, sobretudo), de tal modo que, sem a venda de tais produtos ao exterior, o crescimento das exportações teria sido apenas de 14% em 2011, 4,2 % em 2012 e 2,3% em 2013.

Mas acontece também que, como todo o petróleo bruto é importado, para exportarmos 100 euros de combustíveis refinados, temos de importar 82 euros de petróleo bruto. No caso dos têxteis, para exportar 100 euros de produtos transformados e de vestuário, teremos de importar 38 euros de matéria-prima.

E, por outro lado, exportamos um pouco mais, mas sempre dos mesmos produtos...

Quanto mais exportamos mais temos de importar, e exportamos sempre o mesmo tipo de bens transaccionáveis.

Tudo isto conduz a que, quanto mais exportamos, mais nos endividamos, e não conseguimos quebrar uma tal armadilha.

A armadilha do Euro.

A solução é, pois, conforme temos estado a dizê-lo e somos o único Partido a exigi-lo, sair do Euro, criando uma moeda própria – o Escudo – e sair depressa, porque quanto mais tarde, pior.

Sob o domínio do Euro, exportar mais é quase impossível, eliminar o défice comercial é impossível, e, em contrapartida, o roubo dos salários e o aumento da jornada de trabalho não pago, impostos pela Tróica e pelo governo, serão sempre cada vez maiores. A saída do Euro, com a introdução do Escudo, é duplamente necessária: para aumentar as exportações e para reestruturar todo o tecido produtivo económico nacional.


Espártaco

 

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