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PAÍS

FMI: Com amigos destes, quem precisa de inimigos?!

fmi fora daqui 01As recentes declarações da chefe do FMI, Christine Lagarde, sobre a possibilidade de o programa de resgate desenhado por esta organização imperialista para os trabalhadores e o povo grego, que passa por fazê-los pagar uma dívida que não contraíram, nem dela beneficiaram, vir a sofrer um revés, colocando o país na rota de colisão com a bancarrota, além de provocatórias e arrogantes, pretendem transformar as verdadeiras vítimas das medidas terroristas e fascistas que estão a ser impostas, o povo grego, em mal-agradecidos pelas magníficas benesses que o FMI lhes tem providenciado.

Disse provocatoriamente a chefe do FMI, essa inqualificável arrivista, que nutre maior simpatia e maior preocupação, pelo situação em que se encontram as crianças de uma escola numa pequena aldeia da Nigéria que, para além de terem de repartir a sua cadeira com mais duas crianças, sofrem mais do que as crianças filhas dos trabalhadores e do povo grego, cujas mães poderiam evitar a miséria para a qual estavam a ser empurrados os seus filhos se não fugissem ao pagamento dos impostos!

Para além de escamotear que a eventual fuga aos impostos não é determinante para explicar a dívida, pois esta funciona como instrumento de chantagem e dominação por parte do FMI e dos interesses germano-imperialistas que serve, é obscena a comparação que Christine Lagarde faz com o que se passa na Nigéria, sobretudo porque tem o cuidado de branquear o sucesso da ajuda que aquela organização prestou, e ainda presta, àquele país africano.

Sujeita a sucessivos ciclos de fome e malnutrição, a Nigéria está a ser, também ela, vítima do infame Programa de Ajustamento Estrutural – não vos é familiar esta designação? -, desde 1982. Tal como acontece com a Grécia, o FMI emprestou à Nigéria dinheiro para evitar a bancarrota e pagar aos seus credores (claro que já todos adivinharam que os credores são os suspeitos do costume), exaurindo o país dos seus recursos e riquezas imensas, a título de garantia de bom pagamento da dívida e do serviço da dívida que, como sempre, assenta em juros faraónicos e especulativos que servem para fazer transitar activos e sectores estratégicos de uma nação para as mãos de grandes grupos financeiros e bancários.

No entanto, escamoteia-se qual a origem dessa dívida e a importância que teve para a sua consolidação o facto de a Nigéria ter vivido sob um regime militarista e pró-imperialista desde 1974 até 1982, ano em que começaram a entrar no país os empréstimos do FMI.

O que Christine Lagarde não menciona é que, tal como na Grécia, as políticas terroristas e fascistas que o FMI impôs na Nigéria tiveram efeitos devastadores sobre a principal actividade produtiva e económica do povo nigeriano – a agricultura - e representaram uma pilhagem sem precedentes das suas riquezas naturais, nomeadamente o petróleo e os diamantes, fazendo aumentar os montantes da dívida, ao invés de a reduzir como era prometido, fazendo disparar os índices de miséria e fome.

Mesmo depois de terem passado 10 anos sobre a decisão de cancelar a dívida da Nigéria, um relatório vindo a lume na semana passada, denuncia que os níveis de endividamento naquele país, devido à contínua aplicação das políticas e do modelo de ajuda praticadas pelo FMI, arriscam-se a alcançar, muito em breve, os que conheceu antes do perdão da supracitada dívida.

Isto é, onde quer que seja que o FMI opere, seja na Grécia ou na Nigéria, ou antes destes países nos exemplares casos da Argentina e do Equador, para só mencionar dois daqueles que tiveram a coragem de expulsar o FMI dos seus países – e por isso estão a experimentar um aumento do seu PIB –, fica provado que as políticas impostas por esta organização ao serviço do imperialismo não servem para assistir e muito menos ajudar os países em crise, antes agravam as condições de vida dos trabalhadores e dos povos dos países onde intervêm e capturam a sua independência nacional.

 

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