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PAÍS

Até tu, Brutus!

Em entrevista concedida à TSF e à Dinheiro Vivo, Eduardo Catroga, aquele personagem brejeiro que encabeçou a “comissão de capitulação” que negociou, em nome do PSD, ainda na oposição, e antes do derrube do governo de Sócrates, os termos da capitulação da burguesia face aos ditames do FMI, do directório europeu e do BCE, todos eles sob a batuta dos interesses do imperialismo germânico, voltou-se contra o seu próprio afilhado, censurando ao governo de Passos “erros de comunicação” e de aplicação do programa que redigiu para a coligação eleitoral PSD/CDS,.

Afirmando estar contra a privatização da Caixa Geral de Depósitos, que o governo já deveria ter “renegociado” a dívida – chegando a revelar que no próprio projecto de capitulação que negociou com a tróica isso ter ficado previsto, após o primeiro ano de aplicação – e que será necessária uma “remodelação” ministerial logo após a aprovação da Lei Geral do Orçamento de estado para 2013, Catroga julga que, se o governo dos traidores Passos e Portas dominarem melhor as “técnicas de comunicação”, conseguirão melhor mascarar a mentira, a traição e a ocultação dos crimes que as suas políticas indiciam e conseguiriam “dar a volta por cima” à crise política, a exemplo – referiu de forma patética - de um Churchill ou de um Clinton!

Mas, “a verdade como o azeite há-de sempre vir ao de cima”, como diz o ditado popular. As declarações de Catroga têm de ser contextualizadas na preparação que está em curso, por parte do grande capital e do imperialismo, de alternativas para o caso de ser insustentável manter o actual governo. E, quer nos meandros do PSD, quer nos do CDS, já se fazem ouvir muitas vozes críticas às políticas e, sobretudo, à forma e ao “timing” com que são aplicadas – nunca contra o seu conteúdo ou “inevitabilidade”-, como são os casos de Manuela Ferreira Leite ou Marques Mendes, mas, também, do próprio Paulo Portas e alguns dos seus mais fiéis sequazes.

A pretensão da burguesia e do imperialismo é a de reforçar ainda mais, face à luta dos trabalhadores e do povo, o carácter repressivo e contra-revolucionário do governo em funções. O que implica haver uma necessidade de reforçar a mobilização e a organização dos trabalhadores e restantes camadas populares para a realização da próxima Greve Geral Nacional, sendo determinante que essa jornada de luta – e todas as que se entendam necessárias replicar – deve constituir um passo importante para o derrube deste governo de traição, para a expulsão da tróica e para a construção de um governo de alternativa, democrático patriótico.

Uma das consequências da luta dos trabalhadores e do movimento popular, traduz-se no surgimento de contradições no seio do inimigo, a burguesia capitulacionista, seguidista em relação aos interesses imperialistas e capitalistas, seguidismo que levou ao seu empobrecimento. Contradições que sinalizam que está a emergir uma nova relação de forças na sociedade entre o trabalho e o capital, a favor dos primeiros e que urge que as classe trabalhadoras e os seus aliados reforcem a sua unidade e organização para derrubar os interesses que aquela representa.

Bem pode Catroga vir agora afirmar que Passos e Portas deveriam estar “na posse da totalidade da informação”, para melhor poderem aplicar o programa que ele, a mando do então candidato a primeiro-ministro, cozinhou com a tróica germano-imperialista. É que nada do que fizer escamoteará o facto de que este governo foi eleito na base da fuga a respostas simples e directas a questões tão concretas em relação à dívida, tais como, quanto se deve, a quem se deve e porque é que se deve. Este governo tem de ser derrubado, precisamente porque o povo começa a ter consciência de que afinal, e ao contrário do que lhe foi dito, não esteve a viver “acima das suas possibilidades” e não é, seguramente, responsável ou beneficiário desta dívida.

E torna-se cada vez mais claro para a classe operária, os trabalhadores e todas as camadas populares, a necessidade de, em alternativa, se constituir um governo que saberá que a prioridade é dirigir todos os rendimentos obtidos à custa do trabalho, não para os senhores da tróica germano-imperialista, mas para um novo paradigma de economia, ao serviço e controlada pelos trabalhadores, que assegure o acesso à saúde, à educação, à solidariedade social, um novo paradigma de economia baseado na recuperação do nosso tecido produtivo e no aproveitamento da posição geoestratégica única de Portugal, baseado num criterioso e transparente plano de investimentos produtivos que assegure trabalho, riqueza e bem-estar para o nosso povo, ao mesmo tempo que assegura a nossa independência nacional.


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