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PAÍS

Afinal, o Novo Banco Pode Precisar de Mais Capital!...

A crise financeira que estourou em Portugal no passado dia um de Agosto, com a bancarrota do Banco Espírito Santo (BES), teve o condão de calar todos os nossos economistas, os quais perderam totalmente a coragem de avaliar o quadro político, económico, financeiro e social dramático onde está a mergulhar a sociedade portuguesa.

À nossa escala, a falência do BES – o primeiro banco privado e maior banco comercial português – causará um maremoto económico e financeiro maior do que causou a falência do Lehman Brothers à escala americana.

Os nossos políticos e economistas de pacotilha fingem poder ignorar as consequências daquele sismo catastrófico, assobiando para o lado e mentindo como podem. A primeira tarefa que recai sobre nós, comunistas, é não iludir a gravidade do desastre e tomar as medidas arrojadas que a tragédia impõe, começando por varrer dos lugares que ocupam o governo de traição nacional Coelho/Portas e forçando a demissão do Presidente da República, Cavaco Silva, do governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, e do regulador da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, Carlos Tavares.

A continuação de Carlos Costa à frente do Banco de Portugal é, pela sua incompetência e quiçá corrupção, totalmente intolerável e inadmissível. Carlos Costa, com a recomendação de Draghi e do Banco Central Europeu, tentou pôr cobro à insolvência do BES, desligando-o da insolvência do Grupo Espírito Santo, e avaliando com manifesta e grave subestimação os parâmetros da bancarrota do banco.

Por conta dele, Carlos Costa, o Banco Espírito Santo foi autorizado a avançar com um aumento de capital em Bolsa no montante de 1,045 mil milhões de euros, mas esta emissão saldou-se por um novo desastre na situação do banco. No dia 1 de Agosto, a CMVM suspende total e imediatamente as acções do BES, e Carlos Costa, na noite das facas longas, mediante um fundo de resolução no montante de 4,9 mil milhões de euros em dinheiros públicos, divide o BES entre o banco bom (o Novo Banco) e o bad bank (BES,S.A.), com critérios de distribuição de activos e passivos deixados na obscuridade e nunca claramente explicados.

Na altura em que examinei a situação do BES e a natureza das medidas adoptadas pelo Banco de Portugal para resgatar o banco mediante um plano de resolução bancária – estudo aqui publicado no Luta Popular on line e que foi e é, até hoje, o único estudo publicado sobre o assunto – avisei logo que 4,9 mil milhões de euros não davam para mandar cantar um cego, quanto mais para resgatar o BES da bancarrota.

Na minha opinião, seriam necessários 20 mil milhões de euros para resgatar o BES da falência fraudulenta para onde o conduziram propositadamente os bandidos da família Espírito Santo.

À medida que os dias vão passando e que se vai aclarando melhor a situação criminosamente ocultada pelo governo, pelo presidente da República, pelo governador Carlos Costa e pelo regulador Carlos Tavares, tenho cada vez maiores dúvidas de que os 20 mil milhões de euros cheguem para fazer face ao terramoto financeiro ocasionado pela bancarrota do BES, na economia e finanças portuguesas.

A KPMG – sociedade de auditoria encarregada de auditar as contas do antigo Banco Espírito Santo – veio ontem explicar publicamente por que se escusou a dar parecer sobre as contas semestrais do BES, tal como essas contas foram elaboradas e apresentadas pela nova administração de Vítor Bento, José Honório e João Moreira Rato. E é justamente a auditora oficial do BES - a KPMG - quem vem chamar agora – só agora! - a atenção para o facto de que o Novo Banco vai precisar de muito mais capital do que os 4,9 mil milhões de euros estimados pelo incompetente governador do Banco de Portugal.

A KPMG põe precisamente em causa o valor dos activos que passaram do BES para o Novo Banco, justamente aquilo que eu pus em causa no estudo aqui publicado, onde chamava a atenção para o facto de que o BdP divulgou um balanço provisório do BES manifestamente manipulado.

Para resolver as divergências com a auditora oficial do BES – a KPMG –, foi chamada a examinar a matéria uma outra auditora, a Pricewaterhouse CoopersPwC –, a qual todavia ainda se não pronunciou.

Mas já podemos identificar alguns dos principais problemas – as chamadas imparidades - que poderão vir a exigir uma nova e maior capitalização do Novo Banco, para além dos 4,9 mil milhões de euros já assumidos pelo fundo de resolução bancária.

Ao fim e ao cabo, tudo está em saber qual é realmente o verdadeiro prejuízo do BES no termo do primeiro semestre de 2014. Ora, o prejuízo do BES, segundo as contas apresentadas pela administração de Vítor Bento, seria no montante de 3,557 mil milhões de euros, verba que explodiu como uma bomba no passado dia 30 de Julho, arrastou o BES à bancarrota e forçou a intervenção do governador do Banco de Portugal, às ordens de Draghi e do Banco Central Europeu, mediante o mecanismo do fundo de resolução bancária.

Ora, a auditora KPMG recusou dar parecer favorável às contas de Vítor Bento, entendendo que o défice - a bomba – pode ser maior, ou mesmo muito maior.

O primeiro problema – que eu próprio levantei no meu ensaio sobre a quadrilha de bandidos da família Espírito Santo - é o do verdadeiro valor nominal das obrigações das empresas do Grupo Espírito Santo emitidas pelo BES em 2014. Na noite das facas longas (a longa noite (30.07 a 03.08) do golpe de mão do Banco de Portugal, de Draghi e do Banco Central Europeu sobre o explodido BES) ninguém divulgou o valor da emissão das obrigações do BES colocadas em clientes de retalho.

Sabia-se apenas que os clientes de retalho do banco haviam adquirido aquelas obrigações por valores superiores aos valores nominais da emissão, mas ninguém sabia determinar a imparidade entre o valor de aquisição pelos clientes de retalho e o valor nominal da emissão.

Ora, em 30 de Julho último, nem o governador do banco de Portugal, nem o regulador da CMVM, nem o salvífico Vítor Bento divulgaram o valor nominal das obrigações nem o custo da emissão.

Face à recusa da assinatura da auditora KPMG, o grupo dos reguladores – Carlos Costa e Carlos Tavares –, que já deviam ter sido demitidos e encarcerados por manifesta incompetência e pestilento cheiro de corrupção, vem dizer, no dia de ontem (02.09.2014), que o valor nominal das obrigações colocadas em clientes de retalho – uma operação que é totalmente proibida por lei!... – é do montante de 5 mil milhões de euros, a que se deve juntar as despesas de emissão, no valor de 467 milhões de euros, no total final de 5,467 mil milhões de euros.

Se aquelas obrigações não forem pagas na data do pagamento, designadamente por já terem entretanto falido todas as empresas do GES emitentes das obrigações, o Novo Banco tem de ser imediatamente recapitalizado em mais um terço daquele valor, segundo as boas regras da ponderada gestão bancária, ou seja, terão de juntar-se aos 4,9 mil milhões de euros de dinheiros públicos do fundo de resolução bancária, mais 1,822 mil milhões de euros (5,467:3=1,822) de provisão para esta última imparidade.

Onde se irá buscar esse dinheiro?

A coisa é tão grave que a gestão de Vítor Bento calcula em apenas 767 milhões de euros o prejuízo final das obrigações colocadas em clientes de retalho, unicamente para não gerar o pânico entre os clientes do Novo Banco. Mas, estimados leitores, vão por mim: o Novo Banco é um banco que já nasceu falido. A pouco e pouco, vai-se descobrindo o imbróglio.

Mas aqui, e mais uma vez, cumpre perguntar: onde está a procuradoria-geral da República e o ministério público, que nada fazem para deitar imediatamente as mãos aos gatunos, os meter na cadeia e salvaguardarem os dinheiros roubados, antes que desapareçam nas offshores e paraísos fiscais?

E veja bem o leitor: mesmo que acreditássemos que os prejuízos provenientes das obrigações colocadas em clientes de retalho se restringissem à verba de 767 milhões de euros, onde iríamos buscar dinheiro para recapitalizar o Novo Banco nesse montante?

E se nem um cêntimo se vier a recuperar dos 5 mil milhões de euros de obrigações emitidas pelo BES, onde irá o fundo de resolução buscar mais 5,767 mil milhões de euros?

E o valor nominal das obrigações colocadas em clientes de retalho é apenas um dos problemas saídos da explosão do BES. Há ainda muitos outros problemas escondidos nas contas do Careca.

 

                                                    Espártaco

 

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