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BES: Depois dos Contribuintes, os Clientes!...

imagembes 01Quando estoirou, em 30 de Julho de 2014, o resgate do BES foi promovido pelo expediente do fundo de resolução bancária, ainda não aplicado em nenhum país da zona euro. O fundo de resolução foi constituído por uma verba de 4,2 mil milhões de euros, proveniente de dinheiros públicos pagos pelos contribuintes e a estes retirados através do orçamento geral do Estado.

Juntamente com a verba de 700 milhões de euros proveniente de taxas bancárias, o fundo de resolução bancária para resgate do BES alcançou assim o montante de 4,9 mil milhões de euros.

Esta verba foi posta à disposição do Novo Banco, um dos bancos em que ficou dividido o falido BES e para o qual transitaram os activos e passivos não problemáticos do falido.

Na nota que aqui publiquei ontem sob o título Afinal, o Novo Banco Pode Precisar de Mais Capital!..., chamei a atenção dos leitores para o facto de que os 4,9 mil milhões de euros do fundo de resolução não davam para resgatar a parte boa dos activos e passivos do BES, quanto mais para resgatar a parte má, e que, precisamente por isso, a auditora oficial do velho BES, a KPMG, se recusara a assinar as contas semestrais apresentadas pelo chairman do Novo Banco, Vítor Bento.

E, nessa nota, examinámos apenas a rubrica das obrigações de empresas do Grupo Espírito Santo colocadas em clientes de retalho do BES, no montante de cinco mil milhões de euros, acrescidas das despesas de emissão no valor de 467 milhões de euros.

Tudo isto se resume, dizendo que o dinheiro sacado aos contribuintes (4,2 mil milhões de euros) não chega para resgatar a parte boa do banco: o Novo Banco.

Depois de publicada aquela nota, a administração do Novo Banco – Vítor Bento e companhia – veio propor ao governador do Banco de Portugal autorização para não pagar aos clientes de retalho do antigo BES o dinheiro que investiram na aquisição de obrigações do Grupo Espírito Santo e, designadamente, o dinheiro que investiram na aquisição de obrigações das holdings do Grupo, a Espírito Santo Internacional (ESI) e a Rioforte, empresas de que falei no meu estudo sobre o Grupo Espírito Santo.

Bento propõe a Costa a adopção da solução avançada há tempos por Louçã, e que não representa outra coisa senão a legalização do acto criminoso pelo qual o BES vendeu aos seus clientes obrigações das holdings do próprio banco: converter o papel comercial dos clientes do banco em depósitos a prazo no próprio banco (Louçã propunha um assalto ainda maior: converter as obrigações em acções do Novo Banco!...).

Temos assim que, passado mais de um mês sobre a bancarrota do BES e o anunciado resgate da parte boa por um Novo Banco, mediante o expediente da constituição de um fundo de resolução bancário com 4,2 mil milhões de euros em dinheiro dos contribuintes, ainda não está resolvida a magna questão de pagar aos clientes enganados pelo BES o dinheiro que lhes foi roubado através da venda ilegal das obrigações das holdings do próprio banco.

Agora segue-se o segundo roubo aos clientes do retalho: transformar as obrigações em depósito a prazo no Novo Banco. Se assim não for feito, o Novo Banco ficará sem liquidez, a despeito de lhe ter sido passado para a mão um fundo de 4,9 mil milhões de euros. Ou seja, o Novo Banco já está ameaçado de insolvência…

E sabem o que irá acontecer depois da transformação das obrigações em depósitos a prazo? Não sabem, mas eu digo-vos: o sistema bancário só responde por depósitos a prazo até ao valor de 100 000 (cem mil euros) por cada depositante. Depois de convertidas as obrigações em depósitos a prazo, o Novo Banco deixará de pagar tudo o que exceda 100 000 euros nos seus depósitos a prazo…

O que está em curso no Novo Banco de Vítor Bento é uma expropriação bancária – um verdadeiro confisco – dos clientes do BES que adquiriram aquelas referidas obrigações.

É tudo uma corja de gatunos! E ninguém prende esta gente… E nem a esquerda parlamentar exige, como se imporia, a nacionalização imediata de todo o Grupo Espírito Santo.


Espártaco


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