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PAÍS

No dia em que se anuncia o agravamento para 7,9% do deficit torna-se mais claro que Derrubar este governo e repudiar a dívida é a única saída para os trabalhadores e o povo!

Variadas e reveladoras conclusões se poderão retirar da reacção que os diferentes partidos do “arco parlamentar” tiveram quanto ao recente anúncio de que os níveis do deficit atingiram os 7,9%, quando o memorando da traição que PS, PSD e CDS assinaram com a tróica germano-imperialista indicava e impunha que o deficit não poderia ultrapassar os 4,5% no final do corrente ano fiscal de 2012. Vejamos com algum detalhe essas conclusões:

1.   Tal como sempre o denunciámos, esta dívida e o “resgate” para dela sair que foi imposto, bem como os juros faraónicos cobrados pelos “solidários” amigos do FMI/FEEF/BCE, iriam agravar não só a crise e a dívida como, e sobretudo, favorecer os grandes grupos financeiros e bancários, particularmente os germânicos e os franceses;
2.   As medidas terroristas e fascistas impostas pelo governo de traidores do PSD/CDS, que segundo alguns dos seus proeminentes membros (Cavaco Silva, Manuela Ferreira Leite, etc.) deveriam ser “equitativos” e destinados a “corrigir” o deficit pelo lado da “despesa” – leia-se, das prestações sociais, do acesso ao ensino e à saúde, etc. – se traduziria, apenas e tão só, no roubo dos salários e do trabalho, como as recentes leis laborais confirmam – facilitação e embaratecimento dos despedimentos, “mobilidade” do trabalhador, corte de feriados, banco de horas, etc. – sempre numa lógica de impor que sejam os trabalhadores e o povo a pagar uma dívida que não contraíram, nem foi contraída para seu benefício;
3.   E que, apesar de sempre que se anunciava uma nova medida o governo afirmar a pés juntos que nenhuma mais seria necessária adoptar, todos os dias, semanas ou mêses, o governo viria anunciar que, afinal, aquelas não tinham sido suficientes e estavam já na forja outras como, aliás, Passos Coelho, quando obrigado a comentar o deficit de 7,9%, acabou por admitir que seria necessário implementar.


Mas, interessante mesmo, será observar como o “consenso social” se produz, já não apenas no parlamento ou na “concertação social”, mas a um nível político mais abrangente e nacional. Todos os partidos do chamado “arco parlamentar”, ao abordar a temática do agravamento do deficit clamam pela sua “preocupação” em relação aos “efeitos” que a crise e as “medidas de austeridade” estão a produzir sobre o povo e quem trabalha. Mas, será mesmo que existem divisões ou contradições quanto ao essencial entre eles? Vejamos:

 1.   PSD e CDS, os partidos de traição que sustentam o actual executivo, aplaudem a “preocupação” do chefe, Passos Coelho, com a “derrapagem” que se está a observar no deficit e, embora “lamentando” que não haja outra alternativa, concordam que serão necessárias mais medidas terroristas e fascistas, a impor ao povo, prosseguindo a fórmula que está a levar a um cada vez maior endividamento, à liquidação do que resta do nosso tecido produtivo, a uma profunda recessão e a um agravamento do desemprego, da precariedade, da fome e da miséria;
2.   O PS, baseando toda a sua estratégia na “oposição violenta…mas construtiva” que se tem caracterizado por um recorrente, cobarde e oportunista abstencionismo, e ufano da recente vitória de Hollande em França, admite a necessidade da aplicação de “medidas de austeridade”, desde que acompanhadas por um “programa de investimento no crescimento económico” e um prolongar no tempo e no modo do pagamento da “dívida soberana”, dos seus juros e dos seus efeitos;
3.   Jerónimo Sousa, líder do PCP, durante a apresentação da inócua “moção de censura” contra o governo PSD/CDS, no parlamento, não poderia ter sintetizado de forma mais clara o pensamento dos revisionistas acerca desta matéria. Disse o personagem em questão, sem qualquer rebuço, que nenhuma política deveria comprometer o “crescimento económico”, devendo, portanto, ser a dívida “renegociada” e serem aceites prazos mais dilatados para o seu pagamento. Uma política oportunista que considera que o que está em causa não é o sistema capitalista e imperialista que tenta fazer de Portugal uma sub-colónia do imperialismo germânico e os trabalhadores portugueses mão-de – obra escrava, barata, não qualificada e intensiva e o nosso país e o nosso povo pagantes de uma “dívida” que, além de não terem contraído, nem dela terem beneficiado, proporciona fabulosos lucros aos grandes grupos financeiros e bancários, sobretudo alemães, mas apenas a “má vontade” de alguns que se obstinam em não praticar “mudanças de políticas”, mantendo incólume o sistema de exploração do homem pelo homem em que assenta;
4.   E o BE? Para além de defender, quanto ao essencial, o mesmo que defende o PCP, e quando os mais incautos julgavam que não seria possível advogar por políticas ainda mais à direita das que o PCP e o PS defendem, vem o seu deputado por Aveiro, e pelos vistos porta-voz do grupo parlamentar do movimento/bloco para os “assuntos económicos”, Pedro Filipe Soares, do alto da sua imbecil cátedra produzir a tonitruante afirmação do dia: “o problema são as medidas de austeridade”!


Ora, do que cada vez maior número de operários, de trabalhadores e de elementos do povo ganham consciência é de que, seja utilizando a linguagem trauliteira do PSD/CDS, seja utilizando o discurso de “uma no cravo outra na ferradura” do PS, ou o discurso “radical” de BE e PCP, exigindo “mudanças de políticas”, sem contudo pôr em causa o sistema capitalista, antes iludindo que existe a possibilidade de lhe conferir um “rosto mais humano”, todos eles estão de acordo em que foi o povo, foram os trabalhadores, todos eles “vivendo acima das suas possibilidades”, que- no todo ou em parte – foram os causadores desta crise e os responsáveis pela dívida, cabendo-lhes, portanto, a “obrigação” de a pagar.

Torna-se cada vez mais claro o que separa a posição daqueles que, como nós, se batem pelo repúdio da dívida, daqueles que admitem que a crise e a dívida devem ser pagas – mesmo que, formalmente, em montantes e prazos diferenciados – pelo povo, sem que, contudo, tal descambe numa “descontrolada contestação social”, sem que tal comprometa o “crescimento económico” o que, em sistema capitalista, quer dizer que assegure a exploração de quem trabalha.

Enquanto nós indicamos que a única saída para os trabalhadores e o povo é, com base na unidade de todas as camadas populares, de esquerda, nos organizarmos e mobilizarmos para derrubar este governo de traidores e todos os que com ele compactuam, bem como expulsar a tróica germano-imperialista do nosso país, todos os partidos do “arco parlamentar” – incluindo a eufemisticamente designada “esquerda parlamentar”-, são por uma maior integração do país na “união europeia”, atado de pés e mãos a instrumentos que se têm revelado essenciais para que o nosso país - e outros países, ditos periféricos, da Europa – se torne numa sub-colónia ou protectorado do imperialismo germânico, com o seu tecido produtivo destruído, cada vez mais dependente daquilo que importa e refém de sucessivos “empréstimos” que façam face a um progressivo e cíclico endividamento, comprometendo a nossa soberania, a produção de riqueza, de emprego e dignidade para o nosso povo e para quem trabalha.


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