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PAÍS

Vinho Azedo

Vinho azedo

Na tomada de posse do XXII Governo Constitucional, Marcelo Rebelo de Sousa referiu no seu discurso que o segundo vinho é sempre melhor do que o primeiro, como que a agoirar que o governo ao qual acabara de dar posse tem agora melhores condições de governabilidade do que o anterior, protagonizado igualmente por Costa e Centeno.

Segundo Marcelo, tal como o vinho, a excelência do actual governo apurou-se com a experiência. Não é caso para embandeirar em arco, diremos nós. Experiência, de facto, é muita, mas não pelas melhores razões. Desde logo porque foram largamente denunciadas pela prática as “contas certas”  alcançadas à custa do recurso sistemático ao logro das cativações, que serviram a Costa e a Centeno para manipular o povo e aprofundar e alargar as suas políticas de direita.

Depois porque, a avaliar pela atitude persecutória, manipulatória e opressiva com que o anterior governo lidou com a luta de operários e trabalhadores – estivadores, enfermeiros, professores, motoristas de matérias perigosas, etc. – agora que se apresenta com as mãos mais “livres” das suas muletas do passado – que não deixarão de continuar a prestar-se a esse papel – Costa considerará que o reforço que o PS obteve nas últimas eleições legitimará a sua sanha fascista contra os trabalhadores, os Contratos Colectivos de Trabalho, agravando a vertente cada vez mais fascizante da Lei Laboral.

É preciso deixar claro que a “vitória” de Costa e do PS foi pífia. Para além de se traduzir no “poucochinho” aumento de cerca de 160 mil votos, o governo de Costa não foi “legitimado” senão por pouco mais de 18% dos votantes inscritos, num quadro em que, segundo a Pordata, se registou a maior abstenção de sempre em eleições legislativas, isto é, 51,4%!!!

Depois de terem levado 4 anos a branquear as políticas de direita do PS, as muletas do governo anterior, igualmente protagonizado por Costa e Centeno, foram brindados pelo povo português por um enorme repúdio eleitoral. O BE, apesar de ter mantido o número de deputados, perdeu cerca de 51 mil votos. O PCP foi cilindrado. Não só perdeu 113.507 votos, como viu diminuída a sua representação parlamentar de 17 para 12 deputados – uma perda de cerca de 30% de mandatos -, e nem Eloísa Apolónio, o rosto dos Verdes se safou.

Roma não paga – nem nunca pagou – aos traidores. Que o diga Brutus, assassinado imediatamente a seguir ao homicídio de César Augusto, na Roma da antiguidade minada pela corrupção, intriga e traição. Numa versão mais caseira, Costa afirma ser tempo de “amigo não empatar amigo”.

Ou seja, reconhece que PCP, BE e Verdes foram instrumentos de grande utilidade para a sua estratégia de conquista e consolidação do poder, mas conclui que o reforço eleitoral que teve é suficiente para encostar os “velhos aliados” de “esquerda” às cordas, de forma a que, com ou sem acordo escrito, estes continuarem prisioneiros da armadilha que lhes montou há 4 anos atrás.

Conclusão. Se o primeiro vinho já estava “tocado”, deste segundo vinho só se pode esperar que esteja ... azedo!

27OUT2019                                                                                                 LJ

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