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PAÍS

A BOSTA DO COSTA

Estes quase dois meses de briga entre Costa e Seguro deixaram bem claro diante dos olhos da classe operária e dos demais trabalhadores portugueses que não há nenhuma diferença essencial, mínima que seja, entre a linha política de um e de outro.

Ambos se propõem aliás a mesma coisa, ou seja, o mesmo objectivo: ganhar as próximas eleições legislativas, se possível com uma maioria absoluta, mas também pode ser com uma maioria relativa, estabelecer, em qualquer caso, um acordo governativo ou parlamentar com o PSD, já desenvencilhado da actual camarilha coelhista, rever a Constituição e completar a contra-revolução iniciada em Novembro de 1975.

Pelo que já se ouviu a cada um deles dizer – mais ao Costa do que ao Seguro, é certo - , a promessa de disponibilidade do PS para ouvir a esquerda está sempre restrita ao desejo de obter dos partidos da esquerda parlamentar o voto de apoio à liquidação dos direitos dos trabalhadores e à reforma do chamado Estado Social, tudo coisas que começaram e progrediram assustadoramente no primeiro, mas sobretudo no segundo, governo do Sócrates.

Já faltava a Seguro, mas continua a faltar de todo a Costa, a linha política geral e a palavra-de-ordem fundamental– governo democrático e patriótico - que catalisaram os encontros da reitoria, palavra-de-ordem e linha política geral que, muito embora oriundas do PCTP/MRPP, foram adoptadas e promovidas por milhões de pessoas em todo o país... e até por Mário Soares.

Soares, sobretudo nas sessões da aula magna, mostrou saber que, nas actuais condições políticas, a democracia portuguesa e a economia do país não se salvavam sem uma ruptura clara e definitiva com a direita capitalista e imperialista, ruptura que impõe uma aliança e um governo de todas as forças democráticas e patrióticas.

Não há um único português que não saiba, principalmente nestes últimos três anos de Tróica, que toda a nossa vida económica, política, social, cultural e familiar tem estado totalmente dependente da dívida pública.

A atitude face à dívida soberana define o presente e o futuro de Portugal.

A dívida pública é o nó górdio de toda a politica portuguesa actual!

Algumas pessoas, em especial da classe média, estariam com certeza à espera que, nesta luta de galos pelo poleiro do PS, os dois galifões restringissem toda a discussão ao único tema importante da situação política e económica portuguesa: a atitude face à dívida.

Seguro e Costa propõem-se, se alguma vez chegarem a primeiro-ministro, pagar ou não pagar a dívida? Sim ou não?

Que atitude adoptarão face ao Tratado Orçamental, que Seguro assinou, capitulando perante Bruxelas, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional?

Pensam ou não sair do Euro, se chegarem a compreender que a dívida não só não poderá ser paga como, se o for, liquidará para sempre a independência e a democracia portuguesas?

Como promoverão o desenvolvimento económico e o emprego, se não repudiarem a dívida?

Estas são as questões relativamente às quais o país exige que Costa e Seguro se pronunciem. E são, obviamente, também as perguntas que os militantes, os simpatizantes, e até os atrelantes, os viajantes e os assaltantes do PS gostariam de ver respondidas antes de escolherem o seu primeiro-ministro nas primárias do oportunismo, inventadas pela nova direcção de Seguro.

Mas não. Costa mandou dizer – notemos que nem sequer se deu ao luxo de falar publicamente no caso, ele manda dizer... e por uma jornalista do i afecta à campanha – que todas as propostas relativamente à dívida “devem ser devidamente analisadas, mas no momento certo, que não é agora”.

Só depois – só depois do momento certo, que não se sabe quando é, mas que Costa sabe que não é agora!... – “só depois deverá ser escolhida a solução que melhor sirva os interesses de Portugal”!...

Note bem o leitor a bosta ideológica, a bosta política, a bosta intelectual que enchem o ventre e o encéfalo do Costa:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Todas as propostas sobre a dívida pública,
Devem ser devidamente analisadas,
No momento certo,
Que não é agora,
E só depois disso deve ser escolhida,
A solução que melhor sirva,
Os interesses de Portugal.

 

 

 

 

 

 

 

 

Claro está que, sentindo-se um dos principais responsáveis pela dívida, o Costa não desejará ver a dívida discutida nem agora nem nunca.Ora, como ministro dos governos de Sócrates, Costa é um dos políticos responsáveis pela dívida pública portuguesa actual. Ele aprovou as scuts (as auto-estradas alegadamente sem custos para os utilizadores), ele aprovou as ppps (parcerias público-privadas), ele aprovou os primeiros swaps (contrato de troca de juros pré-fixados por ambos os contraentes, por juros pós-fixados unicamente pelo credor), ele aprovou a política que desviou os investimentos do sector dos bens transaccionáveis para o sector dos bens de consumo especulativo, em suma, ele Costa, como ministro de múltiplas pastas dos governos de Sócrates, é um dos principais responsáveis pela constituição de uma dívida pública impagável, que levou Portugal à bancarrota financeira, sem nunca o homenzinho se ter preocupado com os interesses de Portugal, sem nunca ter encontrado e proposto o momento para que fosse discutida essa estratégia suicida de endividamento público e sem se perguntar nunca, nem perguntar a ninguém o que é que seria melhor para Portugal.

Pôr o Costa a discutir a dívida é obrigá-lo a engolir a própria dívida.

Já se viu que Costa, sobre a dívida, não fala; mas manda dizer. E desta vez mandou dizer muito mais do que acima já deixámos transcrito. Por exemplo, mandou dizer o seguinte: que “Costa quer distanciar-se totalmente de qualquer ideia que possa colar o PS à frase “não pagamos”.

E não julguem que o ódio de Costa à frase “não pagamos” é só dirigido contra o PCTP/MRPP. Não pensem nisso: ela é dirigida contra o povo português, que nunca pagará, porque não é pagável, a dívida constituída, entre outros, pelo Costa. E é também dirigida, à socapa, contra o grupo do economista da federação de Aveiro do PS, Pedro Nuno dos Santos, e, à sorrelfa, contra o próprio Mário Soares que, por escrito e de viva voz, volteou múltiplas vezes a bandeira do Não Pagamos!

Vê-se pois que, à medida que vai decorrendo o debate público pela conquista do poleiro no PS, os dois garnisés vão-nos mostrando que, no fundo político de cada um deles, cada um deles é mais reaccionário do que o outro.

No caso concreto da dívida pública, há todavia uma pequena diferença formal entre os dois contendores: a solução de Seguro será a continuação da política austeritária do governo de traição nacional Coelho/Portas; a de Costa também é, mas ele não quer que se saiba: só no momento certo, e o momento certo não é agora...

É a bosta da desonestidade política e intelectual do Costa.

Mas nem Costa nem Seguro terão qualquer futuro...



Espártaco


 

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