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PAÍS

A propósito das novas medidas de austeridade que se avizinham - O consenso social na “concertação social”

A comprovar a justeza do que sempre dissemos acerca da natureza e papel do “Conselho para a Concertação Social”, isto é, de que tal órgão mais não é do que o sucessor da câmara corporativa do fascismo, estão as recentes declarações, à saída da última reunião da “concertação social” hoje efectuada, de destacados dirigentes das confederações patronais, lídimos representantes do capital – desde os sectores ligados ao comércio e ao turismo aos ligados à indústria e à banca – que afirmam não estar de acordo com a aplicação de “mais medidas de austeridade”.

Todos eles a reconhecer que, mesmo tratando-se de uma dívida que mais não é do que um instrumento para a exploração de uma classe – a burguesia – sobre os trabalhadores, terá de haver, no entanto, maior contenção na aplicação das medidas e das regras para que ela seja cobrada, apenas e tão só, a quem trabalha, sugerindo a sua “reestruturação” e “renegociação”, para que haja um “alívio”, no tempo e no modo, dos efeitos que as medidas terroristas e fascistas que o governo de traição PSD/CDS, a mando da tróica germano-imperialista, e com o beneplácito de Cavaco Silva e do PS, tem vindo a impor aos trabalhadores e ao povo.

O “consenso social” no parlamento que abordámos em artigo anterior, agora também bem patenteado no “conselho para a concertação social”. Percebe-se cada vez melhor como patrões e oportunistas de todos os matizes se servem deste órgão para confabular contra os trabalhadores e o povo português. Percebe-se cada vez melhor como estão cada vez mais unidos na defesa do princípio de que são necessários sacrifícios, de que é necessário que o povo pague uma dívida que não contraiu, nem foi contraída para seu benefício, desde que tal não comprometa o “crescimento económico” (tal como dizia Jerónimo de Sousa ao defender a “moção de censura” ao governo que o seu partido apresentou no parlamento), desde que para pagar essa dívida sejam aceites prazos mais dilatados e condições mais favoráveis.

Mais favoráveis para quem? Quando é sabido que a destruição do nosso tecido produtivo, a política de traição nacional prosseguida na últimas décadas por PS, PSD e CDS, levou à subjugação do nosso país a um modelo de “divisão internacional de trabalho” que remete Portugal para a condição de fornecedor, para a Europa “desenvolvida”, de mão-de-obra barata, intensiva e desqualificada, sem indústria transformadora, sem agricultura, sem pescas, obrigada a liquidar e transferir, a preços de saldo, para as mãos de privados sectores e empresas estratégicas, claro está que os únicos beneficiados só poderão ser, uma vez mais, os sectores financeiros e bancários.

Beneficiado é, também, um substancial sector da burguesia nacional, parasitária, que sobrevive à custa do abandono de qualquer projecto independente, remetendo-se ao papel de mero e sôfrego pedinte das sobras do arraial da exploração capitalista. Arraial que é tanto mais exuberante quanto o nosso país for mais dependente do que se importa – e hoje já importamos mais do que 80% daquilo que necessitamos para gerar economia – e, portanto, mais sujeito a um permanente e crescente endividamento.

Torna-se cada vez mais claro, pois, para os trabalhadores e para o povo português, que o “consenso social” que existe no parlamento, que une todos os partidos nacional-situacionistas (para empregar um termo tão querido a Eça de Queirós), desde a direita mais bafienta, representada por PSD e CDS, até à “oposição violenta…mas construtiva”, e sempre abstencionista, do PS, passando pelos revisionistas do PCP e social-democratas do BE, tem cada vez mais um sentido único e consensual entre eles: que o povo seja obrigado a pagar uma dívida que, insistimos, não contraiu, desde que o “crescimento económico” – que, em sistema capitalista, representa o crescimento da exploração de quem trabalha -, não fique comprometido.

Como se torna, para os trabalhadores e para o povo português, cada vez mais claro que a única saída que serve os seus interesses passa pelo derrube deste governo de serventuários e de quem os apoia e a constituição de um Governo Democrático Patriótico cuja primeira medida seja o repúdio da dívida, seguida da nacionalização da banca e de todos os sectores e empresas estratégicas e da prossecução de um plano de investimentos criteriosos que leve à recuperação do nosso tecido produtivo, colocando a economia ao serviço de quem trabalha e controlada pelos trabalhadores.


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