PAÍS
- Publicado em 18.09.2023
18 de Setembro de 1970 - Fundação do MRPP
53 anos de luta pela defesa do marxismo e emancipação dos trabalhadores
A fundação do MRPP (Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado) em 18 de Setembro de 1970 constituiu um marco na história política do nosso país e um decisivo contributo para o desenvolvimento do movimento popular, revolucionário e comunista português e internacional.
O MRPP afirmou-se logo como uma organização que rompia com o oportunismo e o revisionismo em todos os campos, destacando-se por uma combatividade e métodos de luta contra o regime fascista que cedo o levou a obter um crescente apoio, primeiro, dos jovens e progressivamente dos trabalhadores, e a ser apontado pela PIDE como o inimigo número um e simultaneamente atacado pelo P“C”P que via escapar à sua influência oportunista o sector mais esclarecido e avançado que era a juventude.
Revelando uma capacidade de mobilização e de combatividade que surpreendeu o regime e as polícias fascistas, o MRPP depressa passou a constituir o principal inimigo, não apenas daquele regime ditatorial, como do próprio P“C”P, que via permanentemente desmascarada a sua linha política capituladora e pacifista e a sua táctica de traição, designadamente, a respeito da luta anti-colonial e das farsas eleitorais.
O povo vota na rua! Transformemos a guerra colonial-fascista numa guerra civil revolucionária! Desertemos em massa e com armas! - estas foram algumas das consignas do MRPP que deixaram em pânico fascistas e revisionistas em busca de um entendimento para um desfecho pacífico da ditadura, sob a ilusão da chamada primavera marcelista.
A 12 de Outubro de 1972, no que viria a traduzir-se no princípio do fim do regime ditatorial marcelista, o militante da FEM-L e do MRPP José António Ribeiro Santos é assassinado pela PIDE quando, à frente dos estudantes numa assembleia estudantil contra a repressão, enfrentou corajosa e heroicamente dois bufos que ali permaneceram com a colaboração de dirigentes associativos do P“C”P.
Mas, ao contrário do que na altura era a prática de grupelhos neo-revisionistas parisienses, para os então fundadores do MRPP esse partido verdadeiramente comunista teria de fundar-se no calor da luta de classes em Portugal e dotar-se de uma linha política revolucionária, em ruptura com a linha revisionista perfilhada pelo partido de Barreirinhas Cunhal que, embora reclamando-se de comunista, comportava-se como um partido conservador.
O MRPP, embora apoiando-se de início na juventude estudantil revolucionária que tomou temporariamente a vanguarda do combate contra a ditadura fascista, rapidamente alargou a sua propaganda, influência, organização e direcção aos sectores operários mais avançados, bem como aos soldados e marinheiros, penetrando, deste modo, no bastião mais sensível da burguesia colonial fascista, o seu aparelho militar.
No 25 de Abril de 1974, o MRPP foi a única organização política que, em comunicado emitido às primeiras horas daquele dia, se demarcou das ilusões criadas pelo P“C”P e antepassados do BE sobre a verdadeira natureza do que não passara de um golpe de Estado desencadeado por um sector da burguesia para impedir o triunfo do movimento revolucionário em ascensão – ficaram na memória de todos as declarações de Otelo de que a data escolhida para o golpe fora aquela para não coincidir com o 1º de Maio Vermelho que nessa altura era amplamente convocado pelo MRPP para manifestações de rua.
Sob a palavra de ordem Pão, Paz, Terra, Liberdade, Democracia e Independência Nacional!, o MRPP intensificou a sua acção política pela mobilização dos operários, trabalhadores rurais, jovens, soldados e marinheiros e democratas para, aproveitando as novas condições criadas pelo golpe de 25 de Abril, prosseguirem a luta pela Revolução Democrática e Popular em direcção ao Socialismo e o Comunismo.
Com a intervenção activa de um P“C”P que tratou logo de se apoderar do aparelho de Estado fascista, mantido no essencial intacto, trocando a aliança operária-camponesa pela aliança povo-MFA, Movimento este formado pelos quadros das Forças Armadas colonialistas, o MRPP continuou a ser um alvo a abater pelos novos detentores do poder, num regime dominado por uma verdadeira ditadura militar que reprimia as greves operárias, as ocupações de terras e das casas devolutas, a luta contra os embarques para as colónias e se opunha à independência imediata dos povos das colónias.
O primeiro e o único jornal a ver a sua edição proibida, o seu director preso e vítima de pesadas multas foi o Luta Popular, órgão central do MRPP.
Mais de quatro centenas de militantes e simpatizantes do MRPP, incluindo o Secretário-Geral Arnaldo Matos, foram presos, espancados e torturados pelos democratas do P“C”P e do MFA (o tal da aliança com o povo), escapando de ser liquidados fisicamente, em razão do poderoso movimento operário, popular, anti-fascista e anti-social-fascista que se desencadeou de norte a sul do país e a solidariedade de povos de outros países – isto, enquanto iam sendo libertados os pides, entre os quais o assassino de Ribeiro Santos.
Mais tarde, a 9 de Outubro de 1975, numa acção de propaganda para assinalar o assassinato de Ribeiro Santos, o intrépido e abnegado jovem comunista, militante da FEM-L Alexandrino de Sousa é assassinado por um bando da UDP.
Hoje, só os oportunistas que tentam escamotear a sua vergonhosa participação reaccionária nos acontecimentos ocorridos antes e depois do 25 de Abril de 1974 é que vêm desesperadamente distorcer a verdade dos factos a respeito do papel determinante e decisivo do MRPP na luta pela liberdade e democracia – evitando que o país fosse subjugado por uma sanguinária ditadura social-fascista – e pela independência nacional.
Acossado por todos os inimigos da classe operária e dos trabalhadores, objecto de toda a espécie de ataques e calúnias e de várias tentativas de liquidação física dos seus dirigentes e principais quadros, afastado de participar numas eleições supostamente democráticas por ser certa a eleição de deputados revolucionários, o MRPP, ancorando-se numa permanente e profunda ligação às massas e nunca deixando de se ater aos princípios do marxismo, tornou-se numa organização temível para o poder opressor e repressivo dos trabalhadores mas, em contrapartida, respeitada e acarinhada pela classe operária e por todos os democratas sinceros, pela sua determinação, disciplina, criatividade, firmeza e força ideológica que a caracterizou.
O PCTP/MRPP, herdeiro e continuador do MRPP, prosseguiu a luta elevando-a a um novo patamar consubstanciado nas Teses da Urgeiriça formuladas pelo camarada Arnaldo Matos, seu fundador e primeiro secretário-geral. A luta é hoje, no nosso seio contra o liquidacionismo e o oportunismo e, na sociedade, pela revolução proletária comunista sendo, a nossa estratégia o Marxismo que devemos aprofundar.
VIVA O PCTP/MRPP!
VIVA O COMUNISMO!
GUERRA À GUERRA INTER-IMPERIALISTA!
(texto actualizado e reeditado)
Dar Voz a Quem Não Tem Voz
Oeste
Um exemplo de liquidação do SNS
Recebemos de um nosso leitor a carta que expressa a preocupação quanto ao previsível encerramento do hospital de Torres Vedras e que, abaixo, transcrevemos na íntegra
Exmos Srs,
Meu nome é Patrick Francisco, tenho 46 anos, e sou residente em Torres Vedras.
Tomei a liberdade de deixar aqui uma reflexão sobre uma questão fundamental para os cuidados de saúde na Região Oeste de Portugal.
Um dos temas que tem suscitado grande preocupação entre os torrienses e em toda a Região Oeste, está relacionado com o acesso aos serviços hospitalares. Até agora, a Região Oeste tem sido servida por 3 Hospitais, nomeadamente em Torres Vedras, Caldas da Rainha e Peniche.